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Capítulo 4

POV de Clara

Havia algo diferente nela. Talvez fosse a inocência—intocada, pura, não corrompida pelo mundo em que eu vivia.

Ela parecia um novo território, algo inexplorado, algo esperando para ser descoberto, corrompido, desvendado.

Eu queria ser a pessoa a desbloqueá-la.

"Você está aqui de novo," a voz de Katherine pingava de irritação atrás de mim, me fazendo gemer. Claro que ela estava aqui.

Eu odiava mulheres grudentas que achavam que podiam me possuir. Katherine era uma delas—uma garota que acreditava ter algum direito sobre mim, quando eu deixei muito claro que não tinha.

"Estou apoiando meu primo," eu disse, virando o último gole do meu segundo copo de uísque. A queimação na garganta só aumentava a excitação que eu já estava sentindo.

Por ela.

Doce, ingênua Ayleen.

Katherine bufou. "Marcus sempre foi seu primo, e você nunca veio aqui no meio da semana. Você está olhando para aquela garota de novo."

Eu nem me dei ao trabalho de negar. "Ela é linda."

Katherine revirou os olhos. "Não é seu tipo. Você gosta de femmes fatales, mulheres como eu."

Ela virou meu rosto em sua direção, como se me forçasse a vê-la, mas meu interesse já estava preso em outro lugar.

Ayleen não era meu tipo usual. E é exatamente por isso que ela me intrigava.

"Ela chamou minha atenção," admiti, sorrindo enquanto me servia mais uma bebida. "E cuidado, Katherine. Não aja como se você não fosse substituível. Eu deixei isso claro para você antes, não deixei?"

A expressão dela escureceu, mas eu já a havia dispensado, voltando minha atenção para o palco.

"Você mal pode esperar para partir o coração inocente dela, pode?" ela murmurou.

Eu sorri. "É um jogo divertido."

Katherine bufou de desgosto e se afastou. Já vai tarde.

O set terminou, e Ayleen se aproximou da mesa com o resto da banda, a cabeça baixa, evitando meu olhar.

"Show lindo," murmurei, passando meus dedos pela parte de trás da mão dela enquanto ela pegava uma bebida.

Ela estremeceu.

"Obrigada," ela murmurou timidamente.

"Ayleen é uma salvadora," George anunciou, sorrindo. "O dono do bar está radiante. Ele até nos pediu para voltar... temos um espaço fixo todas as sextas e sábados agora."

"Um espaço fixo?!" Marcus se iluminou, abraçando George com entusiasmo.

"Devemos comemorar," sugeri, esperando mantê-los aqui um pouco mais.

"É uma notícia incrível," Ayleen disse, "mas acho que deveríamos ir para casa. Não aguento outra noite tarde no meio da semana."

Decepcionante.

"Então vamos guardar os instrumentos," George disse. "Já que não vamos voltar amanhã... você e Serena têm carro? Só Edward e eu dirigimos, e um carro não será suficiente para nós e o equipamento."

"Serena e eu vamos pegar o ônibus," Ayleen respondeu casualmente.

E essa era minha deixa.

Serena franziu o nariz. "Ah, eu quero ir com Edward."

"Tudo bem, então eu pego o ônibus," Ayleen deu de ombros.

Isso não ia funcionar.

"Isso não vai dar certo," eu disse suavemente, intervindo antes que alguém mais pudesse.

Os olhos verdes dela se voltaram para mim, incertos.

"Uma mulher bonita como você," eu refleti, "sozinha em um ônibus tão tarde? Nem pensar. Você vai comigo."

As bochechas dela coraram, e eu tive que lutar contra a vontade de sorrir.

"Você mora do outro lado da cidade, Cla—ai!" Marcus gritou quando eu o chutei por baixo da mesa. Ninguém pediu para ele me entregar.

Ayleen hesitou. "Eu realmente não quero te causar nenhum problema."

Eu me inclinei para frente, meu sorriso se alargando. "Nenhum problema. Vamos?"

Eu estendi a mão para o braço dela, mas ela se afastou rapidamente.

Ah. Então ela queria brincar.

Serena não foi tão sutil. Ela se inclinou para Marcus e sussurrou alto, "O que há de errado com sua prima? Ela está flertando com minha amiga?"

Eu os ignorei. A sorte estava do meu lado esta noite.

Lá fora, cada um foi para o seu lado, e quando o manobrista trouxe meu carro, a reação que eu esperava se desenhou nos rostos de Ayleen e Serena.

Uma mistura de choque e admiração.

"Esse é o seu carro?" Serena ofegou, pressionando o rosto contra a janela. "Olha todos esses botões—isso é uma nave espacial."

Divertido, passei as mãos pelo interior de couro enquanto abria a porta do passageiro para Ayleen.

Ela entrou hesitante, passando os dedos pelos assentos.

Perfeito.

Pisquei para Marcus antes de pular no banco do motorista, inserindo o endereço dela e escolhendo a rota mais longa.

Eu não ia desperdiçar essa chance.

"Então, vou te ver todo fim de semana agora," eu disse, quebrando o silêncio.

"Desculpe?" ela piscou.

"Você vai tocar toda sexta e sábado. Eu estarei aqui para assistir."

Ela franziu ligeiramente a testa. "Você quer dizer eu e os meninos."

Eu sorri. "Os meninos são legais, mas você... você é magnífica."

Mordi o lábio inferior, observando-a se contorcer no assento.

Mas então—suas pernas se afastaram de mim.

Hmm.

"Só quero dizer," acrescentei suavemente, "você dá à música deles um sabor especial."

Ela não respondeu.

Olhei para ela, esperando.

Finalmente, ela murmurou, "Obrigada... eu acho. Eu gosto de tocar com eles."

Respostas curtas. Ela estava na defensiva.

Interessante.

"Você está gostando de Nova York?" tentei novamente.

"É caro."

Outra resposta curta.

"E deve ser difícil—deixar sua família, amigos... namorado? Para trás."

Ela ficou ligeiramente tensa. "Família e amigos, sim."

"Então, sem namorado. Você está solteira? Ou talvez uma namorada?"

Ela suspirou. "Não tenho tempo para namorar. Estou focada na faculdade."

"Então você já namorou antes," insisti, recusando deixar a conversa morrer.

"Sim. Eu tive um namorado."

Escondi meu sorriso. Claro.

Mas todo macarrão é reto... até ficar molhado.

"Que pergunta boba," comentei. "Uma mulher como você deve ter homens fazendo fila."

"Uma mulher como eu?" ela perguntou, levantando uma sobrancelha, quase ofendida.

"Uma mulher linda."

Ela exalou pelo nariz, olhando pela janela. "Ah... não. Todos os meus relacionamentos foram de longo prazo, então só tive alguns."

Antes que eu pudesse investigar mais, chegamos ao apartamento dela. Droga.

Coloquei a mão no bolso do casaco e tirei um cartão. "Ayleen, foi um prazer. Aqui—me ligue. Talvez possamos jantar algum dia. Ou... você poderia ir à minha casa."

Ela congelou, horrorizada.

Eu ri. "Você e os meninos, quero dizer," acrescentei rapidamente, mentindo descaradamente.

"Sim, sim, claro!" ela balbuciou, quase tropeçando ao sair do carro.

Mordi o lábio, observando o balanço dos quadris dela enquanto ela se apressava para dentro.

Meu sorriso se aprofundou ao ver como ela praticamente correu para fora do carro como se ele estivesse pegando fogo. A inocência, a hesitação, a tensão—tudo isso estava tornando esse jogo muito mais divertido do que eu tinha antecipado.

Ela era diferente das mulheres que eu geralmente entretinha. Não porque era tímida, mas porque não estava jogando junto. A maioria das mulheres ansiava pela perseguição, gostava do perigo que eu trazia. Ayleen, no entanto, estava mantendo distância, recuando apenas o suficiente para me fazer querer fechar a brecha.

Garota esperta.

Mas não esperta o suficiente para me evitar.

Eu a observei desaparecer no prédio antes de soltar uma risada, girando a chave do carro nos dedos enquanto me recostava no encosto de cabeça.

Essa garota ia ser um problema.

Um problema que eu queria muito ter.

Ah, esse jogo ia ser divertido.

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