




Killian
ASTRID POV
Entrei na academia furiosa, ainda fervendo de raiva. Meu sangue estava fervendo, minha mandíbula travada. Bianca realmente me provocou hoje, e Jason ficou lá parado como uma estátua? Foi a gota d'água.
Eu precisava bater em alguma coisa.
Coloquei minhas luvas e fui direto para o saco de pancadas, desligando-me do mundo enquanto lançava golpe após golpe. Meus músculos queimavam, mas eu acolhia a dor. Era melhor do que pensar em Jason. Melhor do que ouvir a voz de Bianca ecoando na minha cabeça.
Mas, é claro, o universo não tinha terminado de me testar.
Um aplauso lento ecoou pela academia, cortando o som rítmico dos meus punhos batendo no saco. Eu não precisava me virar para saber quem era.
As seguidoras de Bianca.
Soltei um suspiro lento, tentando ignorá-las, mas elas não deixaram.
“Uau, olha ela aí,” uma delas zombou. “Talvez se você bater nesse saco com força suficiente, Jason finalmente vai notar você.”
Eu congelei por meio segundo antes de sacudir a cabeça. Não vale a pena.
“Ou talvez,” outra voz entrou na conversa, doce como mel, “ela esteja tentando liberar toda aquela frustração reprimida. Pobre coitada. Deve ser difícil ver outra pessoa ter o que você quer.”
Cerrei os punhos, mas ainda não reagi. Elas queriam me deixar com raiva. Queriam que eu perdesse o controle.
Então uma delas me empurrou.
Não foi forte, só o suficiente para me fazer recuar um passo. O suficiente para me testar.
Exalei profundamente, forçando-me a manter a calma.
Outro empurrão. Dessa vez no meu ombro.
Algo dentro de mim quebrou.
Antes que eu pudesse pensar, meu corpo se moveu sozinho—rápido, muito rápido. Um segundo, elas estavam lá, rindo, e no próximo, estavam no chão, gemendo de dor.
Pisquei, minha respiração saindo em curtos intervalos.
O que diabos acabou de acontecer?
Eu nem bati nelas com tanta força... bati?
Eu bati nelas?
Passos se aproximaram, e eu me virei para ver Jason parado lá, olhando.
Seu rosto estava inexpressivo, seus olhos azuis fixos em mim como se estivesse me vendo pela primeira vez.
“Há quanto tempo você consegue fazer isso?” Sua voz estava calma, mas havia algo mais por baixo dela. Algo quase... cauteloso.
Eu dei uma risada sarcástica, ainda sentindo a adrenalina. “Isso se chama taekwondo, gênio. Eu treino há anos.”
Mas Jason não parecia convencido. Seu olhar alternava entre mim e as duas garotas no chão, suas sobrancelhas franzidas como se estivesse tentando entender algo.
Como se eu tivesse feito algo impossível.
Eu estreitei os olhos. “Por que você está me olhando assim?”
Jason não respondeu imediatamente. Sua mandíbula estava tensa, suas mãos se fechando em punhos ao lado do corpo.
E então eu vi.
Medo.
Não por mim.
De mim.
Meu estômago se revirou, mas eu empurrei o sentimento para baixo. Ainda estava com raiva dele, e toda essa conversa só estava me deixando mais irritada.
Então fiz a única coisa que pensei.
Passei por ele, empurrando seu ombro enquanto me afastava.
“Vai se ferrar.” Murmurei
Atrás de mim, sua voz chamou, baixa e tensa.
“Astrid—”
Eu não parei.
As seguidoras ainda estavam no chão, gemendo de dor.
Jason ficou lá parado, me observando ir embora.
JASON POV
O que diabos acabou de acontecer?
Fiquei lá, olhando para as seguidoras de Bianca se contorcendo no chão, mas minha mente não estava nelas. Estava em Astrid.
Ela se moveu rápido demais. Forte demais. Aquilo não era só taekwondo—de jeito nenhum. Eu a vi treinar por anos, mas isso... isso era outra coisa.
Meu coração disparou enquanto eu olhava ao redor, procurando por ela, mas ela já tinha desaparecido. Claro que tinha. Ela sempre fugia quando estava irritada.
Eu xinguei baixinho e saí correndo atrás dela, empurrando as portas da academia. Mas quando cheguei lá fora, não havia sinal dela.
Ela tinha ido embora.
Astrid POV
Eu fiquei tão irritada que não queria ficar perto de Jason ou mesmo da escola, então saí da escola e peguei um táxi para casa.
No momento em que entrei pela porta da frente, minha mãe levantou os olhos do sofá, arqueando uma sobrancelha.
“Dia ruim já?”
Dei uma risada sem humor, chutando meus sapatos. “Algo assim,” murmurei antes de ir direto para o meu quarto.
Não me preocupei em parar, não me preocupei em explicar. Eu só precisava de espaço.
Assim que entrei, arranquei minha jaqueta e fui direto para o banheiro. A água fria bateu no meu rosto, lavando o calor da minha frustração, mas minha mente ainda estava repassando tudo o que havia acontecido.
A maneira como me movi na academia. A maneira como virei aquelas garotas como se elas não pesassem nada.
Isso não era normal.
E então havia os pesadelos. Os mesmos que me atormentavam noite após noite. Aqueles que eu não tinha contado para o Jason—não que eu tivesse tido a chance. Ele estava ocupado demais com sua maldita namorada.
Suspirei, passando a mão pelo rosto. Talvez eu estivesse apenas estressado. Talvez eu estivesse pensando demais em tudo.
Mas quando olhei para o pequeno arranhão na minha mão—aquele que eu tinha certeza que ganhei quando cambaleei para trás—congelei.
Ele tinha desaparecido. Completamente curado.
Pisquei. Que diabos—
Não. De jeito nenhum.
Balancei a cabeça, forçando uma risada. "Estou alucinando," murmurei para mim mesmo. Essa era a única explicação. Falta de sono. Estresse. Tudo isso mexendo com minha cabeça.
Empurrando o pensamento para longe, voltei para meu quarto e me joguei na cama com um suspiro pesado.
~~~~
A noite havia se instalado, lançando um brilho suave sobre a sala de estar enquanto eu estava no sofá com minha mãe. A TV estava ligada, mas eu não estava realmente assistindo. Minha mente ainda estava presa nos eventos do dia—a luta, a maneira como me movi, a maneira como me curei rápido demais.
Mal ouvi meu telefone vibrar na mesa.
Peguei-o, apertando os olhos para a tela.
Jason: Precisamos conversar. Venha para fora.
Revirei os olhos tão forte que quase vi meu cérebro.
Sério?
Depois de tudo que aconteceu, ele teve a audácia de me mandar uma mensagem assim? Bufei, levantando-me do sofá. "Eu já volto," murmurei para minha mãe. Ela me deu um olhar questionador, mas eu já estava indo para a porta.
Lá fora, Jason estava perto da calçada, com o capuz puxado, mãos enfiadas nos bolsos. Ele parecia desconfortável, como se não quisesse estar ali tanto quanto eu não queria.
"Sério?" zombei, cruzando os braços enquanto me aproximava dele. "Você está me chamando no meio da noite para quê, exatamente?"
Ele suspirou, olhando para o pavimento antes de encontrar meu olhar. "Eu só queria pedir desculpas."
Soltei uma risada seca. "Ah, agora você quer pedir desculpas?" Dei um passo mais perto, cutucando seu peito com o dedo. "Você simplesmente ficou lá, Jason! Você deixou sua namorada falar comigo como se eu não fosse nada. Você não disse uma palavra!"
Jason estremeceu, mas não disse nada.
Eu podia sentir meu sangue fervendo novamente. "Depois de tudo, depois de todos esses anos—como você pôde simplesmente ficar lá e deixar isso acontecer?" Minha voz aumentava a cada palavra, frustração e raiva se misturando em algo que eu mal conseguia controlar.
Jason abriu a boca, mas antes que pudesse responder, um carro preto elegante parou ao nosso lado, faróis cortando a escuridão.
Nós dois congelamos, virando-nos para ele.
O motor desligou. A porta se abriu.
E dele saiu ELE.
Alto. Ombros largos. Vestido com jeans escuro e uma camisa justa que se agarrava ao seu corpo como se fosse feita para ele. Seu cabelo era uma mistura bagunçada de marrom escuro e claro, despenteado como se ele tivesse acabado de passar a mão por ele. Mandíbula afiada, maçãs do rosto altas e olhos verdes penetrantes que pareciam brilhar sob a luz da rua.
Ele bateu a porta, telefone na mão, olhando direto para Jason com um sorriso.
"Ainda bem que consegui te rastrear," disse suavemente, sua voz rica e confiante. "Você deveria estar em casa, irmãozinho."
Pisquei. O quê?
Jason ficou rígido ao meu lado.
"Irmão?" soltei, virando a cabeça para Jason.
Jason parecia tão chocado quanto eu. "Killian!?"
O cara—Killian—riu, mudando seu olhar para mim pela primeira vez. Seus lábios se curvaram em um sorriso lento e conhecedor.
"Ótimo," disse, inclinando a cabeça. "Você não contou para sua namorada que tem um irmão mais velho? Aposto que não se orgulha de mim."
Virei de volta para Jason, olhos arregalados.
"Você tem um irmão?"