




Capítulo 7: A NOVA CHEGADA
ROWAN
OITO MESES DEPOIS.
"Estou te dizendo, ela está prestes a dar à luz!"
"E eu estou te dizendo para ficar quieto! Você está deixando ela mais nervosa."
"Ela não pode me ouvir, estamos do lado de fora."
"Você subestima o quão irritantemente alto e irritante sua voz é!"
Não consigo evitar dar uma risada com a discussão deles, apenas para outra onda de dor interromper.
"Droga!" xingo, fazendo uma careta enquanto outra contração atravessa meu corpo.
Isso é um inferno.
"Ro!" exclama Rina enquanto os dois correm para dentro. "Você está bem?"
"Não muito, onde vocês estavam?" pergunto. "Vocês não estavam aqui quando acordei."
Estamos em uma cabana de madeira que encontramos há algumas semanas durante nossas andanças.
Eu e as meninas estávamos preocupadas sobre onde poderíamos ficar, especialmente com o que parecia ser a minha data de parto se aproximando.
Era uma casa bem mobiliada com todos os aparelhos necessários para uma vida confortável.
Lisa teorizou que pertencia a algum humano que provavelmente migrou para a cidade durante o inverno.
De qualquer forma, agradecemos à deusa pelo presente e nos mudamos para lá.
O que foi um paraíso.
Foi a primeira vez desde que saí - fui expulsa da matilha - que vi uma cama, muito menos deitei em uma.
As meninas ficaram com os sofás, pois parecia que a cabana era feita para uma pessoa.
Funcionou bem para nós.
"Saímos para buscar comida," responde Lisa enquanto vai para o balcão da cozinha. "E suprimentos."
"Suprimentos?" pergunto.
"Coisas para o bebê," responde Rina. "Você parece que vai dar à luz a qualquer dia."
"Sinto que vou dar à luz a qualquer minuto," comento. "Onde vocês conseguiram isso?"
"Invadimos uma loja."
"O quê?!"
"Foi ideia da Lisa," confessa Rina rapidamente e sem remorso.
"O quê?!" pergunta Lisa, desafiadora. "Você precisa mais do que eles."
"Tenho certeza de que estão vendendo porque precisam do dinheiro," retruco.
"Não é meu problema."
Suspiro com sua indiferença.
"Pelo menos, me diga que foram cuidadosas."
"Claro que fomos. Evitamos todas as câmeras e coisas assim. Não somos amadoras."
"Isso é o que você disse da última vez e tivemos a polícia atrás de nós."
"Tenho certeza de que foi culpa da Rina."
"O quê? Com licença!" Rina protesta. "Eu não fui a que socou o segurança por fazer o trabalho dele!"
"Tanto faz. Mesmo que tenhamos perdido uma câmera, a única coisa que vão ver é um lobo roubando coisas."
"Você se transformou em lobo, claro que sim," digo balançando a cabeça antes de outra contração me atingir.
"Whoa! O que foi isso?" ela pergunta enquanto se apressa até mim, com Rina segurando minha mão, preocupada.
"Acho que..." digo após inspirar profundamente para conter a dor. "... são contrações."
"Contrações?!" exclama Rina, o pânico claro em seus olhos. "Você quer dizer que o bebê está vindo?"
"Quando elas começaram?"
"Esta manhã," eu respondo ofegante, passando por outra contração. "Foi o que me acordou."
"E qual a duração entre elas?"
"Hum, acho que... dois minutos agora. Parei de contar quando uma delas me fez ver estrelas."
"Meu Deus!" Rina ofega. "Meu Deus, meu Deus, meu Deus. O que vamos fazer?! Não temos a menor ideia de como ajudar alguém a dar à luz! Nunca fizemos isso antes."
"Acorda, Ri. Faça o que eu disser. Primeiro, vá pegar aqueles lençóis que deixamos nas prateleiras. Os brancos," Lisa ordena enquanto se posiciona na minha frente e gentilmente abre minhas pernas.
Rina corre para fazer isso e logo volta com os lençóis.
"Eu ainda não consigo ver o bebê, o que significa que ainda temos um pouco de tempo," ela continua. "Aqui, me dê sua mão. Ri, espalhe os lençóis no chão, não queremos deixar a cama do dono manchada de sangue."
Naturalmente.
Assim que Rina faz isso, as duas me ajudam a levantar e me conduzem ao chão. Nesse curto intervalo, passo por mais três contrações e começo a chorar imediatamente.
"Está tudo bem, tudo está bem. Estamos aqui com você," Lisa sussurra enquanto me deita. "Ri, vá ferver um pouco de água. Está na hora."
Não vou aborrecê-los com os detalhes sangrentos do parto, mas vou contar uma coisa.
Nunca odiei Dominic tanto quanto naquele momento em que empurrava o bebê para fora de mim.
Raiva e maldições enchem minha cabeça enquanto meu corpo é rasgado por dentro.
Raiva que desaparece instantaneamente quando ouço o choro do bebê.
"O que... quem... onde," eu suspiro enquanto meus olhos procuram meu filho.
"Parabéns, Ro," Lisa diz com o sorriso mais suave que já vi em seu rosto. "Você tem uma menina."
Uma menina.
Eu tenho uma menina.
Eu sou mãe.
Quando Lisa coloca a criança no meu peito, começo a chorar novamente.
Eu sou mãe.
Eu consegui.
Ela conseguiu.
"Olá, pequena," murmuro para ela enquanto toco seu rostinho ensanguentado e enrugado.
Ela é linda.
O quarto fica em silêncio enquanto todos observamos o milagre que é o bebê, até que Lisa a pega novamente.
"Precisamos lavá-la, assim como você. Rina vai te ajudar," ela diz.
Eu a observo enquanto ela se afasta com meu bebê, indo em direção à pia onde há uma bacia.
"Vamos, Ro, você consegue ficar de pé?" Rina pergunta enquanto se aproxima de mim.
Mas no momento em que ela me toca, outra onda de dor, quase igual à que acabei de passar, toma conta do meu corpo.
Queimando.
Quebrando.
Dor.
Dói.
Parece uma eternidade, meu corpo passa por uma tortura apenas para parar instantaneamente.
Olho para as meninas e primeiro me surpreendo com a distância entre nós e depois com o olhar de pânico em seus rostos.
Olho para baixo para ver o que as deixou chocadas e fico assustada com o que vejo.
Patas.
Eu tenho... patas.
Estou em forma de lobo.