




4: Seu propósito aqui
PRÍNCIPE EMERIEL
Emeriel estava horrorizado. Tenho que resgatar Aekeira! Precisamos fugir!
"Eu sei que você está aí, príncipe bonito. Posso sentir seu cheiro," a voz de Lorde Vladya ecoou.
Emeriel engasgou, congelado no lugar enquanto a figura imponente de Lorde Vladya emergia da porta. Seus olhos frios e sem vida, cinza e amarelos, fixaram-se em Emeriel.
Instintivamente, Emeriel deu um passo para trás. Depois outro.
Lorde Vladya sorriu. "Eu aconselharia contra qualquer pensamento que esteja fermentando nessa sua cabecinha. Você não tem ideia de onde está, não é mesmo?"
Emeriel só conseguia discernir que estavam na fortaleza mais alta e mais fortificada que ele já tinha visto. Ele balançou a cabeça, seu medo era palpável.
"Você está em Ravenshadow," disse Lorde Ottai, aproximando-se por trás do Lorde marcado.
Ravenshadow?
O Ravenshadow!?
Não, pela Luz, isso não pode estar acontecendo.
"R-Ravenshadow Citadel? A casa dos quatro grandes governantes dos Urekais. O Abismo Sussurrante de grande poder?" Emeriel balbuciou, incapaz de conter seu terror por mais tempo.
Lorde Ottai bufou. "É assim que os humanos chamam. Nós não. Mas sim, você está correto. Você está na Citadel de Ravenshadow, Príncipe Emeriel."
"Não preciso informá-lo que este é o lugar mais seguro de Urai, com vastas terras nas quais você poderia se perder se tentar escapar." Lorde Vladya sorriu. "Um vórtice que te engoliria, nunca mais seria visto. Não há escapatória de Ravenshadow."
Emeriel ouviu suas palavras, mas sua mente estava consumida por um medo muito maior.
"Os quatro grandes governantes dos Urekais residem aqui?" Emeriel refletiu, com pavor.
"Sim," Lorde Ottai parecia ligeiramente divertido, chamando a atenção de Emeriel.
Emeriel não fazia ideia de que havia dito isso em voz alta.
Aproximando-se de Lorde Ottai—Ele parecia menos intimidante e uma escolha preferível naquele momento—Emeriel lançou olhares cansados ao Lorde marcado. "Eu ouvi rumores sobre os Urekai."
"O que exatamente você ouviu?" Lorde Ottai perguntou.
"Dizem que são mortais, imprevisíveis e quase selvagens em suas ações." Emeriel listou nos dedos enquanto divagava. "Seus hábitos de acasalamento são tão brutais quanto suas matanças, e embora tenham hospedeiros de sangue, preferem drenar o sangue dos humanos. E, depois que seu rei enlouqueceu, eles—"
"Ótimo. Justo o que eu precisava ouvir," Lorde Vladya acrescentou em tom seco.
Lorde Ottai, ainda um tanto divertido, falou, "Vou deixar o briefing para Lorde Vladya. Preciso atender ao conselho."
O quê!? Por favor, não me deixe com ele! Emeriel quase gritou. Mas mordeu os lábios com força, contendo-se.
Lorde Vladya, no entanto, não se conteve. "Pense novamente, Lorde Ottai. Não há como eu—"
"Preferiria que Lorde Zaiper lidasse com o briefing, então?" Lorde Ottai perguntou calmamente.
Um músculo se contraiu na mandíbula de Lorde Vladya e ele deu a Emeriel um olhar duro, como se realmente estivesse considerando a opção.
Lorde Ottai deve ter percebido isso, rapidamente acrescentando, "Você sabe que não quer que isso aconteça. Além disso, não vamos esquecer o favor que me deve. Lembra-se disso?"
Lorde Vladya lançou um olhar furioso para ele, e Lorde Ottai ofereceu um sorriso lupino. "Acredito que é hora de cobrar. Você faz o briefing. Vou embora." Com isso, Lorde Ottai se afastou, exalando uma aura de sofisticação a cada passo.
Finalmente, Emeriel e Lorde Vladya ficaram frente a frente.
"Venha." Lorde Vladya começou a caminhar, e Emeriel seguiu atrás dele.
"Esqueça qualquer rumor que possa ter se espalhado no reino humano. Alguns podem ter um grão de verdade, mas a maioria é realmente bizarra." Lorde Vladya parecia levemente irritado. "No entanto, não vou me aprofundar no vasto conhecimento de nossa espécie, pois é muito extenso para cobrir. Em vez disso, vou compartilhar as partes que dizem respeito à presença de sua irmã aqui."
Emeriel se preparou.
"Quinhentos anos atrás, e até antes disso, meu povo e os humanos coexistiam pacificamente. O Grande Rei Daemonikai garantiu isso."
Grande Rei Daemonikai.
A mera menção do nome fez arrepios se espalharem pela pele de Emeriel, seus joelhos tremendo em um medo mal disfarçado.
Um dos Urekai mais antigos que já existiu, sua reputação era conhecida em todo o mundo, até mesmo por uma criança nascida nos tempos atuais.
Ele não era apenas um dos quatro governantes, ele era o primeiro. O governante supremo.
Seu poder e força eram lendários. Alguns até sugeriam que ele não poderia ser morto.
Esse nome, Daemonikai, era um que causava terror nos corações de todas as espécies existentes neste mundo.
"O filho dele, Alvin, fez amizade com um príncipe humano," continuou Lorde Vladya. "Durante uma conversa com uma taça de champanhe, Alvin, em estado de embriaguez, contou ao príncipe os segredos do nosso povo. A noite da Lua do Eclipse."
"Uma noite quando os Urekai eram naturalmente despojados de seu poder e força pela lua, certo?" perguntou Emeriel, se perguntando se os rumores eram verdadeiros. "Ela ocorre a cada quinhentos anos, tornando vocês extremamente fracos. Mais fracos que um bebê recém-nascido. Vulneráveis a ataques."
O Urekai marcado parou e olhou para Emeriel, assentindo antes de continuar a caminhar. "O que Alvin não sabia era que o pai do príncipe usou seu filho para obter informações sobre nós. O Rei Memphis tinha seus olhos voltados para nossas terras. Para resumir a história, os humanos violaram nossas defesas e nos atacaram na noite da Lua do Eclipse, causando danos significativos ao nosso reino."
Uma sombra cruzou os olhos de Lorde Vladya. "Muitos de nosso povo foram mortos. A sobrevivência dos Urekai foi largamente devido aos esforços dos quatro governantes, particularmente Daemonikai." Ele parecia distante, como se pudesse ver aquela noite se desenrolando diante dele. "Daemonikai usou cada gota de sua força para salvar seu povo. Sacrificou tudo o que tinha...sabendo das consequências que isso traria."
Consequências?
Emeriel de repente se sentiu mal. Os humanos consideravam aquela noite uma vitória. Falavam dela como um grande feito. Mas ouvindo agora, não era nada menos que bárbaro.
"Depois daquela noite, tudo mudou," disse Lorde Vladya. "Muitos Urekai perderam seus parceiros e filhos. Os que permaneceram foram endurecidos pela perda. Mesmo nossa vingança não fez nada para aliviar a dor em nossos corações."
"Seu povo quase dizimou a população humana, forçando muitos a se esconder." Emeriel não conseguiu esconder a amargura em seu tom. "Os Urekai tomaram inúmeros escravos e quase esgotaram as terras humanas de suas mulheres. E isso não fez nada?"
Quando aqueles olhos frios novamente o encararam, Emeriel fechou a boca.
"Então, o Grande Rei Daemonikai cedeu à sua besta e enlouqueceu. Sua mente se perdeu completamente, e tem permanecido assim nos últimos quinhentos anos. As mesmas pessoas que ele sacrificou tudo para proteger agora estão em perigo por causa dele." Lorde Vladya virou uma esquina. "A besta se liberta periodicamente, realizando matanças brutais e implacáveis. Para evitar mais perdas, a besta é confinada aqui em Ravenshadow."
Ok... isso parecia uma boa ideia. Qual era o problema?
"Mas, apenas confinamento não é suficiente. Nossas bestas interiores requerem duas substâncias básicas para sobreviver: sangue e sexo," Lorde Vladya observou Emeriel com um olhar penetrante. "E é aí que sua irmã entra."
Emeriel ficou inquieto. Ele não gostou de onde isso estava indo.
"A Princesa Aekeira irá satisfazer as necessidades sexuais da besta. É por isso que ela foi adquirida. Quanto a você, já que não tenho uso para você, ambos pertencem à besta," afirmou Lorde Vladya firmemente.
"O quê?" O sussurro incrédulo escapou de Emeriel. "Certamente, v-você não pode querer dizer isso."
"Diga à Princesa Aekeira para se apresentar à besta. Se ela se apresentar bem, quem sabe? Ela pode sobreviver mais um dia. Eu me importo pouco com o resultado."
Emeriel caiu de joelhos, lágrimas embaçando sua visão. "Por favor, Lorde Vladya, não a sujeite a isso. Ser uma escrava sexual? Para uma besta...a besta do rei? Minha irmã vai morrer!!" Ele gritou, suas palavras tingidas com raiva.
Lorde Vladya não moveu um músculo. "Boa sorte tentando fugir de Ravenshadow. Para cada tentativa, você será recebido com cinquenta chicotadas." Com isso, ele se virou, caminhando para longe.
A raiva superou o terror, e Emeriel avançou atrás dele, mas os soldados Urekai bloquearam seu caminho.
"Quem você pensa que é!?" Emeriel gritou. "Você se considera tão poderoso que pode ditar o destino de seres vivos!? Você não é nada além de bestas! Você é um monstro, Lorde Vladya!"
Lorde Vladya parou na porta, lançando um olhar por cima do ombro. "Isso é um elogio, príncipe humano. E para você, é Grande Lorde Vladya."
Emeriel congelou.
Grande Lorde?
Como em, um dos quatro governantes dos Urekai, aquele GRANDE LORDE!?
Santos deuses da luz, estamos condenados.