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Capítulo 5

“Uau,” eu ofeguei, colocando a mão no peito de forma brincalhona. “Um homem que sabe manusear talheres. Fique quieto, meu coração.”

Luca, sentado ao meu lado como uma nuvem de tempestade com maçãs do rosto marcadas, tossiu no copo de um jeito que claramente dizia que isso era um inferno.

Marco D’Angelo se inclinou mais perto. “Eu treino com facas e... outras coisas.”

Eu pisquei os cílios. “Ah é? Aposto que você é bom com as mãos.”

Luca deixou cair o garfo. “Sério?”

Eu nem olhei para ele. “Problema, Bianchi?”

“Não,” ele disse apertado. “Só aproveitando o show.”

“Bem, não pisque,” eu disse com um sorriso doce. “Você pode perder alguma coisa.”

Marco D’Angelo sorriu. A têmpora de Luca pulsou. Eu, por outro lado, me deleitava no brilho do meu momento de deusa mesquinha.

Depois do jantar, eu o acompanhei até a estação de segurança como a gentil e charmosa herdeira da máfia que eu era. Rimos, flertamos de mentira, eu talvez tenha tocado levemente seu bíceps quando ele me mostrou o sistema de vigilância. Pura arte. Dez de dez. Meu Oscar está a caminho.

Eu estava voltando para o meu quarto, sorrindo para mim mesma como a rainha do caos que sou, quando meu telefone vibrou.

Outro e-mail.

Mesmo remetente enigmático. Sem assunto. Apenas uma linha de texto:

“Você ainda está marcada. Ele não pode te proteger para sempre. Vejo você em breve, Principessa.”

O mundo desacelerou.

O ar ficou pesado. Minhas mãos ficaram frias.

Antes que eu pudesse piscar, eu senti ele.

Luca.

Movendo-se como sombra e fumaça.

E então ele estava bem ali, sem camisa—de novo, é claro—e no segundo que viu meu rosto, ele soube.

“O que aconteceu?” ele perguntou, todo controle letal com aquela calma assustadora que ele tinha quando estava prestes a destruir algo.

Eu não respondi. Apenas entreguei meu telefone para ele.

Seu rosto mudou. Lentamente. Como assistir uma tempestade rastejar pelo mar.

E então?

Ele explodiu.

Apertou meu telefone com uma mão, músculos flexionando com raiva divina e vingança, e foi até a mesa mais próxima, onde pegou seu celular descartável e começou a falar italiano tão rápido que eu mal conseguia acompanhar.

“Controlla l’indirizzo IP. Subito. Fammi sapere se viene da Paris o Brazil. E blocca tutto il traffico su quel server. ORA!”

Tradução: Alguém estava prestes a perder a alma.

Eu fiquei ali piscando enquanto ele jogava o telefone na mesa e se virava para mim com a fúria de um anjo caído e a intensidade de um deus grego ciumento.

“Por que você não me contou assim que isso chegou?” ele rosnou.

“Porque eu estava ocupada flertando com o novo cara da segurança,” eu retruquei, cruzando os braços.

“Você está brincando com sua vida, Andria.”

“Ah, por favor. Isso se chama cura mesquinha.”

“Você chama Marco de cura?”

“Eu chamo sua arrogância de doença,” eu retruquei.

Ele marchou em minha direção, peito sem camisa arfando com respirações raivosas, olhos ardendo. “Isso não é uma brincadeira. Eles estão escalando. Quem quer que seja, está te observando.”

“Eu fui observada minha vida inteira,” eu disse. “Por inimigos. Por aliados. Por você.”

Suas narinas dilataram. “Eu não sou seu inimigo.”

“Então pare de me tratar como se eu fosse sua ajudante adolescente e comece a agir como alguém que me respeita.”

Seus olhos se fixaram nos meus—furiosos, conflituosos, intensos demais. “Eu respeito.”

“Então pare de ser arrogante. E coloque uma camisa.”

“Não.”

Claro que não.

Ele pegou o telefone novamente e ligou para alguém - Mamãe, aparentemente - porque eu o ouvi dizer "França" e "Tirem eles do gala agora. É sério."

Ótimo.

Agora meus pais, que estavam em Paris participando de um gala exclusivo com bilionários e Birkins, iriam voar de volta em pânico porque alguém decidiu me ameaçar ciberneticamente novamente.

Luca terminou a ligação, mandíbula tensa.

"Estão voltando para casa," ele disse. "Seu pai quer um bloqueio total. Você não vai sair desta villa até rastrearmos eles."

Eu estreitei os olhos. "Não aja como se você se importasse."

"Eu não me importo," ele retrucou. Depois pausou. E então acrescentou, "Eu só não quero você morta."

Nossa. Que romântico.

Passei por ele em direção às escadas.

"Onde você vai?" ele latiu.

"Fazer minha rotina de cuidados com a pele e gritar em um travesseiro. Mais alguma coisa, General Arrogância?"

Ele passou a mão pelo cabelo, os músculos abdominais ainda flexionando como traidores. "Você é impossível."

"E você está sem camisa. De novo. Pelo amor de tudo que é sagrado, coloque alguma roupa antes que eu fique emocionalmente confusa e acidentalmente te beije de propósito."

Isso o calou.

Eu sorri, joguei o cabelo e subi as escadas.

Deixe ele se contorcer.

Deixe os Diablos virem.

E deixe Luca Bianchi se arrepender de cada segundo em que me deixou crescer nesta tempestade implacável, mesquinha e deslumbrante.

A manhã seguinte não foi entediante. Porque nada diz "delícia matinal" como sua melhor amiga quase sendo derrubada por guardas armados da máfia em saltos Versace.

Tudo começou com o som de sinos. Repetidos. Agudos. Desrespeitosamente cedo.

E o caos que se seguiu foi... bem, o auge do Drama de Bloqueio da Mansão Gregori.

Eu estava no meio de um cappuccino e tentando processar o fato de que meu hidratante favorito estava fora de estoque quando meu telefone vibrou com uma mensagem tão agressiva que merecia uma sirene:

🛑 ABRA O PORTÃO ANTES QUE EU DERRUBE ESTE GUARDA COM MEUS SALTOS PLATAFORMA!

— MIAAAAAAAA

Eu congelei.

Mia?

MIA.

Minha companheira de todas as horas. Meu furacão brasileiro favorito em um macacão de couro. Minha melhor amiga de infância. Uma glamazon de um metro e oitenta com maçãs do rosto que poderiam cortar vidro e um caminhar que fazia os homens questionarem toda sua existência. Ela estava de volta de Milão via Paris, onde acabara de encerrar uma sessão de fotos para a Vogue Itália, e claramente havia decidido que o bloqueio não se aplicava a ela.

Corri até a janela da frente e gritei. "POR QUE ELA AINDA ESTÁ LÁ FORA?!"

Lá estava ela - impecável, furiosa, parada nos portões de ferro com óculos de sol na cabeça e seu motorista parecendo que se arrependia de toda sua carreira. O guarda - claramente novo - estava dizendo algo no seu fone de ouvido enquanto Mia parecia a um passo de desarmá-lo com uma bolsa.

"Deixem ela entrar!!" eu gritei para ninguém em particular, já marchando pelo corredor de mármore. "Vocês estão todos loucos?! Essa é Mia Monteiro, não uma terrorista!"

Quando cheguei ao saguão, o guarda ainda não tinha se movido, então naturalmente, eu enlouqueci.

Abri a porta, fiquei no topo das escadas como uma deusa da ira em pijamas de seda e chinelos fofinhos, e gritei—

"ELA ESTÁ NA LISTA DE CONVIDADOS, NA LISTA DE SANGUE, E NA LISTA 'FICAR FABULOSA ENQUANTO COME GELATO'! DEIXEM. ELA. ENTRAR."

Isso deve ter resolvido, porque de repente os portões se abriram.

Infelizmente, meu grito também acordou Ele.

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