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Capítulo 9: O Acordo

POV da Charlotte:

Richard Kingsley parecia extremamente irritado enquanto fixava seu olhar penetrante no mordomo, Morris, e exigia: "Onde está Alexander? Por que ele ainda não voltou?"

"Senhor, o Sr. Alexander não está atendendo o telefone," Morris respondeu com sua costumeira deferência.

Richard bateu com força no piso de madeira com sua bengala. "Ele está pedindo problema!"

Nesse momento, o som de um motor potente quebrou a atmosfera tensa. Pela janela, vi um Mercedes preto brilhante estacionar. Alexander saiu, vestindo um terno perfeitamente ajustado, sua expressão permanecendo fria como gelo enquanto entrava na sala de estar.

Antes que Richard pudesse falar, Victoria se levantou, seu rosto adornado com um sorriso cuidadosamente elaborado, mas falso.

"Alexander," ela disse, seu tom cheio de insinuações. "Você passou a noite com a Karen, por que não voltou junto com ela esta manhã?"

Observei enquanto Alexander olhava desapaixonadamente para Karen Barrett, que estava sentada elegantemente em um sofá próximo, então seu olhar caiu sobre mim. Hoje, eu estava usando minhas roupas confortáveis de casa, sentindo-me como uma estranha deslocada nesse ambiente de luxo.

Alexander não mostrou intenção de explicar; parecia contente apenas observando o drama se desenrolar.

"Morris, por favor, mostre a nossa convidada a saída," Richard ordenou, sua expressão ficando mais sombria. "É o primeiro dia de casados de Alexander e Charlotte. Eles precisam visitar o memorial para prestar homenagens à mãe. Não podemos acomodar visitantes hoje."

Karen se levantou graciosamente. "Tio Richard, eu visitarei outra vez então."

"Papai, a Karen não é uma estranha," Victoria protestou, "a família dela tem conexões com a nossa há décadas—"

"O quê, você também quer deixar a casa dos Kingsley?" O olhar afiado de Richard fez Victoria estremecer. "Se você quiser ir, ninguém vai te impedir. Morris, acompanhe nossa convidada até a saída!"

Morris se aproximou de Karen, sempre leal a Richard. "Srta. Barrett, por favor."

Karen lançou um olhar demorado para Alexander, claramente esperando que ele interviesse. Mas, além do olhar inicial, seu olhar nunca voltou para ela, e ela não teve escolha a não ser sair.

De volta ao nosso quarto, o espaço continha apenas Alexander e eu novamente. Encontrando-nos sozinhos juntos, lembrei a mim mesma: Se ele não me provocar, eu não o provoco. Se ele provocar, certamente devolverei na mesma moeda.

Alexander estava de costas para a janela, sua silhueta parecendo ainda mais intensa contra a luz. "Você entra e de repente o cheiro aqui piora," ele disse, sem se preocupar em esconder o quanto eu o irritava.

Eu não ia recuar. "Pelo que eu saiba, estamos compartilhando o mesmo planeta. E eu pretendo ficar por aqui, então talvez o grande chefe dos Kingsley devesse se mandar para Marte se meu cheiro é demais para o seu nariz delicado."

Ele estreitou os olhos e deu um passo mais perto. "Charlotte Cole, eu não suporto te ver."

"Então doe esses olhos, querido. Garantido que você nunca mais terá que lidar com essa cara," retruquei, com o queixo erguido como se eu fosse dona do lugar.

Ele me olhou de cima a baixo com um sorriso gelado. "Então, essa é a verdadeira você, hein?"

"Não, essa é só a versão de prévia. O pacote completo? Você ainda não ganhou acesso." Apesar dele ser muito mais alto que eu, mantive o olhar fixo e não recuei.

Sua expressão mudou sutilmente — ainda sorrindo, mas um calafrio me atravessou.

"Muito bem," ele disse deliberadamente, cada palavra tão fria quanto gelo se formando em um lago de inverno.

Meu coração disparou, mas me recusei a mostrar qualquer sinal de medo.

A batida de Morris na porta me salvou bem a tempo, e desviei o olhar apressadamente, com medo de que, se continuássemos, meus olhos traíssem meu desconforto.

"Seu desempenho é medíocre," Alexander comentou, com um toque de diversão na voz, como se tivesse visto através da minha farsa.

"Bom o suficiente para o que eu preciso." Respondi brevemente, então me virei para o armário, pegando uma roupa preta simples da minha mala ainda não desfeita.

Após o serviço memorial, voltamos para nossa suíte. Fiquei junto à janela, reunindo meus pensamentos, então chamei Alexander enquanto ele se preparava para sair.

"Podemos conversar?"

Ele se virou, sobrancelhas levantadas. "O quê, seu pai já te mandou falar comigo?"

"Meu pai?" Não consegui esconder minha confusão. "O que tem minha família?"

Um lampejo de confusão e incerteza passou por seus olhos antes que ele mudasse de assunto. "Sobre o que você quer conversar?"

Respirei fundo e organizei meus pensamentos. "Só duas coisas," expliquei. "Primeiro, quando visitarmos minha família, vamos tentar agir normalmente. Se meus pais descobrirem que não nos suportamos, vão exigir um divórcio, o que iria contra os desejos do seu pai. Não sei quais ameaças ele usou para te fazer casar comigo, mas se eu começar a exigir um divórcio, você também será afetado."

Sem esperar sua reação, continuei: "Segundo: vamos nos mudar. Victoria e eu não nos damos bem, e ficar aqui só vai aprofundar os conflitos internos da sua família. Se morarmos em outro lugar, não vou interferir com seus paradeiros. Você pode passar as noites com a Srta. Barrett, e se necessário, posso até encobrir para você."

Olhei diretamente nos olhos dele. "Essas duas sugestões nos beneficiam. O que você acha?"

Alexander me olhou de cima a baixo. "Charlotte Cole, o que te faz pensar que eu jogaria o seu joguinho?"

"Porque é basicamente um presente para você," respondi rapidamente, mantendo a vantagem. "Precisa pensar sobre isso?"

Ele invadiu meu espaço pessoal, e eu instintivamente recuei. "Calma aí, cara. Se é sim, diga sim. Se é não, diga não. Por que está todo na minha cara?"

"Você é muito baixinha para estar impondo condições para mim," ele sorriu, olhando para mim como se eu fosse um gnomo de jardim.

"Eu..." Olhei para minhas pernas, depois para sua figura alta. "Se quer cair fora, então caia fora! Não precisa vir atacar minha altura, cara!"

Na próxima, seu rosto se abriu em um sorriso convencido como se ele tivesse acabado de marcar o ponto vencedor. Mas não durou — ele fingiu tossir duas vezes, matou o sorriso, e pegou sua jaqueta chique do sofá, indo em direção à saída.

"Usando jaqueta nesse calor? Você vai suar baldes!" Gritei atrás dele. "É isso que você ganha por zombar das minhas pernas curtas!"

Enquanto ele saía, peguei a ligeira curva para cima dos lábios dele — ele ainda estava me zombando! Essa percepção me enfureceu um pouco, e prometi vencer nossa próxima discussão.

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