




3 - Então beije-o e torne-o real
"Sente-se, Mercedes, eu não queria te deixar angustiada. Ela apenas insistiu em vir junto," Griffin se desculpou. Ele entendia a fricção entre as duas e tentou fazê-las se entender, mas nunca dava certo.
"Você poderia ter mandado uma mensagem ou ligado para me avisar que tinha companhia, Griffin," Mercedes estava tão chateada que não conseguiu segurar. Por causa da música alta, sua voz parecia um grito.
"Olha, eu disse que sinto muito, tá? Vamos não - "
"Ela tem problema com a minha presença também?" Penelope o interrompeu, sua voz tão penetrante que agravou ainda mais o humor já azedo de Mercedes.
"Está tudo bem," Mercedes forçou um sorriso e se sentou de volta na cadeira. Ela já sentia que a noite não seria tão divertida quanto planejava.
"Como foi seu dia?" Griffin estava preocupado com ela. Mercedes podia parecer animada por fora, mas ele sentia que havia algo errado. Afinal, ele a conhecia há mais de uma década.
Ela tinha tanto para contar, desde o dia no escritório até o acidente de trânsito e as coisas que comprou para ele, mas não podia dizer nada na frente de Penelope. Parecia que tinha que se acostumar a não ter mais sua melhor amiga. Eles mal falavam quando chegavam em casa porque Mercedes estava sempre cansada e queria dormir. Griffin também estava procurando emprego sem sucesso e sempre voltava exausto. Ele casualmente culpava Mercedes por conseguir todos os bons empregos em Nova York. "Bem," ela disse, impassível. "E o seu?" ela perguntou com interesse.
"Você não vai acreditar, Mercedes, eu nem passei pela entrevista antes de anunciarem o vencedor." Seu humor ficou azedo. Ele enfrentava rejeição durante toda a busca por emprego e sempre esperava por um milagre. Griffin era brilhante e inteligente, mas nenhuma empresa o aceitava. Incapaz de lidar com a vergonha na frente da família, ele se mudou para a casa de Mercedes, que o aceitou prontamente.
"Isso é injusto." Mercedes esqueceu seu mau humor só de ouvir o dia ruim de Griffin. Ela entendia como as rejeições o afetavam e sempre tentava fazer o possível para animá-lo.
"Eu sei e fica pior, sabe?" Griffin não escondeu a agonia na voz e engoliu o martíni de Mercedes, fazendo com que ela pedisse mais para todos. Mercedes era generosa.
"Você vai conseguir um emprego logo, Griffin, seja paciente. Como dizem, coisas boas vêm para quem espera." Ela tentou encorajá-lo como sempre.
"Mas você sempre troca de emprego. Isso significa que eles não são bons o suficiente?" Griffin nunca escondeu sua inveja da sorte da melhor amiga com empregos. Concluiu que talvez fosse porque ela era mulher.
"Eu trocaria se fossem?" Sua resposta foi retórica. Penelope, percebendo que estava sendo excluída da conversa, procurou uma maneira de chamar atenção.
"Mercedes, vamos jogar um jogo," ela interrompeu os dois amigos, com um tom infantil.
"Não estou com humor para seus jogos, Penelope," Mercedes rejeitou a ideia de imediato. Na última vez que jogou no ritmo de Penelope, acabou se sentindo presa. Ela era honesta e nunca tinha a mente astuta de Penelope.
"Oh, é só um tipo de verdade ou desafio," Penelope insistiu. Mercedes estava prestes a recusar o convite quando, de repente, o clube ficou em silêncio total. A música parou e as luzes brilhantes se acenderam. Todos se afastaram enquanto um homem alto e esguio entrava. Ele vestia uma Lacoste casual com um par de jeans e sapatos de grife pretos, combinando com seu cabelo negro como azeviche. Sussurros enchiam o ar, enquanto ele caminhava e se sentava na seção VIP. Ele carregava uma aura poderosa que fazia todos se curvarem a ele.
Garçonetes se aglomeraram ao redor dele e, ao seu sinal, as luzes de LED multicoloridas voltaram, a música dominando o ambiente. "Quem é ele?" Penelope perguntou a Griffin. Seus olhos ainda estavam fixos no homem que se portava com sofisticação e elegância.
"Por que você me pergunta? Eu não sei." Griffin deu de ombros e respondeu com um rosnado irritado, mas isso não desanimou Penelope. Seu olhar não deixou o homem, e ela percebeu como seu olhar era severo e ele nunca dava atenção a nenhuma das mulheres. Instantaneamente, uma intenção cruel cruzou sua mente enquanto pensava em como poderia causar a maior humilhação da vida de Mercedes.
"Então, Mercedes. O que você acha da minha proposta?" Ela provocou sua rival mental, que tentava adivinhar quem era o homem que acabara de entrar no clube. Ela podia jurar que já o tinha visto em algum lugar, mas sua mente estava confusa demais para lembrar.
"Certo. Verdade ou desafio?" Ela disse ousadamente. Ela só queria jogar a primeira rodada e depois dançar com algum cara aleatório para clarear a mente. Griffin a protegeria se ela caísse em alguma encrenca.
"Verdade." Penelope respondeu instantaneamente. Mercedes soltou um sorriso irônico. Essa era sua chance de saber exatamente como Mercedes se sentia sobre seu melhor amigo.
"Você ama Griffin?"
"Com todo meu coração," Penelope puxou Griffin para mais perto, beijando-o apaixonadamente quando respondeu. Mercedes quis vomitar. Ela sempre sentiu algo errado com Penelope, mas não conseguia identificar o que era. Ela queria uma resposta sim ou não, mas a garota a tinha superado.
"Verdade ou desafio?" Penelope perguntou a Mercedes depois de se separar do beijo. Mercedes estava com medo de Penelope lançar a mesma pergunta para ela. Era bastante óbvio para ambas as mulheres que estavam apaixonadas pelo mesmo homem, exceto que uma delas havia desistido.
"Desafio!" Mercedes engoliu seco e disse. Um sorriso seco decorou o rosto de Penelope enquanto ela dizia, "Eu te desafio a beijar aquele homem."
Ela se referia ao diabo de quem todos tinham medo e sussurravam sobre. O coração de Mercedes incendiou. Ela estava presa e precisava de ajuda. Não era assim que ela pretendia perder seu primeiro beijo. Não para um estranho bonito. Mas então, sua mente investigou mais e ela instantaneamente entendeu a intenção de Penelope. O homem nunca permitia nenhuma mulher ao seu redor, então e se ele a causasse constrangimento?
Ela nadou em arrependimento, procurando uma saída dessa confusão e, felizmente, seu melhor amigo veio em seu auxílio como sempre.
"Penelope, isso não está certo," Griffin contestou. Ele sempre foi o cavaleiro de armadura brilhante de Mercedes desde o ensino médio. Foi assim que se tornaram melhores amigos, embora já se conhecessem antes disso. Griffin sempre a protegeria dos valentões, mas no campo de trabalho, ele não podia protegê-la dos chefes vorazes, simplesmente porque não podia estar lá, mas sempre que estava com ela, sua bandeira protetora se erguia como uma pipa.
"Vamos, é só um jogo ou você prefere fazer isso?" Penelope sorriu de forma sedutora. Griffin estava confuso. Ele amava Penelope e nunca permitiria que ninguém mais a tocasse, embora ela não fosse sua primeira, mas ele também tinha uma responsabilidade para com Mercedes. Sempre foi assim entre eles.
"Eu não vou fazer isso," Mercedes murmurou entre dentes cerrados.
"Então você concorda que perdeu para mim?" Penelope continuou a provocá-la. Ela sabia que Mercedes nunca aceitaria a derrota e, como previsto, ela sibilou, "Eu nunca posso perder para você."
"Então beije-o e faça de verdade." Penelope estava adorando seu jogo. Mercedes ficou séria, levantou-se, virou-se e olhou para o homem. Suas feições eram muito atraentes, mas também como se ele estivesse zangado ou gelado. Seu coração ardia com um fogo já aceso.
"Certo," ela rangeu os dentes e disse.
O sorriso de Penelope floresceu enquanto ela segurava um copo para ela. Quando Mercedes se virou para olhar o homem, Griffin fez o mesmo e não viu quando Penelope deslizou algo no copo. Mercedes sabia que precisaria de uma bebida para cumprir a tarefa, então pegou o copo e bebeu tudo de uma vez. Ela passou a mão pelo seu longo cabelo preto ondulado e se virou para sair.
"Não faça isso!" Griffin rugiu, mas era tarde demais. Mercedes já havia começado a caminhar em direção à seção VIP.