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Capítulo 3

Hannah

O sol da manhã filtrava-se pela cortina, lançando padrões pelo chão do meu quarto. Enterrei o rosto mais fundo no travesseiro, saboreando esses últimos momentos de paz antes de enfrentar mais um dia de aulas, trabalho e o constante malabarismo que era a minha vida.

BANG. BANG. BANG.

As batidas na porta do meu apartamento me despertaram como um choque elétrico. Sentei-me ereta, com o coração batendo forte no peito.

BANG. BANG. BANG.

"Já vou!" gritei, saindo da cama apressada. Olhei para o celular. 9:08 da manhã. Quem diabos estava tentando arrombar minha porta a essa hora?

Peguei um robe para jogar por cima dos meus shorts de dormir e regata, verificando rapidamente o quarto da minha mãe ao passar. Vazio, como esperado. Ela já tinha saído para o trabalho, apesar de quão exausta parecia na noite anterior. A mulher nunca parava, mesmo quando deveria.

As batidas continuavam, cada impacto fazendo a porta tremer na moldura.

"Eu disse que já vou!" gritei, lutando com a corrente da tranca. Abri a porta com um puxão, pronta para dar uma bronca em quem quer que estivesse do outro lado.

Meu estômago afundou.

Vincent Graves estava na minha porta, preenchendo a moldura com seus ombros largos e sua carranca permanente. Seu cabelo grisalho estava penteado para trás, e seu terno caro não conseguia esconder o fato de que ele era forte como um segurança. O que ele tinha sido antes de ascender para empreendimentos mais lucrativos na cobrança de dívidas.

"Hannah Mitchell," ele disse, sua voz enganosamente suave. "Surpresa em me ver?"

Engoli em seco. "Sr. Graves. O que está fazendo aqui?"

Ele sorriu, mostrando os dentes sem nenhum calor. "Esqueceu de algo? Um pequeno acordo financeiro entre amigos?"

Minha mente corria. O empréstimo. O dinheiro que eu havia pegado emprestado três meses atrás, quando as contas médicas da minha mãe se acumularam mais rápido do que eu podia administrar. O dinheiro que eu havia prometido pagar até agora.

"Eu não esqueci," disse, tentando manter a voz firme. "Só preciso de mais um pouco de tempo."

O rosto de Vincent escureceu enquanto ele dava um passo à frente, me forçando a recuar para dentro do apartamento. Ele fechou a porta atrás de si com um clique suave que de alguma forma parecia mais ameaçador do que se ele a tivesse batido.

"Tempo?" Ele riu, o som como cascalho sob os pneus. "Você acha que estou dirigindo uma instituição de caridade aqui, princesa? Esqueceu do nosso acordo? Você veio até mim, com os olhos marejados, falando das contas médicas da sua mamãe. Precisava de dinheiro rápido. Eu te dei. Três meses, você disse. 'Eu prometo, Sr. Graves, só três meses.'" Sua imitação da minha voz era aguda, zombeteira.

Apertei o robe mais firme ao meu redor, subitamente consciente de como o tecido era fino. "Eu sei o que disse. As coisas se complicaram."

"Complicaram? O complicado é explicar ao meu chefe por que uma garota universitária não pagou o que deve. Você acha que eu gosto de fazer visitas domiciliares às 9 da manhã?"

Minha boca secou. Eu sabia que o Vincent trabalhava para alguém maior, alguém cujo nome nunca era mencionado. Foi por isso que eu fui até ele em primeiro lugar – ele era o intermediário, o rosto de uma operação que permanecia nas sombras.

"Eu vou conseguir o seu dinheiro," eu disse, minha voz mais firme agora.

"Um mês." Ele levantou um único dedo tão perto do meu rosto que eu podia ver a sujeira sob sua unha. "É o que você tem. Trinta dias para pagar cada centavo."

Eu assenti rapidamente. "Eu consigo fazer isso."

Os olhos de Vincent desceram pelo meu corpo, demorando em lugares que fizeram minha pele arrepiar. "Sabe, existem outras maneiras de pagar dívidas. Uma garota bonita como você poderia conseguir esse dinheiro de volta em um fim de semana."

Meu estômago revirou. "Eu vou conseguir o dinheiro."

Ele sorriu maliciosamente. "Tem certeza? Muitos homens pagariam uma fortuna por um pedaço do que você está escondendo sob esse robe. Caramba, eu tenho clientes que quitariam sua dívida só por uma noite com esses peitos."

Cruzei os braços sobre o peito, sentindo-me nua apesar de estar coberta. "Isso não vai acontecer."

"Não?" Ele deu um passo à frente, e eu pude sentir o cheiro do seu perfume – muito forte, muito barato. "Qual a diferença entre o que estou sugerindo e o que vocês, garotas da faculdade, fazem de qualquer maneira? Transar com algum garoto da fraternidade de graça ou transar com um empresário por dinheiro – pelo menos um paga as contas."

Eu reprimi a vontade de dar um tapa nele. "Eu disse que vou conseguir o seu dinheiro."

"Um mês," ele repetiu, sua voz caindo para um sussurro perigoso. "Ou eu começo a explorar outras opções. Talvez sua mamãe precise de outro empréstimo? Talvez eu devesse começar a visitá-la no trabalho? Ou talvez eu apenas venda sua dívida para alguém que não se importe em ser bruto com garotas bonitas que não pagam."

Meu coração batia forte contra minhas costelas. "Isso não será necessário."

"Para o seu bem, espero que não." Ele estendeu a mão e enrolou uma mecha do meu cabelo ao redor do dedo. Eu congelei, sem ousar me afastar. "Porque se eu não receber meu dinheiro, vou garantir que alguém receba o valor do que vale essa sua doce bocetinha. De um jeito ou de outro, a dívida será paga."

Ele soltou meu cabelo e deu um passo para trás, endireitando o casaco. "Um mês, Hannah Mitchell. Tic-tac."

Com isso, ele se virou e saiu, deixando a porta aberta atrás dele.

Eu a bati com força e tranquei, depois desabei no chão, minhas costas contra a porta. Minhas mãos tremiam enquanto eu pegava o celular e verificava meu saldo bancário: R$ 32,47. Nem de longe os R$ 15.000 que eu devia.

Fechei os olhos, tentando pensar. Como diabos eu iria conseguir esse tipo de dinheiro em trinta dias?

As ameaças de Vincent ecoavam na minha mente, fazendo minha pele arrepiar. O jeito que ele olhou para mim, como se eu fosse mercadoria para ser negociada ou vendida... Eu estremeci e apertei o robe mais firme.

"Pervertido de merda," murmurei, enxugando lágrimas de raiva. A sugestão dele sobre "outras maneiras" de pagar minha dívida me fez querer esfregar minha pele até ficar em carne viva. A maneira casual como ele falou sobre me vender para seus clientes revirou meu estômago. Eu preferia me matar de trabalhar do que deixar isso acontecer.

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