Capítulo 5
Outra voz ecoa pela noite. "Chega," brada o senhor dos dragões que observava a multidão de mulheres, mas ele gritou tarde demais. Estremeço ao ouvir o assobio do chicote antes do estalo, preparando-me para o impacto. Só que ele não vem. Ouço o chicote cortando a carne, mas não é a minha.
Arrisco olhar para cima quando ouço um suspiro coletivo da multidão. Levantando os olhos levemente, vejo o senhor dos dragões ao meu lado e posso ver seu braço musculoso estendido ao meu lado. O chicote está enrolado firmemente em seu braço. Ele agarra o chicote com a mão, puxando o homem que o segurava em sua direção. O homem tropeça, caindo aos seus pés, seus olhos aterrorizados nos encarando.
"Desculpe, meu senhor. Eu não ouvi você," ele balbucia.
Ouço um rosnado predador vindo do fundo do peito do senhor dos dragões antes de ver seu pé descer sobre a cabeça do vampiro. O sangue espirra quando sua cabeça é esmagada no chão. Luto contra a vontade de vomitar ao ver seus miolos espalhados no chão aos meus pés. Sinto a bile queimando a parte de trás da minha garganta enquanto desvio o olhar dele.
Um silêncio ensurdecedor cai sobre a multidão, e posso sentir os olhos de todos em mim, chocados com o que acabou de acontecer. O Rei Dragão se vira e eu desvio meu olhar de volta para o chão, sentindo seus olhos me perfurando.
Sua voz profunda e rouca segue. "Olhe para mim," ele ordena, e eu me encolho com a raiva em suas palavras. Ele agarra meu cabelo, puxando minha cabeça para trás. Fecho os olhos, respirando através da dor que queima meu crânio enquanto sinto meu cabelo sendo arrancado.
"Eu disse olhe para mim," ele rosna novamente. Sinto a menina pequena tremendo, agarrada à minha perna. Abro os olhos lentamente, encontrando os mesmos olhos hipnóticos dourados de cobra do homem com quem esbarrei na rua. Ele examina meu rosto antes de soltar meu cabelo. Meus olhos instantaneamente voltam para o chão.
"Tire-os," ele diz, sua voz desafiando-me a desobedecer.
"O quê?" sussurro, confusa.
"As lentes de contato; tire-as agora." Balanço a cabeça de um jeito suplicante, sabendo que se eu fizer isso, serei morta instantaneamente.
"Tire-as ou eu tiro," ele resmunga, agarrando meu braço. Gemo com sua voz áspera ecoando na escuridão, fazendo-me tremer. Lentamente levanto os dedos e, uma por uma, tiro as lentes de contato, revelando meus olhos violetas brilhantes. Ele agarra meu queixo, forçando meus olhos a encontrarem os dele.
Ouço todos ofegarem antes de ouvir murmúrios pela multidão. "Fada."
"Ela é uma Fada." Todos os olhos estão nos meus, que sei que estão brilhando fluorescentes na noite. Brilhando intensamente como um farol de ametista.
"Silêncio," o homem grita para a multidão. O burburinho morre instantaneamente com suas palavras.
"Eu sabia que senti uma Fada quando você esbarrou em mim." Seus lábios estavam próximos ao meu ouvido, seu hálito frio enviando arrepios pela minha espinha enquanto ele se aproxima. Ele se inclina, inalando meu cheiro, e posso sentir seus lábios quase tocando a pele na curva do meu pescoço.
"Você vem comigo," ele sussurra, me agarrando e puxando em direção ao antigo castelo de arenito. Era enorme, algo saído de um conto de fadas, só que escuro e coberto de neve, as vinhas crescendo ao longo dos lados pareciam cobras, morrendo de frio e as altas paredes de arenito manchadas por falta de manutenção adequada. Luto, tentando me libertar de seu aperto. Ele olha para um dos guardas que passamos.
"Mate o resto," ele ordena, e o caos se instala. Todas as vozes das mulheres começam a gritar, ecoando pela noite com suas palavras. O medo era tão pungente que eu podia sentir e saborear, enquanto os guardas se aproximavam, cercando-as e prendendo-as, sem deixar para onde correr.
"Não, por favor, elas não fizeram nada," imploro enquanto luto contra ele. Ele para e olha para mim e eu me encolho sob seu olhar, sabendo que não deveria falar fora de hora, especialmente com um Rei Dragão.
Ele agarra meu rosto, fazendo-me olhar para ele.
"Por favor, eu farei qualquer coisa que você quiser, só não machuque elas," imploro. Lágrimas rolam pelo meu rosto enquanto olho para as mulheres atrás de mim, implorando por suas vidas. Todas me encarando, medo em seus olhos enquanto todos os guardas congelam esperando sua resposta. Seu polegar desliza sobre meu lábio inferior, e um sorriso se forma em seus lábios.
"Qualquer coisa?" ele pergunta, puxando suavemente meu lábio inferior com o polegar. Meus olhos se movem de volta para a multidão atrás dele, antes de olhar para a menina pequena ainda agarrada à minha camisa. O medo em seus olhos faz uma lágrima escorrer dos meus, todas implorando para que eu concorde com o que quer que ele queira de mim.
"Sim, qualquer coisa," sussurro, sentindo-me derrotada. Ele sorri, e posso ver todos os seus dentes perfeitamente brancos brilhando de volta para mim. Estudo seu rosto. Ele tem um brilho maligno nos olhos, como se estivesse olhando para sua presa. Lábios cheios e maçãs do rosto altas com um queixo firme. Ele parece a reencarnação de um deus, forte e bonito, mas eu sei que ele é o diabo disfarçado.
"Deixe-as ir," ele ordena, levantando a voz, seus olhos não deixando os meus. Estremeço ao pensar em ficar sozinha com esse homem grande e ameaçador. Ouço a menina pequena soluçar ao meu lado, o que faz o homem focar seu olhar nela. Empurrando-a para trás de mim com a mão, seus olhos voltam para os meus, um sorriso malicioso brincando em seus lábios.
"Ela vem também," ele diz, sem deixar espaço para discussão, não que eu ousasse argumentar. Ouço todos correndo para fora dos portões do castelo antes que ele mude de ideia. Antes de ouvir os portões de metal se fecharem ruidosamente, o aço geme enquanto a tranca se encaixa no lugar. Ele puxa meu braço, me arrastando em direção ao castelo. Tochas estão acesas ao longo do caminho enquanto caminhamos em direção a ele. A única luz vem das lanternas ao lado das enormes portas duplas pesadas que levam para dentro do castelo.
O interior é muito diferente das ruas abandonadas do lado de fora. O interior é quente e ricamente decorado com tons de vermelho profundo e dourado, as paredes de pedra são altas. Lustres enormes pendem do teto, iluminando o ambiente. Passamos por uma sala enorme forrada com prateleiras de livros e uma lareira gigantesca com uma mesa no centro. O lugar cheira a velas e incenso, fazendo-me torcer o nariz, pois não estou acostumada aos aromas de lavanda.
Ele caminha por um corredor antes de nos levar para cima de algumas escadas. Meus pés fazem barulho nos degraus de pedra enquanto subimos. Ele me puxa até uma porta e a abre, revelando um quarto. Uma enorme cama com dossel está no meio, com gaze preta pendurada no topo.
O quarto é decorado como o resto do castelo. Há cobertores grossos e escarlates na cama, uma chaise preta no canto, e enormes tapetes de pele preta cobrem o chão de pedra. Ele me solta, deixando-me parada no meio do quarto em frente a outra lareira que é mais alta do que eu. O calor é um alívio bem-vindo depois de passar horas no frio. No entanto, sinto-me mais aterrorizada do que nunca. Ele cruza os braços sobre seu peito musculoso e volumoso.
Outro homem entra no quarto, sua pele da cor de mocha com olhos de ônix escuros. Seu peito está nu, revelando seu corpo musculoso e abdômen que parecem esculpidos em pedra, uma linha em V profunda desaparecendo na cintura de suas calças. Ele sorri ao entrar, notando-me. Posso dizer que ele não é um Dragão, mas um Lycan, o que me deixa confusa. Apenas os Reis Dragões vivem no castelo com seus escravos, então por que esse homem estava ao lado de um Dragão?
"Você a encontrou," diz o Lycan, sua voz é sedosa e profunda com um leve sotaque que não reconheço. Ele sorri, revelando seus dentes afiados. Enquanto seus olhos me examinam de cima a baixo, dou um passo para trás, sentindo meu coração bater mais rápido no peito. Ele dá um passo à frente, cruzando os braços sobre o peito. Ambos estão parados sobre mim.
"Tire a roupa," diz o Rei Dragão. Balanço a cabeça, não querendo remover minhas roupas sob os olhares atentos e cheios de desejo deles.