




Capítulo 4
Hannah
Levantei-me do chão e peguei meu telefone. Primeiro as primeiras coisas – eu precisava de mais horas no trabalho. Disquei para o café onde estava servindo café nos últimos dois anos.
"Moonbeam Coffee, aqui é o Jerry."
"Oi Jerry, é a Hannah. Escuta, eu preciso de todos os turnos extras que você puder me dar. Tipo, começando hoje."
Houve uma pausa do outro lado da linha. "Hannah, você já está trabalhando vinte e cinco horas."
"Eu consigo lidar com isso," insisti. "Pegarei turnos de manhã antes da aula, turnos à noite depois, o que você tiver. Por favor, Jerry. É importante."
Ele suspirou. "Posso talvez te colocar até trinta e cinco horas, mas isso é o limite. E nada de adiantamentos no pagamento – política da empresa."
Meu coração afundou. "Trinta e cinco é melhor que nada. Obrigada."
Depois de desligar, fiz alguns cálculos rápidos. Mesmo com as horas extras, eu ganharia talvez uns R$2.000 em um mês. Longe de ser suficiente.
Tomei um banho rápido, tentando lavar a sensação dos olhos de Vincent no meu corpo. A água quente não conseguia apagar a memória das palavras dele: "Uma garota bonita como você poderia ganhar esse dinheiro em um fim de semana." Dei um soco na parede do chuveiro, acolhendo a dor nos meus nós dos dedos.
Ao meio-dia, eu estava sentada no escritório de ajuda financeira, a perna balançando nervosamente enquanto esperava minha consulta. A conselheira, uma mulher de rosto amável com cabelos grisalhos, puxou meu arquivo e franziu a testa.
"Sinto muito, Hannah, mas você já esgotou seus empréstimos federais para o ano. E seu auxílio emergencial do semestre passado..." Ela parou, parecendo simpática. "A universidade simplesmente não pode oferecer assistência adicional neste momento."
Saí me sentindo vazia. O campus estava agitado com estudantes relaxando na grama, rindo, completamente alheios ao fato de que minha vida estava desmoronando. Deve ser bom.
Encontrei Emma no nosso ponto habitual do café entre as aulas. Seu rosto caiu no momento em que me viu.
"Jesus, Hannah, você parece um desastre. O que aconteceu?"
Desabafei toda a história – a aparição de Vincent, suas sugestões nojentas, o prazo de trinta dias. A expressão de Emma mudou de preocupação para indignação.
"Aquele pervertido!" ela exclamou, alto o suficiente para que vários estudantes próximos olhassem. Ela abaixou a voz. "Ele realmente sugeriu que você... o quê, se tornasse uma prostituta para pagar ele? Quem ele pensa que é?"
"Alguém que sabe que estou desesperada," disse, mexendo o café sem beber. "E ele está certo – estou desesperada. Tenho R$32 na conta e preciso de quinze mil."
Emma estendeu a mão e segurou a minha. "Eu tenho um dinheiro guardado. Cerca de mil reais daquele trabalho de bartender. É seu."
Balancei a cabeça. "Não posso aceitar seu dinheiro."
"Você não está aceitando; estou dando. E não vou aceitar um não como resposta." Seus olhos suavizaram. "Han, aquele cara te ameaçou. Ele ameaçou sua mãe. Isso não é mais só sobre dinheiro."
Apertei a mão dela de volta, lutando contra as lágrimas. "Mesmo com seu mil, ainda estou muito longe."
"E sobre outro empréstimo?" sugeriu Emma.
"Foi assim que entrei nessa bagunça em primeiro lugar!" Peguei meu telefone e mostrei a ela o que estava pesquisando a manhã toda. "Olhe essas histórias de terror sobre agiotas. Um cara pegou dez mil e acabou devendo cinquenta. Outra mulher teve que fugir da cidade porque estavam ameaçando a família dela."
Emma ficou pálida enquanto lia os artigos. "Ok, esquece essa ideia. Nada de mais empréstimos. Especialmente de caras como o Vincent."
Naquela noite, sentei-me de pernas cruzadas na cama com meu laptop, planilhas abertas enquanto calculava todos os cenários possíveis. Entre as aulas e meu agora expandido horário no café, eu poderia talvez juntar R$3.000 com a ajuda da Emma. Eu precisaria vender tudo o que possuo para conseguir mais mil ou dois.
Isso ainda me deixaria pelo menos R$10.000 em falta.
Eu desabei de volta nos meus travesseiros, exausta. O trabalho na cafeteria mal cobria o aluguel e as compras em um mês bom. Mesmo se eu largasse a universidade agora e trabalhasse em tempo integral – o que significaria dar adeus aos meus estudos quando estava tão perto de terminar – a matemática simplesmente não fechava.
"Puta merda," sussurrei para o quarto vazio. Meu celular vibrou com uma mensagem do meu chefe confirmando meu novo horário – turnos matinais na terça e na quinta antes das aulas, noites de segunda a sábado e turnos duplos no domingo. Eu estaria trabalhando quase quarenta horas por semana além da carga completa de cursos.
E ainda assim não seria suficiente. Nem de perto.
Virei de lado, abraçando o travesseiro contra o peito enquanto lágrimas escorriam nos lençóis. O rosto zombeteiro de Vincent apareceu na minha mente, sua voz deslizando pelos meus pensamentos: "Uma garota bonita como você poderia ganhar esse dinheiro em um fim de semana."
Joguei o travesseiro do outro lado do quarto. "Nem pensar," disse em voz alta para o apartamento vazio. Tinha que haver outra maneira. Tinha que haver.
Meu celular vibrou. Emma.
Emma: Vem aqui. Tenho vinho e um plano.
Suspirei, pegando minha jaqueta. Os "planos" de Emma geralmente envolviam tequila ou ideias terríveis. Às vezes, ambos. Mas agora, até uma ideia terrível parecia melhor do que me afogar na solidão do meu apartamento.
Vinte minutos depois, eu estava batendo na porta de Emma. Ela a abriu, vestindo shorts de pijama e uma camiseta enorme, o cabelo preso de forma desleixada no topo da cabeça.
"Onde estão todos?" perguntei, entrando. Emma dividia o lugar com outras duas garotas que geralmente ficavam na área comum.
"Jess está na casa do namorado e Mia foi visitar os pais." Emma me serviu uma generosa taça de vinho tinto. "O que significa que podemos falar livremente."
Afundei no sofá dela, tirando os sapatos. "Falar livremente sobre o quê?"
"Sobre como vamos conseguir quinze mil reais para você em menos de um mês." Ela bateu sua taça contra a minha. "Estive pensando."
"Isso é perigoso," murmurei no meu vinho.
"Me escuta. E o Michael?"
Quase engasguei. "Michael? Nosso amigo Michael? CEO Michael?"
"Sim, aquele Michael. O que acabou de comprar uma segunda casa de férias e dirige um carro que custa mais do que nossos ganhos combinados de uma vida."
Balancei a cabeça vigorosamente. "De jeito nenhum."
"Por que não?" Emma insistiu, enchendo minha taça antes que eu pudesse dar um gole decente. "Ele é rico, Hannah. Tipo, muito rico."
"Exatamente por isso, não." Afundei ainda mais no sofá. "Michael é nosso amigo. Você não pede quinze mil reais a um amigo."
Emma revirou os olhos. "Amigos se ajudam."
"Há uma diferença entre ajudar e pedir para alguém pagar seu agiota." Dei um grande gole no vinho. "Além disso, o que acontece quando eu não puder pagar de volta? Nossa amizade estaria arruinada."
E havia outra coisa. A coisa que eu não ia contar para Emma, mesmo depois de três taças de vinho. Toda vez que Michael sorria para mim com aqueles dentes perfeitos ou arregaçava as mangas, revelando aqueles antebraços, meu estômago fazia esse movimento irritante. A última coisa que eu precisava era misturar dinheiro com essa paixonite estúpida.
"Tá bom," Emma disse, interrompendo meus pensamentos. "Guarda o Michael como um último recurso."
Assenti, aliviada por ela ter deixado o assunto de lado. "Último recurso. Entendido."
Emma encheu nossas taças novamente e encolheu os pés debaixo de si. "Então, tenho outra ideia."
"Por favor, me diga que não envolve vender órgãos no mercado negro."
"Nada tão dramático." Ela sorriu maliciosamente. "Você já ouviu falar de sugar dating?"
Quase cuspi meu vinho. "Sugar dating? Tipo ser... sei lá, de um cara rico?"
"Sugar baby," Emma corrigiu prestativamente. "E sim."
"Isso é basicamente prostituição!"
"Não é," Emma insistiu. "É um acordo. Minha colega de quarto Jess faz isso há meses."