Capítulo 5
Zayden
Olhei do porta-malas da minivan para minha secretária. Pela primeira vez na vida, fiquei perplexo. Não tinha palavras.
Olhei para o motorista. “Juro pela minha avó, senhor, eu não tenho nada a ver com isso.” Ele falou.
Olhei para a Sra. Ace. Ela se mexia desconfortavelmente, fazendo biquinho com os lábios.
Eu sinceramente não sabia se devia ficar bravo ou não. Ela tinha acabado de gastar milhares de dólares em alimentos suficientes para dar uma festa.
As compras variavam de todos os tipos de frutas a cereais, lanches, arroz, doces, bebidas de frutas e até vinho. Passei a mão pelo cabelo em frustração. Talvez eu devesse demiti-la e me poupar do problema. A única razão pela qual dei a ela meu cartão de crédito foi para apaziguar minha consciência por ontem.
“Sra. Ace, por favor, me diga que pelo menos comprou mais de um vestido para você”. Suspirei.
“Você disse apenas um blazer para a conferência”. Ela reclamou.
Eu apenas a encarei. Uma mistura de emoções desconhecidas fervilhando no meu peito. Ela era totalmente inacreditável. “Só... só volte ao trabalho”. Eu disse.
“Eu... eu sinto muito”. Ela sussurrou, virando nos calcanhares e indo em direção ao elevador.
Eu apenas suspirei e a segui de volta ao meu escritório, esperando que meu dia não piorasse. Mas piorou, porque enquanto eu estava ocupado trabalhando com a Sra. Ace atrás da mesa dela, meu chamado irmão invadiu meu escritório como se fosse dono do lugar.
“E aí, meu querido irmão!” Ele exclamou, lançando um olhar para a Sra. Ace atrás da mesa dela.
A memória de ontem veio à tona na minha cabeça. Aiden nunca havia visitado nossa mãe desde o funeral, então encontrá-lo lá foi absurdo.
“O que você quer?” Perguntei diretamente. Ele vir aqui significava que estava procurando confusão, e eu já tinha tido problemas suficientes nos últimos dias.
Ele ficou na frente da minha mesa, me encarando. “Só porque nosso pai ficou satisfeito com sua apresentação hoje não garante sua permanência atrás dessa mesa.”
Eu me relaxei ainda mais na cadeira. Já estava acostumado com suas confrontações sempre que ele não conseguia me superar. “Não foi culpa minha que você não conseguiu impressioná-lo”. Retruquei.
Vi o brilho de raiva em seus olhos e o apertar de seu maxilar. “Você não pode e nunca será capaz de competir comigo. Então por que você não se mantém discreto e aproveita os privilégios que tem agora.”
Eu odiava que parecíamos iguais. Odiava que tínhamos tanta semelhança que não dava para nos distinguir. A única diferença entre nós era que eu era um pouco mais alto. Parecíamos iguais, mas não tínhamos nada em comum.
Ele de repente sorriu, mostrando seus dentes brancos. “Feliz aniversário, irmão, mesmo que seja atrasado.”
Fiquei tenso, meus punhos se apertando. Ele, de todas as pessoas, sabia o quanto eu odiava ser lembrado no dia em que nasci.
“Eu realmente vim para te dar isso.” Ele colocou uma caixa embrulhada com uma fita branca na mesa e a empurrou na minha direção. “É um presente de aniversário, mesmo que você não mereça ter um.”
Fiquei em silêncio, tentando acalmar meus nervos à flor da pele. Não estávamos sozinhos no escritório, a Sra. Ace estava aqui. Eu queria tanto socá-lo no rosto e talvez quebrar seu maxilar. Talvez adicionar mais cicatrizes às que ele já tinha no rosto.
“É você quem deveria estar naquela caixa, você deveria estar seis pés abaixo, não ela!” Ele tinha um olhar de diversão nos olhos.
"Sai daqui", eu simplesmente disse a ele.
"Você não vai ficar aqui por muito tempo, Zay, vou garantir isso mesmo que eu morra tentando."
"Então eu ficarei feliz em estar no seu funeral, agora saia do meu escritório." Rosnei, levantando um pouco a voz.
Ele deu um sorriso antes de se virar. Não saiu imediatamente, foi até a Sra. Ace, o que só me irritou mais. De repente, tive vontade de arrastá-lo para fora do escritório eu mesmo, mas permaneci sentado.
Ele ficou lá por alguns minutos conversando com ela. Deve ter dito algo engraçado porque ela riu. O sorriso dela não desapareceu até que ele finalmente saiu do escritório.
Cerrei os dentes enquanto olhava para a caixa à minha frente. Inicialmente queria jogá-la na lata de lixo, mas mudei de ideia. Aiden faz coisas assim para me irritar.
Da última vez que me deu um presente, era uma foto ensanguentada de mim e minha mãe. Ele havia mergulhado minha foto em sangue de porco e embrulhado em uma caixa bonita.
Finalmente abri a caixa e encontrei um colar dentro. O colar da minha mãe. Pelo menos não havia sangue de porco neste. Respirei fundo, irritado, para me acalmar e logo voltei ao trabalho, esquecendo completamente de Aiden.
A Sra. Ace veio até mim um minuto depois, seu rosto sem nenhuma emoção. Onde foi parar todo aquele sorriso de antes?
"Hum, você tem uma ligação, senhor."
"É urgente?" Perguntei, sem me incomodar em olhar na direção dela.
"Acho que sim."
Suspirei. "Sobre o que é?"
"Sua presença é necessária na sala de reuniões." Ela me disse.
"Cancele!" Eu disse a ela. Não estava com humor para nenhuma reunião agora. Além disso, ainda estava irritado e não queria acabar descontando minha raiva nos outros.
"Mas..."
Olhei para ela com raiva. Ela se encolheu e voltou para sua mesa. Finalmente tive minha paz ininterrupta de volta. Então, o som familiar dos saltos preencheu meus ouvidos no segundo seguinte.
Estou gemendo. O fato de ter que lidar com pessoas era irritante.
Helena entrou correndo, parecendo que tinha corrido até aqui.
"Sr. Kent!"
Finalmente perdi a paciência. "O que foi?!"
Ela parou, limpando a garganta. "Seu pai quer ver você."
"Diga a ele que estou ocupado!"
"Ele está realmente bravo... tipo, muito bravo."
"E daí?"
Ela se aproximou, olhando para a Sra. Ace antes de abaixar a voz para falar. "Acho que o contrato foi cancelado."
Meus olhos se arregalaram. Isso era impossível. A apresentação foi bem ontem e tudo foi concluído, então isso não pode ser verdade. "Como... o contrato foi fechado ontem."
"Não sei, mas parece que houve alguns problemas. Seu pai está realmente irritado. Ouvi ele dizendo que deveria ter deixado Aiden cuidar da apresentação."
Cerrei os dentes. Tive um pressentimento ruim de que a visita repentina de Aiden mais cedo não foi apenas uma visita simples. Além disso, eu deveria ter esperado por isso. Tudo foi muito tranquilo ontem. Aiden não desiste sem lutar. Só espero que ele não tenha nada a ver com isso, se não, então não vou deixar passar, nem mesmo por nosso pai.
Tenho milhões de dólares em jogo e esta não é a primeira tentativa dele de arruinar meus contratos ou parcerias com outras empresas.
Talvez fosse isso que a Sra. Ace queria me dizer. Cerrando os punhos, me levantei.
"Onde?"
"Na sala de reuniões."
Só espero não encontrar Aiden lá, ou posso realmente fazer ele beijar meus punhos.