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Capítulo 1 Fui traído

POV de Katherine

Eu estava no centro da nossa sala de estar, nervosamente segurando os resultados do teste que acabei de pegar no consultório médico. Três meses. Eu finalmente tinha certeza de que estava grávida. Respirei fundo, me preparando para compartilhar essa notícia alegre com Alexander Hudson, imaginando seu sorriso caloroso—aquele que eu não via há semanas.

"Alexander, eu tenho algo para te contar—"

Mas gemidos abafados vindo do quarto me fizeram congelar. Era a voz de Sarah Porter—minha meia-irmã—e meu coração afundou como uma pedra ao perceber que ela estava no nosso quarto.

"Alexander, eu te amo... Sempre te amei..." A voz de Sarah era terna, carregada de uma afeição que perfurou meu peito como uma lâmina.

Uma onda de tontura me atingiu. O sangue nas minhas veias virou gelo. Minhas mãos tremiam incontrolavelmente, os resultados do teste escorregando ligeiramente do meu aperto. Eu não podia acreditar no que estava ouvindo, mas precisava ver com meus próprios olhos.

Cuidadosamente, avancei e empurrei a porta apenas uma fresta. Lá estava a figura alta de Alexander, seus ombros largos agora envolvidos por Sarah. Os braços dela circundavam o pescoço dele, seu rosto aninhado no ombro dele—um lugar sagrado que eu sempre pensei pertencer apenas a mim.

Tapei a boca com a mão para abafar um suspiro. Lágrimas embaçaram minha visão, mas eu ainda conseguia ver Alexander se inclinando para beijá-la, seus lábios tocando os dela com uma suavidade. Naquele instante, meu coração se despedaçou em mil pedaços afiados, cada um cortando mais fundo que o anterior.

"Alex, nosso filho William—ele já nasceu," disse Sarah, sua voz cheia de arrogância. "Quando você vai se divorciar de Katherine?"

William? Minha mente girava em espirais caóticas, mas me obriguei a continuar ouvindo, agarrando-me à esperança frágil de que isso fosse algum terrível engano.

"Eu vou resolver isso," Alexander respondeu, sua voz calma e distante, "quando encontrar o momento certo."

"E se Katherine estiver grávida também?" Sarah perguntou.

Alexander fez uma pausa, sua silhueta imóvel contra a luz fraca. Então ele pronunciou as palavras que me destruíram completamente. "Se livre disso."

Sua resposta fria e cruel me cortou, mais afiada que as noites de inverno que passávamos juntos ao lado da lareira, sussurrando sobre nosso futuro.

Como aquele homem podia ter desaparecido? Eu recuei. Meu mundo desabou naquele momento. Eu sempre acreditei que nosso casamento era baseado no amor, que o calor do toque dele e as promessas que fizemos significavam algo. Nunca imaginei que Alexander pudesse me trair tão cruelmente.

Olhando para trás, os sinais estavam lá—as noites tardias no escritório, as ligações sussurradas, a maneira como ele parou de me procurar no escuro nos últimos meses.

Eu não podia mais conter. Com uma onda de emoção crua, empurrei a porta completamente.

"Como você pôde?" Minha voz quebrou, dividida entre dor e fúria. "Na nossa casa? Na nossa cama? Por que, Alexander—por que você faria isso comigo?"

Sarah se afastou dele rapidamente, mas não havia vergonha em seus olhos—apenas um lampejo de triunfo que torceu a faca mais fundo.

"Katherine—" ela começou, sua voz carregada de falsa simpatia.

"Não!" Levantei a mão, cortando-a. "Não ouse falar comigo. Você não tem vergonha!"

Eu me virei para Alexander, procurando em seu rosto algo—culpa, arrependimento, qualquer coisa que mostrasse que ele ainda se importava.

Mas sua expressão estava vazia, quase sem vida, seu maxilar tenso como se estivesse segurando algo. O Alexander que eu conhecia teria reagido, teria gaguejado uma desculpa ou tentado me alcançar.

Essa quietude assustadora só aprofundou minha confusão e desespero.

"É por isso que você tem estado tão distante ultimamente?" Exigi, minha voz tremendo. "Porque você esteve com ela? Porque você teve um filho com ela pelas minhas costas?"

Alexander apenas olhou fixamente, sem piscar, como se eu estivesse implorando a um estranho usando o rosto do meu marido.

Os lábios de Sarah se curvaram em um sorriso frio. "Ele nunca te amou, Katherine. Sempre fui eu."

Suas palavras foram um golpe final, e eu não podia suportar mais um segundo na presença deles. Lágrimas silenciosas escorreram pelo meu rosto enquanto eu me abaixava para pegar os resultados do teste caídos, meus dedos roçando o papel que continha minha esperança frágil. Caminhei até a porta, peguei minhas chaves do carro e olhei uma última vez para o que havia sido um lar cheio de amor. Então, bati a porta atrás de mim com um estrondo.

Com o coração pesado, tropecei até o carro. Uma vez dentro, minhas mãos tremiam incontrolavelmente no volante.

Como Alexander pôde fazer isso comigo?

Nós estávamos apaixonados—ou pelo menos, eu acreditava que estávamos. Cada promessa sussurrada sob as estrelas, cada noite passada entrelaçados nos braços um do outro—tudo tinha sido uma mentira?

Minha mão deslizou até meu estômago, onde nosso filho estava crescendo, um filho que ele havia descartado tão cruelmente.

Mas mesmo depois do que eu tinha visto e ouvido, uma parte desesperada de mim não conseguia aceitar que tudo havia acabado—talvez eu tivesse entendido errado.

Com as mãos trêmulas, liguei o carro e me afastei da casa, os pneus esmagando o cascalho enquanto eu fugia dos destroços da minha vida. Peguei meu telefone e disquei o número dele, precisando ouvir ele admitir a verdade.

Meu dedo deslizou pela tela, e meu coração batia forte nos ouvidos—um, dois, três...

"Alô," sua voz respondeu, fria como gelo. "O que foi?"

"Alexander," eu disse rouca, minha garganta áspera de tanto chorar, "o filho de Sarah é seu?"

O breve silêncio do outro lado fez meu coração cair em um vazio.

"E se for?" ele finalmente disse, uma risada gelada pontuando suas palavras.

Sua resposta me atingiu como um golpe físico, obliterando o último fragmento de esperança ao qual eu me agarrava. "Alexander, como você pôde fazer isso comigo..." eu sussurrei. Meu coração virou cinzas, e minha voz soava como um sussurro distante e abafado.

"Onde você está?" ele perguntou de repente.

"Por que isso importa para você agora?" retruquei, amargura escorrendo em cada palavra.

"Explique-se. Do que exatamente você está falando?" Havia um traço de perplexidade em sua voz, mas eu estava farta de ouvir suas mentiras.

Nesse momento, enquanto abria a boca para responder, avistei um caminhão no espelho retrovisor, vindo em minha direção a uma velocidade aterrorizante. Pisei no freio—nada. O pânico tomou conta de mim quando percebi que os freios haviam falhado.

"Eu estou—ajuda!" Gritei, puxando o volante com força para a direita.

O carro atravessou a barreira de proteção, caindo pela beirada do penhasco. No último segundo antes de a escuridão me engolir, ouvi a voz de Alexander gritando pelo telefone. "Katherine!"

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