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Capítulo 1: UM ACASALAMENTO MISERÁVEL.

LOUISA.

"Você só pode estar brincando comigo!" Dominic rosna enquanto eu fico parada na entrada, congelada de medo.

Isso é um pesadelo.

Eu sabia que quem quer que fosse meu par não ficaria feliz com isso, mas eu não achei que seria Dominic, o Alfa.

"Como, em nome da deusa, isso faz sentido?!" ele continua. "Você nem consegue se transformar em sua loba? Como pode ser minha parceira?!"

"Eu sinto muito," gaguejei, com a cabeça baixa para evitar seu olhar. "Eu não- Eu sou-"

"Chega! Deusa, você é patética. O que a deusa estava pensando? Me emparelhando com você?" ele murmura enquanto passa as mãos pelo cabelo.

Eu fico em silêncio, incapaz de responder.

Honestamente, eu também me pergunto o mesmo. Por que eu seria emparelhada com Dominic? O homem me odeia com paixão.

"Por que você ainda está aqui?" ele me repreende.

"Desculpa!" exclamo enquanto rapidamente levanto o olhar, apenas para ver a expressão de puro desprezo em seu rosto. "Você... você me chamou... Eu não-"

"Ugh," ele geme enquanto caminha em minha direção, me empurrando para fora do caminho e saindo pela porta. "Fraca e nojenta."

Eu olho para suas costas até ele desaparecer antes de soltar um suspiro.

"O que eu faço agora?" murmuro para mim mesma.

Dominic Valor, Alfa da alcateia Obsidiana, sempre odiou minhas entranhas. Desde que vim morar com a família dele.

Meus pais morreram em batalha, defendendo a alcateia de um ataque inimigo, e o Alfa anterior me acolheu como uma forma de honrá-los.

Dominic nunca gostou disso.

Ele não via razão para isso, já que era dever de todo lobo defender a alcateia e, se morressem fazendo isso, ainda mais honroso.

O fato de eu ser a pessoa mais fraca da alcateia e ainda não ter uma loba não ajudava em nada.

Ele me despreza.

Desprezava o fato de eu ser fraca e ainda assim ter uma boa vida.

Algo que ele fez questão de destruir assim que seu pai faleceu.

De uma vida protegida, mas confortável, para uma vida cheia de miséria e insultos.

De órfã protegida a escrava sobrecarregada.

O depósito de todos.

Um desperdício de espaço.

E agora...

Agora, eu sou parceira dele?

Qual é a lógica disso?

O que eu vou fazer agora?

"Ele vai me matar."

Fico ali, ainda na entrada do escritório dele, sem saber o que fazer.

Se ele voltar e descobrir que eu saí sem suas ordens, haverá um inferno a pagar.

Se ele voltar e me encontrar aqui, ainda patética e inútil quando há tanto trabalho a fazer na alcateia, ainda haverá um inferno a pagar.

Não há uma boa escolha aqui.

Fico ali por alguns minutos, debatendo e passando por diferentes cenários na minha cabeça antes de decidir ir embora.

Não é como se minha permanência fizesse alguma diferença.

Ele ainda encontrará uma maneira de se tornar miserável.

E além disso, terminar o resto das tarefas vai me distrair do conhecimento devastador de que o Alpha Dominic é meu companheiro.

E também, para me preparar.

Afinal, ele vai me rejeitar.

Certo?

Está escuro quando ouço a porta da frente se abrindo.

Passa das duas e ainda estou acordada, esperando Dominic chegar.

Não posso ir para a cama até que ele chegue.

Ordens do Alpha.

Corro para a porta da frente, o medo correndo nas minhas veias, mas sem muita escolha, e paro de repente.

Ele está bêbado.

Alpha Dominic está bêbado.

Em todos os anos que vivi com ele, nunca o vi bêbado.

No fundo da minha mente, os alarmes soam, dizendo-me para virar e sair, não importa as consequências.

Mas eu não faço isso.

"Al- Alpha?" chamo baixinho, parando a uma pequena distância dele. "Você está bem?"

Observo enquanto ele procura no escuro pela minha voz, a cabeça virando quase lentamente antes de me ver.

"Ah… se não é minha companheira. Minha fraca, patética, sem lobo companheira."

Ele se aproxima de mim, um brilho estranho nos olhos que me faz dar vários passos para trás antes de me virar para fugir.

Não chego muito longe.

Sua mão envolve meu pulso, puxando-me para ele antes de me empurrar contra a parede. Ele inclina o corpo sobre o meu, suado e fedendo a álcool.

"Onde você pensa que vai, companheira?" ele murmura para mim. "Não está feliz em me ver?"

Os alarmes ficam mais altos na minha cabeça, tão altos que mal consigo ouvir minha própria respiração.

"Alpha? Alpha, por favor… você está me machucando," peço, fazendo uma careta enquanto suas mãos apertam meu pulso.

"Eu estou te machucando? Eu. Estou. Te. Machucando?!" ele grita no meu rosto. "E eu? Você sabe o quão magoado e decepcionado eu estou agora? Típico de uma mimada como você, só pensando em si mesma."

"Não… por favor," imploro enquanto luto contra as lágrimas causadas pelo aperto firme de suas mãos.

Minhas lágrimas só o enfureceriam mais.

E isso é algo que não pode acontecer.

Não agora.

"Você deve estar radiante agora, não é?" ele continua no meu ouvido, seu peso me sufocando. "Você tem o Alpha como seu companheiro. Deve achar que sua vida está resolvida, certo?"

"Não… Dominic-"

THWACK!!

Demoro alguns segundos para perceber o que acabou de acontecer.

Meu rosto está ardendo com o tapa que ele me deu.

"Dominic?" ele cospe. "Como você ficou ousada. Muito bem, já que está tão animada para ser minha companheira, vamos finalizar isso," ele diz antes de me pegar pelo braço e me puxar em direção ao seu quarto.

Não.

"Não," imploro, tentando me soltar de suas mãos. As lágrimas caem livremente agora, o terror sobre o que está prestes a acontecer preenchendo minhas veias já esgotadas. "Por favor, eu sinto muito."

"Ah, eu não sei sobre isso, mas prometo que antes do sol nascer, você vai sentir," ele diz antes de me jogar na cama dele.

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