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CAPÍTULO 07

Elijah Vaughn

Depois de recuperar o fôlego, ainda sentindo o gosto ácido queimando na garganta, ele me puxou para dentro de um banheiro. Reconheci imediatamente que era um reservado para os guardas.

"Enxágue a boca e seja rápido. Se formos pegos aqui, vai custar caro."

Engoli em seco e fiz o que ele disse. Joguei água na boca, cuspi e lavei o rosto, tentando afastar a sensação sufocante do que acabara de acontecer. Minhas mãos tremiam enquanto a água fria corria sobre elas, mas não havia espaço para fraqueza.

Ele bateu no meu ombro, apressando-me para sair.

Voltamos ao corredor da prisão sem trocar uma palavra. O cheiro pesado de metal e suor pairava no ar. O medo ainda dominava cada parte de mim, enquanto eu permanecia entorpecido, olhando tudo como se fosse apenas mais um dia comum.

"Agora vou te mostrar a prisão. Os lugares onde você pode ir... e os que deve evitar." Sua voz manteve-se neutra, mas firme.

A primeira parada foi uma enorme lavanderia. O cheiro forte de detergente misturado com o fedor ácido de roupas sujas invadiu meu nariz. Os presos esfregavam as roupas à mão em bacias manchadas, enquanto outros empilhavam montes de uniformes prontos para redistribuição. Alguns trabalhavam incansavelmente em manchas impossíveis, revezando-se para carregar cestos de roupas sujas e organizar as limpas.

"É aqui que os uniformes são lavados. Todo mundo tem que trabalhar em alguma área, e esta é uma das principais. Se você quer ficar fora de problemas, é uma opção. Mas o trabalho é exaustivo."

Passamos por um grupo torcendo um uniforme laranja encharcado. Um deles olhou para cima, seu rosto endurecido, e voltou ao trabalho sem dizer uma palavra.

Seguimos para uma sala ampla onde dezenas de presos sentavam-se em mesas de madeira. Alguns costuravam, outros cortavam tecido ou separavam pilhas de uniformes.

"Esta é a seção de costura. Aqui, as roupas são consertadas, novos uniformes são feitos e, às vezes, até o equipamento dos guardas é reparado."

Um prisioneiro magro focava intensamente em costurar um uniforme preto. Suas mãos ágeis ignoravam o barulho ao redor. Ele fez um pequeno aceno quando reconhecido e voltou imediatamente ao trabalho.

"Se você souber costurar, pode tentar trabalhar aqui. Mas cuidado. É fácil se cortar com agulhas e tesouras. E se alguém quiser te machucar, pode fazer isso sem que os guardas percebam."

Continuamos por um longo corredor até o setor de manutenção. Homens esfregavam os pisos, limpavam os corredores e trabalhavam na tubulação enferrujada.

"A equipe de limpeza mantém os banheiros e corredores em ordem. É trabalho duro, mas mantém sua mente ocupada."

"Os guardas forçam todos a trabalhar?" perguntei, ainda tentando absorver tudo.

Ele soltou uma risada curta.

"Não exatamente. Mas se você não tiver um trabalho, eles vão encontrar um para você... e nem sempre será algo que você vai gostar. E se você se machucar, seu destino pode ser a enfermaria. Mas não se engane, novato; aquele lugar não é seguro. Alguns fingem doença para escapar do trabalho; outros são arrastados para lá após brigas violentas. Se você estiver sozinho e vulnerável... bem, não conte com os guardas para te proteger."

Um arrepio percorreu minha espinha. A mensagem era clara: nenhum lugar aqui é seguro.

Caminhamos por um corredor escuro e sujo até que ele parou abruptamente, sua expressão mais séria do que antes.

"Este é o lugar onde você não quer ir." Ele apontou para uma porta de metal com dois cadeados. "Isso é a solitária. Se você for jogado lá, pode passar dias ou semanas sem ver a luz do sol. Alguns saem de lá completamente destruídos."

Engoli em seco.

"E essa aqui?" perguntei, apontando para a porta ao lado.

Ele hesitou por um momento antes de responder.

"Essa é a ala dos uniformes pretos. É onde vivem os verdadeiros monstros. Se você tiver um mínimo de instinto de sobrevivência, fique bem longe."

Meu estômago gelou.

"E... ele?" Minha voz saiu baixa, trêmula.

Ele olhou para o lado por um segundo antes de acenar com a cabeça.

"Sim. É onde o Ceifador dorme."

O peso dessas palavras recaiu pesadamente sobre mim.

Ele não explicou mais nada—apenas continuou andando.

Depois de alguns momentos, ele parou e suspirou.

"Há mais algumas coisas que você precisa saber sobre este lugar."

Ele olhou ao redor, certificando-se de que ninguém estava perto o suficiente para ouvir.

"Aqui dentro, tudo tem um preço. Há um mercado negro onde cigarros, comida extra, remédios—até armas improvisadas—são trocados. Às vezes, os guardas estão envolvidos, fechando os olhos em troca de favores. Se você precisar de algo, pode conseguir... mas nunca de graça. E se você deve algo a alguém, você vai pagar. De um jeito ou de outro."

Engoli em seco novamente.

A ideia de ter que negociar até pelas necessidades básicas só aumentava o pavor crescendo dentro de mim.

"Além das facções, há gangues. Pequenos grupos tentam se manter juntos para melhorar suas chances, mas a maioria acaba sendo absorvida ou exterminada por grupos mais fortes. Os grupos maiores controlam seções inteiras da prisão, com poder quase igual ao dos guardas. Ficar sozinho por muito tempo garante uma coisa: virar alvo."

De repente, ficar sozinho não parecia mais a melhor ideia.

"Mas acima de qualquer gangue, há uma autoridade incontestável por trás dessas paredes: o Ceifador. Ele não se importa com o que os outros fazem, contanto que ninguém toque no que é dele. Os guardas o respeitam. Os presos o temem. Ele não precisa de seguidores—porque para ele, todos já estão sob seu domínio."

Passamos por um grupo reunido em volta de uma mesa improvisada, jogando com cartas gastas. Um segurava um maço de cigarros, outro um pedaço de pão.

"E os jogos ilegais? Alguns jogam só para passar o tempo, mas outros apostam coisas valiosas. Cigarros, comida, favores... até pessoas. Se você perder demais, pode acabar fazendo parte da aposta. E trapacear? Se te pegarem, você pode ser morto na hora. Eu já vi isso acontecer."

Outro arrepio percorreu minha espinha.

"Mais alguma coisa?" perguntei, absorvendo cada detalhe do inferno no qual eu estava agora preso.

Ele parou em frente a uma porta de ferro com uma pequena abertura. Seu olhar ficou mais frio.

"Celas de punição. Diferente da solitária, onde você pode eventualmente sair, a cela de punição é um poço sem fundo. Quem entra lá raramente sai. Alguns morrem lá dentro sem que ninguém perceba. Então faça um favor a si mesmo—não dê motivos para te jogarem lá."

Meu corpo inteiro ficou tenso. Cada canto dessa prisão parecia projetado para esmagar qualquer traço de humanidade.

"Mais alguma coisa?" perguntei, esperando que o tour finalmente tivesse acabado.

Ele deu uma risada seca.

"Sabe, a maioria das pessoas acha que trabalhar na cozinha é ruim. Confie em mim, poderia ser muito pior. Alguns são forçados a carregar cargas pesadas, descarregar caminhões ou limpar esgoto. Outros acabam sendo usados pelos guardas para tarefas pessoais... e não do tipo que você esperaria. Aqui, você não escolhe seu destino. Se alguém decide que você vai fazer algo, você faz. Ou paga o preço."

O nó na minha garganta apertou.

Cada palavra só reforçava uma coisa: Inferno Bay não era apenas uma prisão.

Era pura crueldade.

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