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Capítulo 6

Hannah

Nos primeiros vinte minutos, as coisas não estavam terríveis. Richard pediu uma garrafa de vinho cara sem me consultar, mas foi educado, perguntando sobre meus estudos e parecendo genuinamente interessado nas minhas respostas. Mas então a conversa mudou.

"Minha ex-esposa nunca entendeu as exigências do meu cargo," ele disse, girando o vinho na taça. "Vinte e três anos de casamento, e ela ainda reclamava quando eu perdia o jantar por causa de reuniões com clientes."

E assim, as comportas se abriram. Nos quarenta minutos seguintes, eu aprendi cada detalhe excruciante sobre o divórcio dele, os hábitos de consumo da ex-esposa e como o juiz "o roubou" no acordo. Eu acenava com a cabeça e fazia sons simpáticos enquanto procurava Emma no restaurante, que estava no bar fingindo não nos observar.

"Chega de falar de mim," ele finalmente disse, estendendo a mão pela mesa para tocar a minha. "Vamos discutir nosso acordo."

Minha boca ficou seca. "Ok."

"Eu viajo frequentemente a negócios – Nova York, Londres, ocasionalmente Tóquio. Gostaria que você me acompanhasse nessas viagens. Você teria seu próprio quarto, claro, até nos sentirmos mais confortáveis um com o outro."

Tomei um grande gole de vinho. "E quando não estivermos viajando?"

"Jantar duas vezes por semana. Vários eventos sociais – galas de caridade, jantares de negócios, esse tipo de coisa." Seus olhos caíram brevemente no meu decote. "E tempo privado depois. Sou um homem ocupado, Hannah, mas tenho necessidades."

A maneira como ele disse "necessidades" fez minha pele arrepiar. Imaginei aquelas mãos bem cuidadas no meu corpo e lutei contra um arrepio.

"Em troca," ele continuou, "eu fornecerei uma mesada mensal de cinco mil dólares, além de presentes, despesas e quaisquer custos de matrícula. Com base no que você me contou sobre sua situação, darei um adicional de dez mil dólares, o que deve cobrir suas necessidades imediatas."

Cobriria. Cobriria tudo e ainda sobraria. Eu poderia pagar Vincent e ainda ter dinheiro restante. Mas a que custo?

"Entendo que isso é novo para você," Richard disse, interpretando mal minha hesitação. "Você está nervosa. Isso é natural."

Eu acenei com a cabeça, grata pela saída. "Sim, eu... isso é tudo muito novo. Acho que preciso de alguns dias para pensar. Tudo bem?"

Seu sorriso era ensaiado e paciente. "Claro. Tome seu tempo. Acho que os melhores acordos vêm de uma consideração cuidadosa." Ele estendeu a mão e tocou meu rosto. "Você realmente é maravilhosa, Hannah. Espero que diga sim."

Uma hora depois, eu estava sentada em um barzinho com Emma, tomando uma dose de tequila para lavar a memória dos dedos de Richard na minha pele.

"E aí?" Emma pressionou. "O que você achou?"

"Achei que ele é chato pra caramba, e eu preferia morrer a dormir com ele," eu disse francamente.

Emma riu. "É, ele parecia meio... desgastado. Mas de um jeito sexy de galã grisalho, não acha?"

"Não, não acho! Ele falou sobre a ex-esposa por quase uma hora. E quando ele tocou minha mão, eu quis esfregar minha pele fora."

"Ok, então Richard é um não." Ela puxou o celular. "Mas você já tem mais três combinações. Um deles tem só trinta e oito anos e é dono de uma empresa de tecnologia."

Eu gemi, deixando minha cabeça cair no balcão pegajoso. "É isso que eu me tornei? Passando por um catálogo de velhos ricos que querem me comprar?"

"Não comprar você," Emma corrigiu. "Alugar você. Temporariamente. Até você se reerguer."

"Isso é muito melhor," murmurei sarcasticamente.

Emma ignorou meu tom, seus olhos grudados no celular. "Oh! Você acabou de receber uma nova combinação." Ela empurrou a tela na minha cara, quase derrubando minha bebida. "Trinta e dois anos, ele é dono de algum tipo de negócio. No perfil só diz 'empreendedor'."

Eu estreitei os olhos para a foto de perfil em branco com "VIP" estampado. "Isso não é nada suspeito."

"Ele pode estar mentindo sobre a idade," Emma deu de ombros, "mas podemos tentar. Ah, espera, ele está te mandando mensagem agora!" Seus dedos voaram pela minha tela. "Ele disse que está pronto para te encontrar hoje à noite."

"Hoje à noite?" Pisquei. "Tipo agora?"

"Sim!" Emma pulou na cadeira. "Ele está em um pub chamado The Lovely Castle. É literalmente na mesma rua. Podemos chegar lá em cinco minutos andando."

Eu gemi. "Emma, eu não aguento mais uma história de vida entediante."

"Se você deixar passar essa, pode ter que se contentar com um daqueles velhinhos enrugados," Emma rebateu. "Esse cara está mandando mensagem agora. Se ele encontrar outra sugar baby hoje à noite, você volta à estaca zero."

Olhei para meu copo quase vazio, ponderando minhas opções. Outra noite de conversa entediante versus... o quê? Voltar para o meu apartamento para me estressar com o saldo bancário?

"Tá bom," suspirei. "Mas você vem comigo, e se ele começar a falar sobre os hábitos de gasto da ex-mulher, a gente vai embora."

Emma bateu palmas. "Combinado! Deixa eu só pagar nossa conta."

Dez minutos depois, estávamos caminhando em direção ao The Lovely Castle, um pub chique que fazia meu bolso chorar só de olhar. O exterior era todo de madeira polida e detalhes em bronze, com uma pequena fila de pessoas bem vestidas esperando para entrar.

"Esse lugar parece caro," sussurrei para Emma enquanto nos aproximávamos da entrada.

"Isso é um bom sinal," ela sussurrou de volta. "Significa que seu sugar daddy tem grana."

Passamos pelo segurança, que mal nos olhou antes de nos deixar entrar. O interior era pouco iluminado, todo de madeira escura e couro, com um enorme bar dominando uma das paredes. Música jazz tocava em um volume que permitia conversar sem gritar.

"Então, onde ele está?" Eu escaneei a sala lotada, procurando por um homem que pudesse estar esperando por um encontro com uma sugar baby.

"Ele disse que estaria vestindo uma camisa azul na mesa do canto," Emma respondeu, ainda rolando nossa conversa. "Eu não vejo—"

Congelei no meio do passo. Sentado em uma mesa no canto estava o misterioso estranho que me resgatou do bêbado no The Velvet Room. Ele era ainda mais bonito do que eu lembrava, seu cabelo escuro perfeitamente arrumado, o queixo bem barbeado. Ele usava uma camisa azul de botões com as mangas arregaçadas, revelando antebraços fortes.

Como se sentisse meu olhar, ele olhou para cima. Reconhecimento brilhou em seus olhos, e ele levantou a mão em um aceno casual.

"Emma," sibilei, agarrando seu braço. "É ele. O que me ajudou com o bêbado."

Os olhos de Emma se arregalaram. "Não acredito. O que ele está fazendo aqui?"

"Não sei, mas ele acabou de acenar para mim." Meu coração estava acelerado. "Talvez ele esteja só sendo educado? Onde está o sugar daddy?"

Antes que Emma pudesse responder, o estranho se levantou e começou a caminhar diretamente em nossa direção. Ele se movia com a mesma confiança fluida que eu notei naquela noite, atraindo olhares de várias mulheres enquanto passava.

"Hannah," ele disse quando chegou até nós, sua voz um grave profundo que me arrepiou. "Eu estava esperando que você viesse."

Eu o encarei, a confusão nublando meus pensamentos. "Você estava me esperando?"

Um pequeno sorriso brincou nos cantos da boca dele. "Eu sou o Leo82 no Elite Arrangements. Prefiro Leonardo Salvatore pessoalmente."

Minha mandíbula caiu. "Você... você é o sugar daddy?"

Emma fez um som estrangulado ao meu lado que parecia suspeitosamente com risos contidos.

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