




Capítulo 5: Verdade ou desafio
"Devo?"
A confusão no rosto dele era quase cômica. Esse não era o roteiro que ele havia escrito na sua cabeça.
"Sable." Sua voz ficou mais baixa. "Eu sei o que você está pensando."
"Sabe mesmo?"
"Você está chateada por causa da Camila. Por causa do que as pessoas podem dizer."
Terminei meu vinho. "Você está chateado com alguma coisa?"
"Não, eu só..." Ele procurava as palavras. "Achei que você poderia estar se sentindo... não sei. Com ciúmes?"
"Por que eu estaria com ciúmes?"
A pergunta ficou pairando entre nós. Darrell me olhou como se eu tivesse criado uma segunda cabeça.
"Porque..." Ele gesticulou vagamente em direção à Camila que estava rindo com Marcus. "Por causa de como as coisas pareciam."
"Como elas pareciam?"
"Porra, Sable." Sua voz se quebrou de frustração. "Cadê o fogo? Cadê a briga? Por que você não está..." Ele se interrompeu.
"Por que eu não estou o quê?"
Ele não disse nada. Mas eu sabia o que ele queria dizer. Por que você não está desmoronando? Por que você não está me dando as emoções bagunçadas que eu posso manipular?
Por três anos, ele contou com minha insegurança. Minha necessidade desesperada de sua aprovação. Meu medo de perdê-lo.
Hoje à noite, ele estava olhando para um estranho.
"Quer continuar jogando?" Eu gesticulei em direção ao grupo que estava se reformando ao redor da mesa de centro.
"Sim." Sua voz saiu rouca. "Claro."
A garrafa girou novamente, desta vez parando na Camila. Ela bateu as mãos juntas como uma criança encantada.
"Verdade ou desafio?" Emily perguntou.
"Desafio, obviamente." O sorriso de Camila poderia iluminar a cidade. "Eu nunca recuso um desafio."
Alguém gritou sugestões. Outros riram e pediram algo escandaloso. Mas foi Ryan quem deu o golpe fatal.
"Beije qualquer cara nesta sala. Sua escolha."
A sala explodiu em assobios e gritos. Camila se levantou graciosamente, seus quadris balançando enquanto ela avaliava suas opções. Todos os olhos masculinos seguiam seu movimento.
"Que escolhas difíceis." Ela mordeu o lábio inferior em um exagerado show de consideração. "Eles são todos tão bonitos."
Darrell estava rígido ao meu lado. Suas mãos cerradas em punhos sobre suas coxas.
Camila caminhou lentamente ao redor do círculo, pausando atrás da cadeira de cada homem. Quando ela chegou em Darrell, seus dedos deslizaram sobre seus ombros.
"Tentador," ela murmurou.
Sua respiração ficou irregular. O som enviou gelo pelas minhas veias.
Mas então ela continuou, seguindo seu circuito até chegar em Marcus. Ela parou atrás da cadeira dele e colocou ambas as mãos em seus ombros.
"Você será perfeito."
Marcus sorriu e se virou em seu assento para encará-la. "Minha noite de sorte."
Foi quando Darrell explodiu.
"Não."
A única palavra ressoou pela sala como um chicote. Ele se levantou tão rápido que sua cadeira arrastou para trás.
"O jogo acabou."
Os olhos de Camila se arregalaram com falsa inocência. "Mas Relly, é só um jogo."
"Eu disse não." Ele cruzou até ela em três passos rápidos e agarrou seu pulso. "Estamos indo embora."
"Ei!" Marcus protestou. "Ela me escolheu de forma justa."
Darrell virou-se para ele com autoridade de Alfa brilhando. "Toque nela e eu quebro seu pescoço."
A ameaça silenciou todas as vozes na sala. Camila permitiu ser puxada, mas eu vi o sorriso satisfeito que ela achou que ninguém veria.
Eles se dirigiram para as escadas que levavam aos quartos privados. O aperto de Darrell em seu pulso era possessivo, reivindicando.
"Onde vocês vão?" A pergunta escapou antes que eu pudesse parar.
Darrell parou sem se virar. "Para conversar. Em particular."
A porta no andar de cima bateu com finalidade.
Eu alcancei outra taça de vinho com mãos firmes. O grupo ficou paralisado, incerto de como processar o que testemunharam.
Então Lisa Morrison começou a rir.
"Bem, isso foi espetacular pra caralho." Ela levantou seu drink em um brinde zombeteiro. "Nosso Alfa finalmente parou de fingir."
"Pobre Sable." A voz de Ryan gotejava falsa simpatia. "Sendo abandonada na festa de reencontro do próprio namorado."
"Tecnicamente é a festa da Emily," eu corrigi.
"Não importa de quem é a festa." Jennifer se inclinou para frente com alegria maliciosa. "O que importa é com quem Darrell escolheu sumir."
"E com certeza não foi com a namorada que mora com ele," Tommy acrescentou.
Os membros da matilha explodiram em risadas cruéis. Eu sorvi meu vinho e deixei eles se divertirem.
"Isso é melhor que reality show," Lisa continuou. "Ver a falsa Luna ser substituída em tempo real."
"Substituir implica que ela algum dia teve a posição," Marcus disse. "Ela sempre foi só uma substituta temporária."
"A namorada de prática," Ryan concordou. "Mantendo a cama aquecida até a verdadeira mulher voltar para casa."
Os olhos de Jennifer brilharam com malícia. "Aposto que ela achava que realmente importava. Três anos brincando de casinha e ela provavelmente acreditou na própria fantasia."
"A ilusão é forte nessa aí," Tommy gesticulou na minha direção. "Ainda sentada aqui como se pertencesse."
Eu finalmente me levantei e saí.
A porta do banheiro se fechou atrás de mim com um clique suave. Consegui chegar ao box mais próximo e trancar a porta antes que a primeira lágrima caísse.
Sentei no assento do vaso fechado e enterrei meu rosto nas mãos. A maquiagem perfeita, o vestido caro, os sapatos de trinta mil dólares – nada disso importava. Eu parecia bem-sucedida por fora, mas por dentro estava desmoronando.
Meu peito parecia esmagado, como se alguém tivesse alcançado dentro e apertado até tudo que era importante parar de funcionar.
Três anos acreditando que eu significava algo.
Pressionei as palmas contra os olhos, tentando parar as lágrimas. Foi quando ouvi a porta do banheiro abrir e vozes entrando.
A voz de Jennifer soou claramente. "Meu Deus, você viu a cara dela quando Darrell escolheu Camila?"
"Inestimável," outra voz concordou. "Achei que ela realmente fosse chorar."
"Pena que não chorou. Teria sido o final perfeito para esse espetáculo de merda."
Eu congelei.
"Três anos fingindo ser material de Luna," Jennifer continuou. "Finalmente recebendo o choque de realidade que merecia."
"Darrell nem tentou esconder," a segunda voz riu. "Apenas pegou Camila e saiu andando como se Sable fosse mobília."
"Porque é tudo que ela sempre foi. Mobília cara que por acaso tem peitos."
As risadas delas ecoaram nos azulejos do banheiro.
"Dou uma semana antes de ele expulsá-la completamente," Jennifer disse. "Por que ficar com a imitação quando você tem o original de volta?"
"Pobre garotinha órfã. Sem lugar para ir, sem família para correr para casa."
"Talvez ela encontre outro Alfa para sugar. Embora depois de hoje à noite, boa sorte com isso. Todo mundo sabe que ela é só uma substituta usada agora."
Minhas mãos tremiam enquanto as pressionava contra a boca para não fazer nenhum som. Elas não tinham ideia de que eu estava ali.
Me deixe sair, Esme rosnou na minha mente. Me deixe arrancar suas gargantas fora.
Não.
Elas estão nos insultando! Nossa honra! Reaja!
Qual é o ponto? Fechei os olhos contra a raiva queimando no meu peito. Elas não estão erradas.
Elas ESTÃO erradas! A fúria de Esme ardia mais forte. Nós somos fortes! Nós somos dignas! Mostre a elas o que acontece quando nos desrespeitam!
E provar exatamente o quê? Pressionei mais forte contra minha boca enquanto outra onda de risadas cruéis ecoava do lado de fora. Que eu sou a bagunça emocional instável que elas pensam que eu sou?
Melhor do que ser a vítima delas.