Trabalhando para viver II
Torquato Lozano. Para o mundo dos negócios, ele era um empresário durão, mas para aqueles que sabiam o que la famiglia significava, ele era o Don da família Lozano. Ele havia derrubado seu próprio pai com ousadia e brutalidade pelo título quando seu avô se aposentou. Tinha trinta e dois anos quando assumiu o controle de sua família. Fez isso apenas um ano depois que sua família rescindiu o acordo de casamento ao descobrir que ela não era mais virgem.
Agora ele deveria ter aproximadamente trinta e sete anos, sendo Don há cinco anos e já havia construído uma reputação impressionante. Seu irmão e ele tinham a mesma idade e, embora seus irmãos ainda falassem com ela e a mantivessem informada sobre coisas das quais precisava estar ciente para sua proteção, uma coisa que seu irmão mais velho sempre dizia era que Don Lozano o assustava pra caramba, e eles cresceram com Edgardo Mariani como pai.
Até hoje, não havia uma única fotografia direta do Don da família Lozano. Ao contrário de seu pai, que frequentemente se exibia e fazia pose pela notoriedade, Torquato operava nas sombras. Rumores circulavam que ele era feio, com cicatrizes no rosto e um temperamento à altura.
Foi por isso, é claro, que ela fez de tudo para evitar casar-se com ele. A última coisa que queria era ser a noiva relutante de um sádico dez anos mais velho que queria uma esposa que não fosse nada mais do que uma égua reprodutora, sendo estuprada e engravidada dia após dia até dar à luz o herdeiro do seu trono.
Ela correu um grande risco fazendo o que fez, mas valeu a pena. Leiloar sua virgindade na dark web foi um ato de insanidade. Ninguém poderia rastrear quem ela era porque ela era uma hacker excelente, então Bruno nunca seria capaz de descobrir mais do que a história de fundo que ela criou meticulosamente e deixou pistas sobre. Sua família nunca descobriria para quem ela se vendeu porque todos os traços da experiência foram apagados por suas próprias mãos. Assim que sua mãe a trancou no quarto para esperar a chegada do pai, ela estava em seu computador em segundos, erradicando todas as imagens dela das câmeras de segurança do hotel e dos semáforos próximos, transferiu o dinheiro que recebeu para uma conta offshore e apagou todas as impressões digitais da noite como se nunca tivesse acontecido.
Ela sabia que também fez um favor a Bruno porque, ao remover todos os traços de si mesma do sistema de computadores, também se livrou de todas as evidências dos homens dele se livrando dos três corpos.
Emergindo de suas lembranças, ela franziu o nariz para Tank, "Desculpa, o que você disse?"
"Eu preciso de você lá em cima comigo para me ajudar a montar os dois escritórios. Eu posso fazer a programação dos sistemas de segurança que precisamos rodar, mas preciso de um par de mãos extra para terminar isso."
“Tank, eu preciso montar as outras mesas. Já estou fazendo hora extra.”
“Não é problema meu. Você vai ficar até mais tarde.”
“Você vai arranjar a babá?” ela retrucou irritada, empurrando os óculos de volta para o nariz. “Caso você tenha esquecido, tenho um filho em casa que eu gostaria de pelo menos ver por alguns minutos antes de ele ir dormir.”
Tank suspirou, “olha, vamos montar os escritórios lá em cima e depois você e eu voltamos aqui para terminar isso.”
“Qual parte você não entendeu? Minha babá só fica por mais duas horas. Nem um minuto a mais. Se eu perder minha babá, vou pedir demissão e aí você perde um membro da equipe de TI.”
“Tá bom. Você pode vir mais cedo amanhã.”
“Te chamam de Tank porque você atropela todo mundo como um tanque?” Era um comentário que ela fazia várias vezes ao longo dos anos.
Ele riu. “Vou ligar para um dos outros caras virem mais cedo. Combinado?”
“Combinado.” Ela largou o que estava fazendo e o seguiu pelo corredor em direção ao elevador. Seu estômago ainda estava revirado. “Quando você disse que eles estavam lá em cima, não estão nos escritórios, estão? Quero dizer, não tem nada montado ainda.”
“Eles estão trabalhando na sala de reuniões por enquanto. Chegaram sem avisar ou, segundo o Kylen, com uma hora de antecedência. Além disso, a secretária ou assistente administrativa ou seja lá qual for o nome socialmente apropriado agora para a mulher que pega o café e a roupa dele na lavanderia, é uma peça rara. Ela está usando salto de quinze centímetros, mais batom do que uma capa da Vogue e me faz sentir tão inseguro quanto me sentia quando era zoado pela líder de torcida na escola. Juro, ela é o pior pesadelo de qualquer nerd.”
“Você era nerd, Tank?”
“Fiquei forte no exército, Alcee, e troquei meus óculos de fundo de garrafa por lentes de contato, mas aqui dentro,” ele bateu no peito, “o Ezekiel magrelo de quinze anos que preferia jogar xadrez contra o computador do que falar com pessoas ainda não gosta de mulheres arrogantes que mastigam meninos como eu.”
Ela riu, “ela não pode ser tão ruim assim.”
“Ela deu uma olhada no Kylen, e ele fez questão de colocar toda a extensão da mesa da sala de reuniões entre eles. Conheço ele há muito tempo e, deixa eu te falar, até ele está evitando ela. O nome dela é Genevra e ela é a razão pela qual o termo 'meninas malvadas' foi criado.” Ele apertou o botão para o último andar e enfiou os punhos nos bolsos. “Nesses dias, sinto falta das operações de desminagem.”
Quando as portas se abriram no último andar, ela se viu concordando plenamente com ele. Uma sensação de afundamento indicava que o risco de estar naquele andar ou fazer a tarefa que ele mencionou eram igualmente devastadores se a família Lozano encontrasse algum problema com ela trabalhando no prédio deles.