




CAPÍTULO 03
Dante Castelli.
O vapor quente encheu o banheiro, grudando nos azulejos sujos e no espelho rachado. Meus músculos relaxaram sob a água escaldante enquanto eu segurava o corpo submisso abaixo de mim.
Gemidos e gritos abafados ecoavam pelo ambiente, mas nada disso importava.
Eu estava apenas terminando o que havia começado.
Empurrei o corpo suado contra o chão frio e me afastei sem pensar duas vezes. A água escorria pelo meu peito, deslizando sobre as tatuagens gravadas na minha pele bronzeada. Peguei a toalha e comecei a secar meu cabelo longo, já preso no seu habitual coque.
Atrás de mim, a voz irritante de Viper veio em um lamento que beirava o choro.
"Você foi muito bruto, amor."
Revirei os olhos, a paciência por um fio.
Será que ele realmente acha que pode me chamar assim?
A irritação percorreu minha espinha.
Continuei me secando, ignorando seus gemidos lastimosos. Peguei o uniforme preto dobrado no balcão e comecei a me vestir. Cada costura daquele tecido era um lembrete do meu status neste lugar. Um título que poucos ousavam desafiar.
Depois de abotoar a camisa, lancei um olhar frio para o garoto ainda espalhado no chão.
"Essa foi a última vez que te comi. Considere-se sortudo."
Ele congelou. Seus olhos se arregalaram de choque, pânico estampado em seu rosto pálido. Seus lábios tremeram, lutando para formar palavras.
"P-Por quê? O que eu fiz de errado?" Ele engasgou, rastejando em minha direção. "Por favor, não faça isso, Ceifador."
Suspirei, já entediado com a exibição patética.
"Tenho um novo brinquedo."
Ele piscava rapidamente, tentando processar as palavras.
"E ele..." continuei, ajustando minhas mangas, "é alguém que esperei muito tempo para reivindicar."
O rosto de Viper se contorceu em desespero, mas eu já não prestava mais atenção. Virei as costas e saí do banheiro, sentindo seu olhar desesperado queimando em mim.
Mas ele não importava mais.
Meu nome é Dante Castelli. Quarenta anos. Um nome que já foi temido por muitos, respeitado por todos. Um símbolo de poder absoluto.
As pessoas me chamam de mafioso. Estão erradas. Mafiosos seguem códigos, respeitam a hierarquia e constroem alianças.
Eu não.
Sou pior.
Sou o líder de um cartel. E não de qualquer cartel. Meu império se estende muito além de drogas e armas. Trafiquei pessoas. Mulheres, jovens, até crianças—leiloadas em eventos privados acessíveis apenas à elite mais poderosa do mundo. Políticos. Magnatas. Criminosos influentes. Todos faziam negócios comigo.
A máfia mata quando necessário. O cartel mata por prazer. A máfia opera em silêncio. O cartel espalha terror nas ruas. A máfia constrói conexões. O cartel queima qualquer um que se recuse a obedecer.
Eu ainda comando tudo. A única diferença é que meu império agora tem paredes de concreto e barras de ferro. Mas nada mudou. Os negócios continuam intactos, meus homens cumprem minhas ordens, e o dinheiro flui como sangue pelas veias deste mundo criminoso.
A traição veio de onde eu menos esperava. O homem que eu chamava de minha mão direita me entregou ao FBI como se eu fosse um cachorro descartável. Um erro que custou a vida dele.
Fui capturado em Tenebrae, um dos territórios que eu governava com mão de ferro. Mas minha verdadeira base sempre foi Eldoria—o coração de tudo. De lá, eu gerenciava redes de tráfico humano, rotas de drogas, negócios de armas e lavagem de fortunas através de empresas de fachada e políticos corruptos.
O FBI não tinha ideia, mas Eldoria me pertence. Cada cidade, cada rua, cada alma miserável que caminha por suas calçadas servia ao meu império de alguma forma.
Policiais? Políticos? Juízes? Todos comem na minha mão. Mesmo preso, minha influência permanece intocada. Os negócios nunca pararam. Eu ainda decido quem vive e quem morre.
Porque eu não sou um homem comum.
Sou um deus neste submundo.
Um comando, e eu poderia sair daqui. Cada obstáculo eliminado. Mas algo aconteceu. Algo que fez cada segundo neste inferno valer a pena.
Meu brinquedo finalmente chegou.
A espera foi longa. Agonizante. Eu sonhava com ele. Fantasiava. Cada pensamento, cada desejo doentio, cada batida do coração alimentada por ele. E agora, o destino—torcido e cruel—trouxe Elijah diretamente para mim.
Aqui dentro, ele é meu. Nenhum olhar vagante será tolerado. Nenhuma mão imunda o tocará sem perder os dedos. Qualquer desafio será esmagado antes mesmo de começar.
Talvez ele tenha me esquecido. Mas eu nunca o esqueci.
Aquele dia.
Aquele momento breve e sem significado para ele—mas para mim, foi o suficiente para incendiar minha pele e me arrastar à beira da loucura. Ele me ajudou sem nem saber quem eu era. Um gesto simples para alguém como ele... mas para mim, foi uma sentença.
Desde então, cada centímetro dele pertence a mim. Aquele sorriso gentil gravado na minha memória. Aqueles olhos azuis inocentes e arregalados que me olhavam sem medo.
Sua voz suave me chamando de "senhor", sem ter ideia do abismo em que estava caindo. Aquela pele pura e delicada... só esperando para ser marcada.
Naquele dia, tomei uma decisão irreversível. Assim que meus negócios estivessem resolvidos, eu viria buscá-lo. Eu o tomaria, o quebraria, e o reconstruiria exatamente como eu queria.
Eu ouviria ele sussurrar meu nome entre dentes cerrados e esmagaria minha boca contra a dele até cada respiração pertencer a mim. Eu cravaria meus dentes em sua pele até não sobrar um centímetro intocado.
Sonhei com esse momento tantas vezes que perdi a conta.
E agora... o destino o entregou a mim. Ele pousou aqui. No meu domínio.
Onde não há escapatória.
Onde ninguém pode salvá-lo.
O refeitório estava cheio, vozes entrelaçadas em conversas baixas e risos suaves. Mas no momento em que meus pés cruzaram o limiar, tudo mudou.
O silêncio caiu como uma tempestade se aproximando. O tilintar de colheres contra bandejas de metal parou. Olhos se abaixaram. Costas se endireitaram. Todos ali sabiam o que minha presença significava.
Medo.
Respeito.
Submissão.
Caminhei até minha mesa habitual, cada passo ecoando no chão frio. Ninguém ousava falar. Os mais ousados lançavam olhares furtivos, tentando ler meu humor.
Mas qualquer um com meio cérebro sabia que chamar minha atenção era um erro fatal.
Tony, meu braço direito nesta prisão, seguia logo atrás. Assim que me sentei, ele colocou minha bandeja na minha frente. Não era a gororoba que davam aos outros.
Enquanto eles mastigavam pão endurecido e caldo sem gosto, minha refeição era bife, batatas assadas e uma grossa fatia de torta de maçã. Ser rei neste inferno tinha seus privilégios.
Antes de dar uma mordida, escaneei a sala pelo que realmente importava.
Não demorou para encontrá-lo.
Lá estava ele.
Sentado com Fox—sua frágil desculpa de proteção.
Meu pequeno coelho assustado.
Ombros curvados. Olhos arregalados e inquietos. Uma estrutura trêmula. O medo só o tornava mais adorável.
Passei a língua pelos lábios, devorando cada detalhe daquela estrutura delicada.
A expressão inocente. Os traços suaves. A maneira como seus lábios se abriam para morder um pedaço de comida.
Só a visão dele fazia meu pau pulsar de desejo.
Sua vulnerabilidade despertava algo primitivo em mim.
Um calor percorreu meu corpo—fome crua, urgente. Quero arrastá-lo para minha cama, esmagá-lo sob mim, e fodê-lo até sua voz se quebrar de tanto gritar meu nome. Até sua pele cheirar a mim, marcada pelos meus dentes, minhas mãos e meu desejo.
Meu coração acelerou quando ele levantou a cabeça, aqueles grandes olhos encontrando os meus.
E pela primeira vez—ele me viu.
Não o homem que ele conheceu uma vez há muito tempo. Não uma memória distante. Agora, ele viu tudo de mim.
Seus lábios se entreabriram levemente. O medo brilhou em seu olhar, como uma chama prestes a se apagar.
Ele não se lembra de mim.
Fox, esperto como sempre, percebeu o perigo imediatamente. Antes que Elijah pudesse reagir, ele foi puxado, praticamente arrastado em direção à cozinha.
Um riso baixo escapou dos meus lábios.
Áspero.
Lento.
Carregado de antecipação.
Meus dedos deslizaram até meu pau, ainda duro e latejando. Nem mesmo depois de usar aquele lixo patético, Viper, meu tesão diminuiu. Tudo por causa dele.
Elijah.
Meus olhos se voltaram para Tony, ainda parado ao meu lado, esperando ordens. Ele conhecia as regras aqui. Sabia que meu humor ditava o equilíbrio dentro dessas paredes.
"Avise aos guardas," eu disse, minha voz baixa e afiada como uma lâmina, "que o novato agora pertence a mim. Quero ele na minha cela esta noite."
Tony não hesitou.
"Sim, senhor. Vou notificá-los imediatamente."
Antes que ele saísse, levantei a mão, parando-o.
"Mais uma coisa."
Ele congelou instantaneamente, alerta.
Meus olhos se estreitaram, um brilho perigoso cruzando meu rosto.
"Ninguém tocou nele. Certo?"
Tony engoliu em seco.
"Não, senhor. Ninguém ousou."
Um sorriso satisfeito curvou meus lábios.
"Excelente. Agora vá."
Observei enquanto ele desaparecia pelo corredor, já planejando todos os cenários possíveis para esta noite.
Não vejo a hora de tê-lo na minha cela.