Capítulo 1
"Tiros!"
Murmurei sob minha respiração enquanto os disparos distantes ecoavam pelas árvores. As folhas farfalhavam acima de mim. Eu me agachei em um galho, escondida na copa, observando os soldados vestidos de preto se moverem como sombras em direção ao complexo da alcateia.
"Estão aqui," sussurrei, segurando o cabo da minha lâmina. "Já era hora."
"Estão invadindo o complexo," ouvi um dos membros da alcateia Lua Sangrenta dizer abaixo. "Ordens diretas do Rei Alfa."
Sorri. "Então, o Rei finalmente se cansou de esperar por um convite."
Os soldados se espalharam, oito ficaram do lado de fora enquanto um esquadrão entrou na casa da alcateia. Eu desci silenciosamente para o chão, agachando-me atrás deles com minha lâmina pronta.
Crack. Um abatido. Thud. Dois abatidos.
"Inimigo—!"
Tarde demais.
Girei, chutei, desviei de um soco selvagem, e então bati meu joelho na virilha dele. Ele caiu como uma pedra.
"Lobos burros," murmurei. "Só músculo, sem estratégia."
"Prendam ela!" um deles gritou.
Três correram em minha direção. Dei um salto mortal para trás sobre o primeiro, aterrei nos pés, derrubei o segundo, e dei uma cotovelada no terceiro.
"Maldita ladra é rápida!"
Outro veio em minha direção.
"Vocês não aprendem, né?" eu disse, desviando do golpe e acertando um chute limpo na cabeça dele.
Então uma voz retumbou pelo complexo.
"TODOS OS SOLDADOS, PAREM."
Eles congelaram. Assim, de repente. Obediência enraizada nos ossos.
Eu me ergui, olhos fixos na figura que avançava através do caos.
Ele tinha presença. Comando. Poder que dobrava o ar enquanto sua voz ecoava como trovão.
"Eu sou o Rei Alfa Conrad. Esta alcateia está sob investigação por maus-tratos e violação do Ato de Direitos dos Lobisomens. O Alfa Blake e sua família serão transportados para a alcateia Lua Real e julgados por esses crimes."
Blake estava ajoelhado com algemas de prata junto com sua Luna e filhos. Seus lábios se curvaram quando ele me viu.
A expressão do Rei Alfa suavizou, e um pequeno sorriso cruzou seus lábios. "Isso foi bastante impressionante. Quem é você?"
"Ela é só uma vadia ladra," Blake cuspiu.
Crack. Um soldado o socou tão forte que sua cabeça virou de lado. Ele se encolheu no chão, gemendo.
Eu ri. "Ele não está errado."
Os olhos de Conrad se estreitaram. "Você lutou como uma guerreira treinada. Qual é seu nome?"
"Não ouviu?" Dei de ombros. "Só uma vadia ladra."
Sua mandíbula se tensionou. "Ladrões não defendem alcateias. Eles as destroem para ganhar poder e controle."
"Ah é?" Eu arqueei uma sobrancelha. "Então, por que você está aqui?"
"Eu vim para proteger," ele disse firmemente. "Trouxemos cuidados médicos, comida. Sua alcateia será registrada e cuidada. Se um Alfa adequado não for encontrado—"
"Você vai escolher um novo que seja obediente a você?" eu interrompi.
"Eu não quero obediência," ele disse. "Eu quero estabilidade. Segurança."
"Para lobos como nós?" Eu ri friamente. "Nunca tivemos direitos. Não me fale sobre seu precioso ato."
Ele deu um passo lento em minha direção. "Qual é seu nome?"
Eu rosnei de volta. "Não estou interessada em criar laços, Sua Majestade."
"Não estou aqui para dominar você."
"Não?" Eu desafiei. "Então por que se chamar de Rei? Reis exigem obediência, não é?"
Sua voz caiu. "Reis verdadeiros só querem lealdade e respeito."
Eu o encarei. "Esses são conquistados, não exigidos."
Uma rajada de vento passou por mim—levando meu cheiro direto para ele.
Suas narinas se dilataram. Suas pupilas se dilataram. Seu lobo surgiu à superfície, brilhando com seu olhar dourado.
Ele cambaleou meio passo para trás. "Companheira."
Eu congelei.
Não. De jeito nenhum.
Ele deu um passo à frente. "Você—você é—"
"Nem. Pensar," eu rosnei, virando e correndo para as árvores.
"Espere!"
Eu não esperei.
Saltei em um tronco e pulei de galho em galho, selvagem e rápida.
"Rastreie ela!" ele gritou. "Não a percam!"
Eu ouvi o pânico na voz dele, o comando Alfa por trás disso.
Mas eu não estava ouvindo.
Eu não era dele.
Eu não era de ninguém.
E eu nunca mais seria prisioneira novamente.