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Capítulo 3: No Norte

POV da Scarlett

"Levanta, vadia!" o homem barbudo rosnou, e eu me obriguei a levantar, recusando-me a mostrar a ele minha dor ou medo. Travei meu olhar no dele, mantendo-o com uma resistência silenciosa até que ele desviasse o olhar, um lampejo de irritação atravessando seu rosto.

Ele puxou a corrente novamente, me arrastando como se eu não fosse mais do que um animal. Meu corpo doía a cada passo, meus pés ardendo de dormência ao pressionarem o chão gelado. Fraca e exausta, eu mal conseguia acompanhar, mas me forcei a segui-lo.

Quando entramos em uma casa grande, o calor repentino me atingiu, trazendo um alívio temporário para minha pele congelada. O interior era simples, quase rude, com móveis de madeira esparsos e luzes de tungstênio opacas lançando um brilho sombrio sobre tudo. Não havia senso de conforto ou bom gosto ali—apenas uma atmosfera dura e sem vida que combinava com o homem que me arrastava.

Ele puxou as correntes novamente e, ao tropeçar para frente, olhei para baixo, percebendo que a corrente em si era de ferro. Apenas a parte enrolada em meus pulsos era de prata, um detalhe projetado para me enfraquecer e me prender, mas não para machucá-lo. Era intencional—tudo nesse pesadelo era cuidadosamente, cruelmente planejado.

Chegamos a uma sala bem iluminada, e ele me empurrou para os joelhos, arrancando o cobertor sujo dos meus ombros.

A vergonha me inundou como gelo, crua e cortante. Ninguém jamais tinha visto meu corpo nu antes, e agora aqui estava eu, exposta, vulnerável, minha dignidade arrancada pelo Beta do meu pai, David.

A memória de seu último ato de traição me assombrava. Ele me arrastou seminu pela matilha, garantindo que todos me vissem humilhada antes de me entregar a esse bruto. Ele fez um espetáculo disso, uma tentativa deliberada de me privar de qualquer respeito que eu pudesse ter. David poderia ter me carregado ou me forçado a andar, mas ele escolheu me machucar, e ele conseguiu.

Meus pensamentos se interromperam quando três homens entraram na sala, sua presença irradiando poder e autoridade. Eles eram figuras altas e imponentes, com corpos sólidos e musculosos. O primeiro tinha cabelo escuro, quase preto, seu olhar intenso me avaliando.

O segundo era loiro sujo, seu rosto frio e indecifrável, não revelando nada. O terceiro era marcante, com cabelo prateado que parecia capturar e refletir a luz, conferindo-lhe uma qualidade quase etérea. Todos os três eram jovens, mas se moviam com uma autoconfiança que me dizia que não eram Alfas comuns. Eles eram Alfas Valkin como meu pai, sua própria presença comandando respeito, exalando uma força assustadoramente familiar.

Eu não era nada aos olhos deles—apenas uma prisioneira, um prêmio a ser reivindicado. Mas enquanto me olhavam, senti um novo tipo de medo torcer em meu peito. Esses homens, esses Alfas, eram diferentes de qualquer pessoa que eu já conhecera, e eu podia sentir o julgamento em seus olhos enquanto examinavam a garota quebrada diante deles.

Uma onda de pavor me envolveu enquanto eu tentava entender por que David me enviara aqui, para esses homens. Eu me sentia presa, pequena, como uma presa no olhar de um predador.

"Então esta é a garota," disse o homem de cabelo prateado, seu tom calmo, quase curioso, enquanto farejava o ar e exibia um sorriso gelado.

"Sim, Alfa!" respondeu o homem barbudo com entusiasmo. Os três homens se sentaram na minha frente, o de cabelo prateado no centro, comandando a atenção. Seus olhos estavam fixos em mim, e eu me sentia nua sob o olhar deles, como se cada centímetro de mim estivesse sendo avaliado.

"Você nos reconhece?" perguntou o homem de cabelo prateado. Sua voz era plana, indiferente, não revelando nada sobre seus pensamentos. Eu estava seca; minha garganta estava ressecada e apertada. Forçando-me a responder, mal consegui murmurar um rouco "Não." Tentei engolir, mas parecia que lixa raspava minha garganta.

Ele ergueu uma sobrancelha, parecendo ligeiramente surpreso. "Dê a ela um pouco de água," ordenou, e alguém se apressou em obedecer.

Uma mulher idosa se aproximou com um copo, e no momento em que a água tocou meus lábios, foi como um bálsamo para minha boca seca. Eu queria engolir tudo de uma vez, mas ela segurou o copo, fazendo-me beber devagar, guiando-me gentilmente para beber com controle. Cada gole era como um sopro de vida, me ancorando, mesmo que por um momento.

"Você não se lembra de nós?" perguntou o loiro sujo, seu tom curioso, quase expectante. Balancei a cabeça, sem saber o que eles queriam de mim. Eles trocaram olhares, confusão cintilando em seus rostos.

"Você não parece a mesma, mas nos conhecemos há três anos, brevemente. Seu pai nos apresentou a você," explicou o de cabelo prateado, observando-me em busca de qualquer sinal de reconhecimento. Balancei a cabeça novamente, incapaz de recordar o encontro. Uma sombra escura cruzou o rosto do homem de cabelo preto, e ele franziu a testa.

"A vadia esteve com tantos homens que não reconhece três que conheceu brevemente," ele zombou, sua voz gotejando desprezo. A acusação parecia um tapa, dolorosa e injusta. Os outros dois homens me olharam com um desprezo mal disfarçado, julgando-me por um passado que eu não escolhi, um passado que não era meu.

Mil palavras estavam presas dentro de mim, cada uma implorando para falar contra seu julgamento, mas mantive meu silêncio, meu orgulho mal intacto, com medo de como eles torceriam minhas palavras.

"Dê a ela um quarto," ordenou o Alfa de cabelo prateado, e a mulher idosa que havia me trazido água segurou meu braço, me conduzindo para fora.

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