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É preciso um para conhecer um

POV de Astrid

Jason passou a mão pelo cabelo, com a frustração estampada no rosto. “Eu vou explicar,” ele murmurou.

Killian, parado ao lado dele com um sorriso debochado, cruzou os braços. “Ah, é melhor você explicar,” ele provocou.

Eu me virei para Killian com uma sobrancelha arqueada. “Desculpa, pode calar a boca?”

Jason ficou tenso, e o sorriso de Killian se alargou como se ele tivesse acabado de descobrir seu novo brinquedo favorito. “Caramba, Jason,” ele soltou um assobio baixo. “Você tem uma rude aqui.”

Eu revirei os olhos. “E você tem uma boca irritante.”

Killian apenas riu. Ele parecia completamente despreocupado, como se estivesse gostando dessa troca de farpas. Jason, por outro lado, estava apertando a ponte do nariz, parecendo que se arrependia de suas escolhas de vida.

“Vamos apenas para casa e conversamos,” Killian sugeriu, empurrando o carro como se tivesse todo o tempo do mundo.

“Eu não quero ir a lugar nenhum com você,” eu retruquei.

“Como quiser.” Killian deu de ombros e se virou para Jason. “Vou explicar tudo para ela bem aqui no meio da rua. Espero que não se importe.”

Jason ficou tenso ao meu lado, lançando-lhe um olhar de advertência. Eu podia perceber que o que eles estavam prestes a dizer não era algo que pessoas aleatórias deveriam ouvir. Eu gemi. “Ok. Mas eu não vou ficar muito tempo.”

Com isso, eu caminhei até o carro de Jason e entrei. Fiquei quieta durante todo o trajeto, com os braços cruzados sobre o peito enquanto olhava pela janela. Jason continuava me lançando olhares como se quisesse dizer algo, mas eu o ignorei. Eu ainda estava irritada.

Em vez disso, peguei meu telefone e mandei uma mensagem rápida para minha mãe:

Oi, vou chegar mais tarde. Não me espere.

Nem chequei a resposta dela antes de guardar o telefone.

Quando chegamos à mansão deles, eu franzi a testa. A casa deles era enorme. Eu já tinha ido à casa de Jason antes, mas nunca nessa parte da propriedade. A entrada sozinha era ridícula. Quem precisa de tanto espaço?

Killian caminhou à frente, com as mãos nos bolsos, parecendo que era o dono do lugar—o que, considerando o evidente ressentimento de Jason em relação a ele, provavelmente era.

Jason me levou até seu quarto, onde finalmente me virei, com os braços cruzados. “Certo, comece a falar.”

Jason suspirou e sentou na beira da cama. “Astrid… olha, desculpa pelo que aconteceu hoje. Bianca passou dos limites, e eu deveria ter dito algo antes.”

Eu bufei. “Claro que deveria. Você ficou lá parado como um manequim enquanto sua namorada falava besteira.”

Ele se encolheu, esfregando o rosto. “Eu sei, tá? Eu estraguei tudo.”

Killian, que estava encostado na parede, soltou um risinho. “Eufemismo do ano.”

Jason lhe lançou um olhar, mas o ignorou.

Eu estreitei os olhos. “E já que estamos nisso, vamos falar sobre outra coisa que você falhou em mencionar.” Eu apontei um dedo para Killian. “Quem diabos é esse?”

Jason exalou pesadamente, claramente relutante. “Meu irmão.”

Eu pisquei. “Irmão??”

“Isso mesmo.” Killian estalou o ‘p’ e sorriu para mim como se tivesse acabado de ganhar na loteria.

Eu olhei para Jason, esperando que ele continuasse. Ele parecia que preferia estar em qualquer outro lugar, menos ali. “E você nunca me contou porque…?”

Jason murmurou algo sob sua respiração e passou a mão pelo cabelo.

Killian sorriu, claramente gostando da situação. “Ah, isso vai ser bom.”

Jason lhe lançou um olhar antes de suspirar. “Killian sempre foi o favorito do nosso pai.” Seu tom era amargo, quase ressentido. “Ele era o que estava sempre no centro das atenções, sempre viajando, sempre o ‘filho de ouro’. Enquanto isso, eu era apenas—” ele gesticulou vagamente para si mesmo.

Killian colocou uma mão sobre o peito de forma zombeteira. “Ah, não seja tão duro consigo mesmo, irmãozinho.”

Jason apertou a mandíbula e se virou para mim. “Eu não te contei sobre ele porque pensei que ele nunca iria voltar.”

“Por que ele não voltaria?” eu perguntei, franzindo a testa.

Killian riu. “Porque eu tenho uma alcateia me esperando.”

Isso me fez parar. Eu o encarei, não tendo certeza se ouvi direito. “Uma o quê?”

Jason gemeu, esfregando o rosto como se isso fosse a última coisa que ele queria lidar. “Killian…”

Killian se afastou da parede e sorriu. “Você nunca contou para ela?”

“Contou o quê?” eu exigi, olhando entre eles.

Jason soltou um suspiro áspero, lançando um olhar de raiva para Killian. “Não é tão simples assim.”

Killian revirou os olhos. “Realmente não é tão difícil.”

Jason fechou os punhos. “Então conta logo pra ela!”

Killian se virou para mim com um sorriso lento e divertido. “Certo,” ele disse.

E foi aí que meu mundo estava prestes a virar de cabeça para baixo.

Killian se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos, com um olhar orgulhoso, quase arrogante no rosto. “Eu sou um Alpha.”

Eu pisquei para ele, sem estar impressionada. “Alpha de quê?”

Jason gemeu como se já soubesse onde isso ia dar, mas o sorriso de Killian se alargou. "Uma matilha de lobisomens."

Silêncio.

Eu apenas olhei para ele, esperando que ele dissesse que estava brincando.

Quando ele não disse, soltei uma risada aguda. "Ah, você está falando sério?"

Killian sorriu de lado. "Muito sério. E seu namorado ali também." Ele apontou o queixo em direção a Jason.

Eu bufei. "Ele não é meu namorado."

Killian fez um aceno exagerado. "Certo, certo, só seu querido."

Revirei os olhos, resistindo à vontade de chutá-lo. "Então, deixa eu ver se entendi. Vocês dois são lobisomens? Lobisomens de verdade, que uivam para a lua e se transformam em uma bola de pelo gigante?"

Killian riu. "É um pouco mais complicado que isso, mas sim."

Eu me virei para Jason. "E você estava escondendo esse pequeno detalhe de mim?"

Jason coçou a nuca. "Eu ia te contar."

Killian soltou um grunhido. "Sim, muito convincente, irmãozinho."

Jason lançou um olhar fulminante para ele, mas não disse nada.

Cruzei os braços. "E você—o quê? Governa uma matilha?"

Killian sorriu. "Exatamente. Eu sou o Alfa. Jason vai assumir outra matilha quando chegar a hora."

Olhei para os dois, então soltei uma risada aguda. "Ah, isso é ouro. Vocês realmente esperam que eu acredite nisso?"

Nenhum deles disse nada.

"Oh meu Deus, vocês esperam." Soltei outra risada, balançando a cabeça. "Essa noite só fica melhor e melhor."

Killian inclinou a cabeça. "O que você quer dizer?"

Soltei um suspiro, minha frustração transbordando. "Primeiro, tive um dia horrível na escola porque a maldita namorada do Jason e suas seguidoras decidiram falar besteira. Depois, isso aconteceu." Apontei para eles. "E além disso, estou tendo pesadelos—pesadelos estranhos."

Os olhos de Jason se estreitaram. "Que tipo de pesadelos?"

Eu hesitei, então suspirei. "É sempre o mesmo. Tem um lobo. Um enorme. Ele está me observando, me perseguindo. E ontem à noite..." Engoli em seco. "Ontem à noite, ele me pegou."

Jason e Killian trocaram um olhar.

Eu os ignorei e continuei. "Quando acordei, tinha uma marca na minha mão. Eu sei que tinha. Mas então olhei de novo, e ela simplesmente... sumiu. Como se tivesse cicatrizado durante a noite."

Killian soltou um assobio baixo. "Huh."

Joguei as mãos para o alto. "Sim. Huh. Então, claramente, ou estou perdendo a cabeça, ou todo mundo ao meu redor é ridiculamente louco. Neste ponto, estou inclinada para a segunda opção."

Então, com todo o sarcasmo do mundo, me virei para Killian e lhe dei um sorriso dramático. "Bem-vindo ao clube!"

Girei, encarando Jason. "E boa noite."

Já estava indo em direção à porta quando Jason agarrou meu pulso, seu aperto firme mas cuidadoso. "Astrid, espera. E se seus pesadelos não forem apenas pesadelos?"

Eu parei, mas não me virei.

Killian soltou um hum pensativo. "Sim, e se eles forem mais como... visões?"

Exalei com força e puxei meu braço. "Sabe de uma coisa? Eu não me importo." Balancei a cabeça. "Estou indo para casa."

Jason parecia querer me parar, mas Killian deu um tapinha nas costas dele. "Deixa ela ir. Ela vai entender."

Não esperei ouvir mais nada. Saí furiosa da casa, batendo a porta atrás de mim.

Loucos. Todo mundo ao meu redor era louco.

POV de Jason

No segundo em que a porta bateu atrás de Astrid, soltei um suspiro frustrado e passei a mão pelo cabelo.

Killian, claro, estava sorrindo como se tudo isso fosse entretenimento para ele. Ele se encostou na minha mesa, braços cruzados. "Ela é uma de nós."

Eu bufei. "Impossível."

Killian soltou um suspiro dramático. "Ah, pelo amor de Deus, Jason. Você quer ser burro esta noite, ou vai realmente pensar?"

Lancei um olhar fulminante para ele, mas ele apenas sorriu de lado.

"Ela literalmente nos disse que está tendo visões," ele continuou, contando nos dedos. "Um lobo perseguindo ela? Marcas que aparecem e depois desaparecem durante a noite? Cicatrização em uma velocidade anormal? Te lembra alguma coisa?"

Cerrei o maxilar. "Não é suficiente para acreditar."

Killian bufou. "É mesmo? Então o que seria suficiente? Ela crescer presas e uivar para a lua?"

Eu não respondi. Porque no fundo, eu sabia. Eu sentia. Algo sobre Astrid sempre foi diferente. E agora, com tudo o que ela acabou de nos contar...

Killian deu um tapinha no meu ombro, seu sorriso suavizando apenas um pouco. "Você vai ver em breve, irmãozinho."

Exalei, balançando a cabeça. "Bem-vindo de volta, Killian."

Ele sorriu. "Sentiu saudades?"

"Nem um pouco."

Ele riu e se afastou da mesa. "Te vejo na escola amanhã, então."

Nem me dei ao trabalho de responder enquanto ele saía do meu quarto, assobiando como se não tivesse acabado de jogar minha noite inteira no caos.

Me joguei na cama, olhando para o teto.

Astrid, uma lobisomem? Não.

Impossível.

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