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Prólogo

Serena POV.

Já era tarde quando minha mãe sussurrou aquelas palavras para mim, sua voz tremendo de urgência enquanto me acordava.

“Corra, Serena. O Alfa está procurando por você. Ele quer te machucar, minha querida.”

“P- por quê? Eu não fiz nada…” eu murmurei.

Eu sabia exatamente por que o Alfa Pedro me odiava, por que todos em nossa alcateia também me odiavam. Eu fui a causa da queda de nossa família. Meu pai foi um Gamma da alcateia e um forte guerreiro, e minha mãe também era respeitada, mas tudo isso mudou quando descobriram que eu não tinha um companheiro. A única coisa que era mais importante em nosso mundo.

Para eles, eu era amaldiçoada. Eu não tinha um lobo. Parecia que eu era uma flor tardia no início, mas mais de 5 anos se passaram, e ainda nada. Outros membros da alcateia encontravam seus lobos em idades muito jovens, mas eu ainda não. Mesmo na noite do meu aniversário de 18 anos, quando esperava que meu eu mais forte, meu lobo, se manifestasse, ainda não aconteceu, e então, todos desenvolveram ódio por mim.

Nada além de forte hostilidade em relação a mim.

Eles me tornaram diferente e queriam que eu me isolasse deles, mas mais do que isso, o Alfa queria minha vida. Ele era implacável e queria me matar.

Minha mãe me olhou com um olhar conhecedor. "Apenas vá e se esconda, Serena. Podemos conversar sobre isso depois," ela sussurrou para mim.

Ela sabia que eu tinha uma ideia do que estava acontecendo, mas sempre tentava me confortar sempre que eu sentia vontade de desistir em nossa alcateia.

Eu não hesitei. Saí correndo pela porta dos fundos para a floresta, a noite me engolindo completamente. O ar frio batia na minha pele, e cada crunch das folhas sob meus pés parecia mais alto do que deveria. A floresta se estendia à frente como um oceano negro de árvores. Eu não sabia para onde estava indo—apenas que tinha que continuar me movendo.

Então eu ouvi—aquilo—um rosnado. Baixo. Comandante. Aterrorizante.

“Encontrem ela!” A voz do Alfa Pedro trovejou através das árvores como uma maldição, e eu sabia que seus homens já estavam perto.

Me abaixei sob os galhos e tropecei nas raízes, minha respiração superficial e irregular. Meu coração batia contra minhas costelas como se quisesse sair.

Meu corpo gritava por descanso, mas eu não parei. Eu não podia. Ser sem lobo me tornava mais fraca, mais lenta—eu não tinha chance de fugir deles. Mas eu tinha que tentar.

“Ei! Pare aí!” um deles gritou atrás de mim.

Arrisquei um olhar para trás—dois guardas estavam se aproximando de mim.

Eu não parei.

Eu não iria parar.

Minhas pernas estavam em chamas. Minha garganta ardia. Então—

Bam!

Meu pé bateu em alguma coisa—talvez uma raiz, talvez uma pedra—e eu caí com força no chão. A dor disparou pelo meu tornozelo, crua e aguda. Tentei me levantar, mas minha perna cedeu sob mim.

Droga.

Meu tornozelo. Estava torcido. Gravemente.

As folhas atrás de mim farfalharam. Passos. Risadas.

Eles me encontraram.

“Bem, bem,” um deles zombou enquanto aparecia na minha frente. “Achou que poderia nos escapar, pequena virgem?”

“Levanta,” o outro riu, olhos brilhando. “O Alfa Pedro está esperando por você. Aposto que ele vai ser bem gentil... já que você se manteve tão apertada todo esse tempo.”

O desgosto torceu meu rosto. Arranhei o chão e joguei um punhado de folhas neles, como se isso pudesse machucá-los.

Eles apenas riram mais alto.

Eu me arrastei para trás com as mãos, ofegante, cada respiração arranhando minha garganta.

“Você deveria ter me deixado te pegar quando eu pedi,” um deles disse, se agachando. “Talvez eu teria te protegido.”

"Idiotas!" Eu gritei, minha voz aguda e furiosa, mesmo que eu estivesse tremendo.

Eles riram mais alto, como se fosse uma piada.

"Você é bonita," um sussurrou. "O Alpha Pedro pode fazer rápido... ou talvez não. Mas acho que ele vai ser gentil com você, diferente de como ele é com os outros, já que sua buceta nunca foi perfurada."

"De qualquer forma, seus pais não vão poder te salvar."

Minha mente estava a mil. O que eu poderia fazer? Eu estava presa. Fraca. Ferida. Agora eu seria o brinquedo sexual de Pedro por uma noite?

Não, não, não.

Então—

Eu vi algo.

Uma figura.

Parada bem atrás deles.

Alta. Imóvel. Olhos brilhando em vermelho através da escuridão.

"Ei, bebê," um dos guardas zombou. "Não tenha medo. Talvez o Alpha goste de quebrar uma virgem como você."

Mas eu não estava mais olhando para ele.

Eu não conseguia desviar o olhar daquela figura atrás dele.

Então veio o rosnado.

Baixo. Selvagem. Aterrorizante.

Os guardas se viraram bruscamente.

"Quem diabos—?" um começou.

"Talvez um andarilho," o outro murmurou, avançando. "Eu vou lidar—"

Antes que ele pudesse terminar, um movimento rápido, e o estranho já estava lá. Ele agarrou o guarda pela garganta, e em um piscar de olhos—crack.

Ele arrancou a cabeça dele.

Eu gritei, congelada no lugar. Meu corpo inteiro tremia.

O segundo guarda avançou, mas o estranho foi mais rápido—rápido demais. Ele enfiou algo na barriga do guarda. Eu vi um brilho de garras enquanto a luz da lua atravessava as árvores.

Ele as enfiou no estômago do homem, rasgando a carne como papel. O guarda caiu, sem vida.

Eu estava ofegante, congelada, o cheiro metálico de sangue denso no ar. Meus olhos se fixaram nos dele—vermelhos, brilhando, perigosos.

Minha respiração falhou.

Eu me levantei, ignorando a dor lancinante no tornozelo, mancando, tentando fugir.

Mas ele foi mais rápido.

Ele avançou e em um flash, me prendeu contra uma árvore. A casca arranhou minhas costas.

Eu gritei.

Eu não conseguia ver seu rosto—apenas seus olhos brilhantes. Isso piorava tudo. Eu não sabia quem—ou o que—ele era. Mas eu podia sentir em sua aura.

Ele não era apenas um lobo.

Ele era algo mais sombrio. Algo muito mais perigoso.

Seus dedos roçaram minha bochecha. Eu me contorcia, aterrorizada, mas quando sua mão fria fez contato com minha pele—eu congelei.

Então—

Ele me cheirou.

Como se estivesse procurando por algo.

"...É você?" ele disse, voz áspera e emocionante, como trovão misturado com seda.

Eu não entendia. Eu não conseguia nem respirar.

Seus olhos queimavam nos meus. Meu corpo inteiro tremia.

E então—

Seus lábios esmagaram os meus.

Eu ofeguei no beijo.

Foi muito repentino. Muito intenso. Muito avassalador.

Sua boca se movia sobre a minha com uma intensidade selvagem, reivindicando. Sua mão segurava minha cintura como aço. Eu tentei empurrá-lo, agarrando o que parecia ser um braço esculpido em pedra, mas eu não conseguia movê-lo.

Eu estava me afogando nisso.

No calor.

No poder disso.

No choque que isso enviava através de mim—profundo, antigo, aterrorizante.

Então, assim como veio—ele parou.

Ele se afastou.

Eu estava sem fôlego, meus lábios formigando, meu peito arfando.

Ele rosnou, baixo e profundo—quase como dor—e então deu um passo para trás.

Isso foi tudo que eu precisava.

Eu me virei e corri.

Ou manquei—tropeçando, gemendo a cada passo—mas eu não parei.

Eu tinha que fugir.

Longe do sangue.

Longe do perigo.

E longe do estranho que me beijou como se já me possuísse.

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