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Capítulo 2

Hannah

Eu estava pensando se conseguiria me esconder no banheiro quando um homem corpulento em um terno amarrotado tropeçou no espaço que meus amigos haviam desocupado.

"Olá, linda," ele disse, com a voz arrastada, apoiando-se na mesa. A gravata pendia frouxa ao redor do pescoço e um rubor de álcool tingia suas bochechas. "Você está aqui sozinha?"

"Meus amigos estão dançando," respondi secamente, afastando-me enquanto ele deslizava para o banco ao meu lado.

Ele se inclinou mais perto, seu hálito fedia a uísque. "Sorte a minha. Quanto custa?"

Pisquei, sem entender. "Desculpe?"

"Seu preço, querida." Seus olhos desceram até o meu decote e ficaram ali. "Pela noite toda. Tenho uma suíte lá em cima."

Meu cérebro finalmente captou a implicação e o nojo tomou conta de mim. "Eu não sou—"

"Dois mil? Três?" Ele colocou a mão na minha coxa, os dedos entrando na fenda do vestido. "Você é mercadoria premium, baby. Esses peitos sozinhos valem—"

"Remova sua mão antes que eu a quebre." A voz era profunda e autoritária, vindo diretamente atrás de nós.

O homem bêbado se virou, carrancudo. "Cuide da sua vida, cara. Eu a vi primeiro."

Olhei para cima e vi o estranho misterioso de mais cedo parado ao lado do nosso banco. De perto, ele era ainda mais impressionante. Alto, com ombros largos que afinavam para uma cintura estreita, ele exalava uma aura de poder controlado que parecia preencher todo o espaço ao nosso redor. Seu queixo era tão afiado que poderia cortar vidro, e seus olhos escuros e penetrantes nunca deixaram o rosto do homem bêbado.

"A senhora não está à venda," ele disse, sua voz profunda e autoritária, cada palavra precisa e medida. "Peça desculpas e vá embora."

O homem bêbado se levantou instavelmente, estufando o peito. "Quem diabos você pensa que—"

Ele nunca terminou a frase. Em um movimento fluido, o estranho agarrou o pulso do bêbado, torceu-o para trás e pressionou seu rosto contra a mesa. Aconteceu tão rápido que mal registrei o movimento, como assistir a um pantera atacar.

"Não gosto de me repetir," o estranho disse calmamente, aumentando a pressão no braço do homem. "Peça desculpas à senhora."

O rosto do bêbado se contorceu de dor. "Desculpa! Jesus, desculpa! Eu pensei—"

"O que você pensou não importa." O estranho o soltou com um leve empurrão. "Agora vá embora."

O bêbado endireitou o paletó com toda a dignidade que conseguiu reunir, lançou-me um olhar ressentido e cambaleou em direção ao bar.

O pub inteiro ficou estranhamente silencioso. Eu podia sentir dezenas de olhos sobre nós, observando a cena se desenrolar, mas ninguém se aproximou. O estranho comandava respeito ou medo, o que mantinha todos à distância.

Ele se virou para mim, e quando nossos olhos se encontraram, um choque de eletricidade percorreu meu corpo. Algo primal despertou dentro de mim, um calor que não tinha nada a ver com vergonha e tudo a ver com a maneira como seu olhar escuro parecia enxergar através de mim.

"Você está bem?" ele perguntou, sua voz agora mais suave, mas não menos intensa.

Engoli em seco, tentando encontrar minha voz. "Sim. Obrigada."

Ele inclinou a cabeça ligeiramente. "Nenhuma mulher deveria ser tratada dessa maneira."

Seus olhos encontraram os meus, e por um momento, algo passou entre nós, uma corrente de reconhecimento como se nos conhecêssemos de outra vida. Minha pele arrepiou onde seu olhar vagava, e me senti extremamente consciente de como estava exposta neste vestido. A ideia de suas mãos em mim, em vez das do bêbado, fez meu coração acelerar.

O feitiço se quebrou quando a voz de Emma cortou a tensão.

"Hannah! Meu Deus, o que aconteceu?" Ela correu até mim, seguida por Sofia e as outras. "Vimos aquele cara estranho falando com você, e então tudo isso..." Ela gesticulou vagamente para o estranho, claramente sem saber como categorizar o que acabara de testemunhar.

O estranho deu um passo para trás, criando espaço para minhas amigas se aproximarem. O barulho ambiente do pub voltou gradualmente ao normal conforme o espetáculo terminava.

"Você está bem?" Sofia perguntou, apertando minha mão.

"Estou bem," eu a tranquilizei. "Apenas um bêbado que não sabia receber um fora."

Valentina olhou para o estranho com apreciação. "E quem é seu cavaleiro de armadura brilhante?"

Percebi, com um rubor de vergonha, que nem sequer perguntei seu nome. Antes que eu pudesse falar, ele se dirigiu ao grupo.

"Preciso ir. Meus colegas estão me esperando." Seus olhos voltaram para os meus. "Você gostaria de uma carona para casa? Meu carro está lá fora."

Cinco pares de olhos se voltaram para mim, esperando minha resposta. A oferta era tentadora, mais tentadora do que deveria ser. Meu corpo gritava sim enquanto meu cérebro agitava bandeiras vermelhas freneticamente.

"É muita gentileza sua," eu disse, "mas estou comemorando o aniversário da minha amiga. Devo ficar."

Ele assentiu, aceitando minha decisão sem discutir. "Claro."

"Obrigada novamente," acrescentei rapidamente, não querendo que ele fosse embora ainda. "Por intervir."

"Foi um prazer." O canto de sua boca se levantou em um leve sorriso que enviou outra onda de calor por mim.

Ele se virou para sair, e senti uma pontada de arrependimento. Deveria ter perguntado seu nome e dito algo mais significativo do que um simples obrigado.

"Espere—" comecei, mas ele já estava se movendo pela multidão com a mesma graça despreocupada que exibira antes.

"Caramba," Emma sussurrou enquanto ele desaparecia. "Quem era aquele?"

"Não tenho ideia," admiti, ainda olhando para o lugar onde ele havia sumido.

"Ele estava te olhando como se quisesse te devorar," disse Nora com um sorriso. "De um jeito bom."

Andrew pigarreou. "Então, vamos voltar a dançar ou o quê?"

"Sim!" Sofia declarou. "Ainda é meu aniversário, e exijo mais dança!"

Enquanto voltávamos para a pista de dança, não pude deixar de olhar ao redor, esperando por mais um vislumbre do estranho. Meu corpo ainda vibrava com a consciência, e eu sabia que ficaria repassando aquele momento, a intensidade em seus olhos e o poder controlado em seus movimentos, por dias a fio.

"Terra para Hannah," Emma me cutucou. "Você está perdendo o círculo de dança de aniversário da Sofia."

Forcei um sorriso. "Desculpa. Só... processando."

"Eu aposto," ela sorriu de lado. "Aquele cara era um pedaço de mau caminho. Você deveria ter aceitado a carona."

"E acabar em pedaços? Não, obrigada."

"Alguns riscos podem valer a pena," ela piscou.

Eu ri e me juntei ao círculo ao redor de Sofia, mas minha mente continuava voltando para aqueles olhos escuros e o que poderia ter acontecido se eu tivesse dito sim.

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