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Capítulo 6

POV de Isabella

Eu encarei Gabriel, minha boca aberta. "Seu... filhote? Do que você está falando?"

Meu corpo instintivamente se afastou na mesa de exame, o papel amassando embaixo de mim. A presença de Gabriel de repente parecia perigosa—predatória até. Seus olhos verdes pareciam possuir uma intensidade sobrenatural que fez minha pele arrepiar.

O olhar de Gabriel se voltou para Sarah, que já estava pálida como um fantasma. "Você usou minha amostra para inseminar sua amiga." Sua voz era profunda como um rosnado, cada sílaba carregando uma raiva quase tangível.

Sarah balançou a cabeça vigorosamente, seus dedos tremendo na máquina de ultrassom. "Não! Usamos a amostra de um cirurgião. Você pode verificar os registros. Não foi a sua!"

"Você realmente espera que eu acredite nisso?" Gabriel rosnou, a sala de exame de repente se enchendo com uma sensação de opressão, como a baixa pressão antes de uma tempestade. "Eu posso sentir o cheiro. E você—" ele se virou para mim, "—vindo à minha casa para defender o caso dela? Você claramente sabia que essa era a minha amostra."

"Sarah não teve nada a ver com isso," eu disse, encontrando minha voz apesar de minhas mãos trêmulas. "Ela não me mandou para sua casa. Foi totalmente minha decisão."

Sarah olhou para a tela do ultrassom, "Meu Deus."

"O quê?" O pânico subiu no meu peito. "O que há de errado com o meu bebê?"

"Esse feto..." A voz de Sarah era quase inaudível. "Não é... humano."

A sala pareceu girar ao meu redor. "O que você quer dizer com não humano? Claro que é humano! O que mais poderia ser?"

"Pare de fingir!" A voz de Gabriel explodiu na pequena sala. "Tudo isso foi cuidadosamente orquestrado, não foi? Roubar minha amostra, a inseminação 'acidental'—"

"Eu não entendo o que está acontecendo!" Eu gritei de volta, lágrimas enchendo meus olhos. "Alguém pode explicar o que está acontecendo com meu bebê?"

Sarah olhou para mim, suas mãos tremendo enquanto colocava a sonda do ultrassom de lado. "Izzy, eu assinei acordos de confidencialidade quando comecei a trabalhar aqui. Não apenas confidencialidade médico-paciente... outros segredos."

"Que segredos?" Eu pressionei.

"Gabriel é..." Sarah engoliu em seco. "Ele é um lobisomem."

Eu pisquei, certa de que tinha ouvido errado. "Ele é o quê?"

"Um lobisomem," ela repetiu, os olhos se movendo nervosamente em direção a Gabriel.

Uma risada histérica escapou dos meus lábios. "Você está falando sério? Lobisomens não existem. Por que você está inventando essas coisas ridículas—"

"Eu também não acreditava, até começar a trabalhar aqui. Você sabe por que este centro de reprodução sobrenatural é tão prestigiado?" Sarah interrompeu. "Metade do nosso banco de esperma contém amostras de lobisomem e, na verdade, muito poucos humanos trabalham aqui, apenas alguns poucos de confiança."

"Você perdeu a cabeça," eu sussurrei, olhando entre ela e Gabriel. "Não existe isso de—"

Um rosnado baixo me interrompeu. Eu me virei para Gabriel, e minhas palavras morreram na minha garganta.

Seus olhos—aqueles olhos verdes penetrantes—agora brilhavam com um dourado brilhante.

"Ela não está louca," ele disse, sua voz mais profunda, mais áspera.

A sala girou, a escuridão se fechando nas bordas da minha visão. A última coisa que lembro foi Sarah chamando meu nome enquanto eu desmaiava.

Quando recuperei a consciência, estava deitada em um sofá em algo que parecia um escritório privado. Pensei que tinha tido um pesadelo.

Então eu vi Gabriel.

Ele estava do outro lado da sala, pairando sobre um dispositivo estranho que se assemelhava a uma máquina de ultrassom, mas era diferente, emitindo uma luz azul suave. Ele estava estudando algo na tela com intensa concentração, ocasionalmente fazendo anotações em um tablet.

Meu bebê. Ele estava examinando meu bebê.

Todas as memórias voltaram de uma vez—Gabriel entrando na sala de exame, a revelação de Sarah, seus olhos brilhando em dourado...

A cabeça de Gabriel se levantou de repente. Ele se virou para me olhar. "Você está acordada."

Eu me ergui, sentindo tontura imediatamente. "Eu... estou alucinando. Ou sonhando. Isso não pode ser real."

"É muito real," ele disse, colocando o tablet de lado e se aproximando de mim. "Tudo isso."

"A velocidade," eu sussurrei, memórias se juntando. "Quando você salvou o Jack daquele carro. E quando você disse que meu cheiro era um pouco diferente... era porque você é um lobisomem?"

Seu maxilar se contraiu. "Sim."

"Isso é insano," murmurei, mais para mim mesma do que para ele. "Lobisomens são contos de fadas. Filmes de terror. Eles não são—"

"Existimos ao lado dos humanos há milênios," Gabriel interrompeu. "Apenas ficamos melhores em nos esconder."

Eu o encarei, procurando em seu rosto qualquer sinal de que isso era uma pegadinha elaborada. "Isso não faz sentido. Nada disso explica como estou grávida de... de..."

"Meu filho," ele completou, sua voz ficando séria. "Pare de fingir ser inocente. Tudo isso foi cuidadosamente planejado, não foi? Você achou que poderia prender um Alfa rico roubando seu esperma? Usar o bebê para me extorquir dinheiro? Mandei meus homens investigarem você. Eu sei sobre suas dívidas."

A acusação foi como um tapa. "Você está brincando comigo? Não fazíamos ideia de que a amostra era sua! Eu escolhi o esperma de um cirurgião!"

"Impossível. Eu posso sentir a conexão. Este é definitivamente meu filho."

"Se lobisomens realmente existissem, as pessoas já saberiam."

Vendo que eu ainda não acreditava nele, Gabriel revirou os olhos, e suas feições começaram a mudar.

Não foi a transformação corporal completa dos filmes de terror. Em vez disso, seus olhos brilharam com aquele dourado brilhante novamente. Seus caninos se alongaram em pontas afiadas, e suas unhas se estenderam em garras ferozes. A mudança, embora sutil, era assustadora em sua realidade.

"Vê agora?" ele perguntou, sua voz mais rouca, quase um rosnado.

"Eu preciso que você fique longe de mim," sussurrei, me pressionando contra o sofá.

"Isso não vai acontecer," ele disse, o brilho dourado desaparecendo de seus olhos enquanto ele voltava à sua aparência humana. "Você está carregando meu filho. No nosso mundo, crianças são muito preciosas."

"Seu mundo? O quê, existe alguma sociedade de lobisomens que eu não conheço?"

Gabriel assentiu. "Estamos organizados em Matilhas por todo o país. Você pode pensar nelas como condados ou estados em um reino maior."

"Então existem reis e rainhas?" perguntei, tentando entender essa loucura.

Seus olhos cintilaram com algo que eu não consegui decifrar. "Algo assim," ele disse vagamente.

"Mas eu sou humana," disse, desesperada para entender. "Como eu poderia estar grávida de um... um bebê lobisomem? Isso não faz sentido!"

A testa de Gabriel se franziu. "Eu não sei. Isso é sem precedentes. Humanos engravidarem de crianças lobisomens é extremamente raro—quase mítico."

Pressionei as palmas das mãos contra as têmporas. "Eu preciso de tempo para pensar."

"O que você precisa é ser prática. Você está endividada. Não tem emprego, nem moradia estável. Seja razoável e assine a custódia da criança para mim."

"Sem emprego por sua causa," retruquei. "Você me fez ser demitida!"

"Eu não fiz nada disso," ele retrucou. "Suas próprias ações levaram a isso."

"Certo, porque eu ousei pedir para você não arruinar a carreira da Sarah. Sou tão terrível."

O maxilar de Gabriel se contraiu. "Isso não é mais sobre a Sarah. Isso é sobre meu filho."

"Nosso filho," corrigi.

"Uma criança que você claramente não pode sustentar," ele disse friamente. "Eu conheço mulheres como você. Você vê um homem rico e sinais de dólar piscam em seus olhos. Quanto você quer? Pensão mensal? Um pagamento único?"

Senti como se tivesse levado um soco no estômago. "Você não faz ideia do que eu quero. Sabe há quanto tempo sonho em ser mãe? Como trabalhei com crianças por anos, amando-as, cuidando delas, enquanto esperava que um dia tivesse meus próprios filhos?"

Minhas lágrimas fluíam incontrolavelmente. "Depois de tudo de ruim que aconteceu, sabe como foi difícil até considerar desistir desse bebê? Mesmo quando eu não tinha mais nada?"

Gabriel me encarou, sua expressão mudando de ceticismo para algo indiscernível. De repente, ele se levantou, ficando imponente sobre mim. "Você estava considerando um aborto?"

O horror em sua voz era inconfundível.

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