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02 Através do Portão do Beta

Emma.

Ainda segurando o convite de casamento, fiquei paralisada, minhas emoções um turbilhão de raiva, tristeza e confusão. Meus olhos fixaram-se na caligrafia elegante que anunciava o casamento de Tomas Jefferson com Veronica Gibson. Não era apenas uma notícia—era crueldade. Um golpe direto e deliberado.

Meu coração clamava por respostas. Por que Tomas faria isso comigo? Eu sempre fui leal, sempre fui gentil. Eu o amei completamente, fielmente. Nunca exigi demais, nunca ultrapassei os limites impostos a mim como Omega. Respeitei sua família, seu status e seu espaço. Mas agora, ele jogou tudo fora sem ao menos uma palavra.

Meu amor significava tão pouco para ele? Eu significava tão pouco? Lágrimas de raiva escorriam pelas minhas bochechas, cada uma carregada de traição. A dor no meu peito era insuportável, como se meu coração estivesse sendo despedaçado aos poucos. Eu queria confrontá-lo, exigir respostas. Mas a realidade da minha posição na hierarquia da matilha pairava sobre mim. Como Omega, havia limites para o que eu podia fazer, limites que eu odiava, mas dos quais não podia escapar.

Tentei entender. Tomas estava sendo forçado a esse casamento, ou isso fazia parte do plano dele o tempo todo? Veronica era tudo o que eu não era—uma Alfa, bonita, com um sobrenome poderoso. Em comparação, eu era apenas um rosto bonito sem status, sem riqueza, e com uma família sobrecarregada pelo vício em jogos do meu pai. A verdade era tão dura quanto cruel: eu não era páreo para Veronica.

Olhei para Tevin, meu irmão mais velho. Seu rosto estava marcado pela tristeza, seus ombros caídos sob o peso da impotência. Ele queria me proteger, eu podia ver isso, mas não havia nada que ele pudesse fazer. Nenhum de nós podia enfrentar um Alfa ou questionar as decisões de Tomas. Nós éramos Omegas. Não tínhamos poder.

Enxuguei as lágrimas do rosto e me retirei para o meu quarto, batendo a porta atrás de mim. Minha mente estava tão despedaçada que eu não conseguia me concentrar em mais nada, muito menos na entrevista de emprego que eu tinha planejado para hoje. Como eu poderia me apresentar como confiante e capaz quando meu coração havia acabado de ser partido em um milhão de pedaços?

Deitei na cama, olhando para o teto. Meus pensamentos giravam, minhas emoções oscilando entre desespero e fúria. Peguei meu telefone e rolei pelo registro de chamadas, encarando a prova de que eu havia falado com Tomas naquela manhã. A ligação era real. Sua voz calma ainda pairava na minha mente, tornando a traição ainda mais excruciante. Por que ele não me contou? Por que ele me deixou descobrir dessa maneira?

Então, meu olhar voltou para o envelope. Não foi Tomas quem o enviou. Foi Veronica. Ela queria que eu soubesse. Ela queria que eu sentisse essa dor. Normalmente, uma Omega como eu nunca receberia um convite para um casamento tão importante. Não era tradição; não era protocolo. Isso era uma mensagem—uma provocação. A redação era clara: Todos os destinatários devem comparecer. Não havia RSVP, nenhuma opção de recusar. Era um movimento de bully, e eu a odiava por isso.

A raiva me impulsionou para fora da cama. Ficar no meu quarto não resolveria nada, não me daria um desfecho. Eu precisava confrontar Tomas, não importando as consequências. Mesmo que estivesse acabado entre nós—o que, no fundo, eu já sabia que estava—eu merecia uma explicação. Quatro anos de amor e lealdade não podiam simplesmente evaporar no nada.

Calçando um par de chinelos, saí de casa furiosa. Meus irmãos gritaram atrás de mim, suas vozes carregadas de preocupação e aviso, mas eu os ignorei. Eles sabiam exatamente para onde eu estava indo, e sabiam o risco que eu estava correndo. Mas eu não me importava. Eu estava cansada de ser a Omega submissa e obediente. Tomas me devia a verdade, e eu a obteria.

Enquanto caminhava, o peso das minhas emoções me esmagava. Minhas lágrimas haviam secado, mas meu peito ainda doía com a traição. O pensamento em Tomas—na maneira como ele costumava me olhar, me abraçar, me dizer que me amava—lutava contra a imagem dele ao lado de Veronica no altar. Não queria acreditar que ele havia escolhido isso voluntariamente.

Talvez ele tenha sido forçado. Talvez sua família tenha arranjado o casamento para elevar seu status. Casar com Veronica, a única filha do Alpha, solidificaria seu poder. E Tomas...

Tomas era forte, capaz, tudo o que um Alpha precisava em um sucessor. Tudo fazia sentido.

Tentei ligar para ele novamente, mas seu telefone estava desligado. Minha frustração crescia a cada pergunta sem resposta. No meio do caminho, minha coragem vacilou.

E se eu não gostasse do que encontrasse? E se a verdade fosse pior do que eu imaginava? Mas eu não podia parar agora. Já havia perdido minha entrevista; não podia deixar essa jornada ser em vão.

Quando cheguei à propriedade dos Jefferson, hesitei no portão.

Meu coração batia forte no peito enquanto os guardas me notavam. Para minha surpresa, eles abriram o portão sem questionar, suas expressões solenes. Eles não zombaram de mim, não debocharam como eu esperava. Em vez disso, seus olhos estavam cheios de piedade. Era como se entendessem a profundidade da minha dor. A gentileza deles parecia um lembrete cruel da humilhação que eu estava prestes a enfrentar.

"Obrigada," murmurei, minha voz trêmula enquanto passava pelo portão. A propriedade imponente se erguia diante de mim, grandiosa e intimidante. Cada passo que dava em direção à casa parecia mais pesado, o peso das minhas emoções ameaçando me esmagar.

Eu tinha vindo em busca de respostas, mas agora que estava aqui, não tinha certeza se conseguiria lidar com a verdade.

Aproximei-me da imponente porta da frente, meu coração batendo tão forte que pensei que poderia explodir. Meus ouvidos sensíveis captaram os sons de risadas e conversas animadas lá dentro. A voz de Tomas cortava o barulho, inconfundível e irritantemente despreocupada. Ele não estava ocupado. Não estava lidando com alguma emergência. Ele estava se divertindo, cercado por seus amigos, como se nada no mundo estivesse errado.

Minha raiva explodiu, quente e avassaladora. Ele não teve nem a decência de terminar as coisas corretamente—de me enfrentar, de terminar comigo como um homem. Era covardia? Crueldade? De qualquer forma, era imperdoável. Ele estava comemorando enquanto eu tentava juntar os pedaços do meu coração partido.

Cerrei os punhos, me preparando. Minha mente gritava para eu voltar, para ir embora antes de me envergonhar ainda mais, mas minhas pernas me carregaram adiante. Eu não podia ir embora. Não sem respostas. Empurrei a pesada porta e entrei. As risadas ficaram mais altas enquanto passava pelo vestíbulo e entrava no salão.

Lá estavam eles: Tomas e seus amigos, espalhados pelos móveis luxuosos como se fossem donos do mundo. Raymond, Grover e Tim. Todos de famílias Delta e Gamma. O cheiro de álcool pairava levemente no ar, e uma bandeja de comida pela metade estava sobre a mesa baixa entre eles. Eles estavam em clima de celebração, o tipo de clima que tornava minha intrusão ainda mais chocante.

As risadas vindas de dentro da propriedade dos Jefferson fizeram meu sangue gelar. Tomas estava lá, despreocupado e intocado pelos destroços que havia deixado em mim. Minha mão agarrou a maçaneta da porta, e eu a empurrei—pronta para enfrentar o homem que havia me destruído.

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