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Capítulo Oito

Catherine abriu os olhos. Piscou algumas vezes, tentando entender onde estava. Olhou para a direita e viu a janela do quarto. Perguntou-se por que não tinha aberto a janela para deixar o ar entrar, como sempre fazia antes de dormir. Olhou para o chão e notou caixas empilhadas com etiquetas: fotos, banheiro, livros, casacos de inverno. Ouviu uma gaveta sendo aberta e virou-se para a esquerda. Seu coração disparou.

Seu companheiro estava de pé em frente à cômoda, de costas para ela. De repente, tudo voltou à sua mente. Ela tinha ficado bêbada, muito muito bêbada na noite passada e desmaiado nos braços de Toma. Quando acordou, Graham estava lá, segurando-a e parecendo como se a tivesse trazido de volta dos mortos. Como ela tinha chegado ali? O que ele estava fazendo? Ele estava usando roupas diferentes das que ela lembrava. Ele vestia um moletom com uma manga puxada até o cotovelo, jeans azuis e meias, mas sem sapatos. Parecia tão confortável, casual. Deusa, mesmo de costas ele era lindo. Seus olhos fixaram-se na bunda dele com aqueles jeans.

“É falta de educação ficar olhando,” Graham disse, baixo. Ela finalmente percebeu o que ele estava fazendo. Ele estava tirando roupas da cômoda, dobrando-as novamente e colocando-as em uma caixa de papelão.

“Como você sabia que eu estava acordada?”

“Tenho ouvido você respirar há um bom tempo. Sua respiração mudou há uns dois minutos,” ele explicou sem parar a tarefa ou se virar para olhá-la.

“O que você está fazendo?” ela perguntou, sentando-se nos cotovelos.

“Empacotando suas coisas.”

“Eu posso ver isso. Por quê?”

“Para que quando você acordasse estivesse pronta para sair mais rápido. Vou te levar para minha casa em Blackmoore.”

“Quem disse?”

As mãos de Graham pararam na blusa que ele estava dobrando. Ele a colocou na caixa e finalmente se virou para encará-la. Ela engoliu seco enquanto ele cruzava os braços na frente do peito e lhe dava um olhar desafiador. Na escuridão do quarto, os ângulos acentuados do rosto dele lançavam sombras sobre sua expressão, tornando-a difícil de ler. Seu coração disparou ao vê-lo na sua frente e ela foi tomada pela intimidade de ter aquele homem grande em seu pequeno quarto. Olhou para baixo, agradecida por ainda estar totalmente vestida com o que tinha usado para trabalhar ontem.

“Quem disse foi seu companheiro,” ele respondeu.

Catherine bufou. “Então agora você decidiu ser meu companheiro? Onde você estava nos últimos dois dias, hein? O que aconteceu com você vir falar comigo?”

Ele esfregou o queixo pensativamente. “Tive negócios que me mantiveram longe.”

“Negócios?”

Ele apenas assentiu.

“Bem, odeio te informar, senhor, mas eu tenho um emprego e um apartamento e amigos que…”

“Eu já disse ao Paul que você pediu demissão.”

“O quê?” Catherine pulou da cama. “O que te dá o direito de fazer isso?”

“De novo, eu sou seu…”

“Companheiro, certo.” Catherine revirou os olhos e apertou a ponte do nariz. “Olha, eu não sei muito sobre lycans, mas eu gosto de trabalhar. Demorei muito tempo para encontrar alguém que me contratasse apesar do meu status de desonrada. Se você acha que pode simplesmente chegar aqui, me levar para a sua alcateia e me usar como uma espécie de reprodutora descalça, então…”

Graham deu dois passos longos em direção a ela, roubando seu fôlego com a proximidade. Ela tentou dar um passo para trás, mas seus joelhos bateram na lateral da cama. Ela caiu para trás com um guincho e quicou levemente ao aterrissar no colchão macio. Graham sorriu ligeiramente enquanto colocava um joelho entre as pernas dela.

Ele se inclinou sobre ela, com as mãos apoiadas de cada lado da cabeça dela. Seus olhos desceram para o movimento rápido de sua respiração e mais abaixo, onde suas pernas se encontravam, fazendo com que ela apertasse as coxas contra o joelho dele. Seus olhos subiram para os dela e ele abriu um sorriso largo. Ela teria franzido a testa de volta se não estivesse tão excitada. Seu nariz desceu e correu entre os seios dela. Ele riu.

“Nós, lycans, não somos tão medievais, Catherine,” ele sussurrou. Ela engoliu em seco ao som de sua voz rouca. “Eu ganho mais do que o suficiente para nos manter confortáveis, mas imaginei que você quisesse um emprego. Há muitos na cidade, eu te garanto. Embora…” Seus dedos desceram pelo braço dela, fazendo-a tremer. Sua boca desceu até o ouvido dela. “Se você preferir passar seus dias debaixo de mim nessa posição, podemos certamente arranjar isso.” Ele mordeu o lóbulo da orelha dela e ela prendeu a respiração antes de empurrar o peito dele. Ele se afastou dela com uma risada.

“Não tem graça.”

Ele deu de ombros. “Eu achei que tinha.” Graham se virou para continuar arrumando as coisas dela. “Vai lá tomar um banho. Não há a menor chance de eu deixar você ficar aqui depois do que aconteceu na outra noite. Devo terminar de arrumar suas coisas em algumas horas e então partimos. Tenho apenas mais alguns dias de folga para te acomodar na minha casa.”

Catherine se levantou. “O que aconteceu na outra noite? Eu posso me embriagar, Graham.”

Graham se virou e inclinou a cabeça. “Sim... mas não foi a sua bebedeira que me incomodou. Foi você ter sido envenenada com Acônito.”

Catherine estreitou os olhos para ele. “Acônito? Do que você está falando?”

Graham passou a mão pelo rosto. Ele deu um passo à frente, como se não pudesse suportar estar mais de um metro longe dela por mais de alguns minutos. Ele acariciou a bochecha dela com o polegar. “Você foi envenenada, querida. Não sabemos por quem ou com qual propósito. Vamos descobrir, mas por enquanto eu preciso que você venha para casa comigo, onde eu posso te manter segura.”

Catherine ficou surpresa com a sinceridade crua no rosto dele. Um pensamento lhe veio à mente. "E o Toma? Ele está bem?"

Ele rosnou levemente ao ouvir o nome do amigo dela. "Ele está bem. Não foi o álcool." Ele se virou e começou a jogar roupas na caixa com menos cuidado do que antes. "Tome um banho. Precisamos sair hoje. Já desperdiçamos dois dias."

Catherine revirou os olhos e pegou algumas roupas que ele havia separado para ela. "Espera... dois dias? Eu fiquei desacordada por dois dias?"

Ele a observava do armário enquanto ela parava na soleira do banheiro. "Sim."

"E você ficou aqui?"

"Sim."

"Com a Juno?"

Ele sorriu com o rumo dos pensamentos dela. "Isso te incomoda?"

Ela se irritou, o choque de ciúmes a surpreendendo por um momento. "Claro que não. Ela é minha melhor amiga."

"Uhum," ele murmurou, voltando à sua tarefa.

Catherine entrou no banheiro, deixando a porta entreaberta. Ela começou a se despir quando ouviu a porta do quarto se abrir.

"Ei, fortão," Juno disse, um pouco animada demais para o gosto dela. "Fiz seu café da manhã. Sem cogumelos desta vez."

Catherine ficou furiosa. Espiou pela porta do banheiro e viu Juno admirando seu parceiro sem nenhuma discrição. Como ela ousa? Catherine não apenas odiava como os olhos de Juno se demoravam no traseiro de Graham, mas também o fato de que Juno tinha passado dois dias inteiros sozinha com ele. Ela já sabia mais sobre ele do que Catherine. O que mais ela sabia além das preferências culinárias dele? Será que ficaram acordados até tarde fofocando e trocando histórias? Será que ele também a admirou?

"Quer sair e se juntar a mim?" Juno implorou.

Catherine apertou a toalha ao redor do peito e abriu a porta do banheiro com força. Juno estava perto demais, mas deu um passo para trás assim que notou Catherine. Seu olhar se voltou para Graham, que agora estava recostado preguiçosamente contra o armário, encarando-a com um sorriso conhecedor. Seus olhos caíram no decote dela. Ela estreitou ainda mais os olhos para ele.

"Kitty! Estou tão feliz que você acordou! Estava tão preocupada com você!" Juno exclamou enquanto se apressava para abraçar Catherine. Ela olhou por cima do ombro da amiga e viu seu parceiro saindo do quarto.

"Vou deixar vocês duas colocarem o papo em dia," Graham disse com uma piscadela.

Assim que Graham saiu do quarto, Catherine deu um passo para trás. "Que diabos foi isso?" ela perguntou.

"O quê?" Juno perguntou, com um sorriso travesso no rosto.

"Ele é meu," ela sibilou.

Juno deu uma gargalhada. "Amiga, não se preocupe. Eu só estava admirando aquele traseiro. Você viu? Você tem muita sorte." Juno se jogou na cama.

"E além de trocarem olhares, o que mais está rolando entre vocês dois?" Catherine batia o pé com agitação.

Juno se apoiou nos cotovelos. "Eu gosto de você com ciúmes. Tanto quanto tenho certeza de que ele gosta," ela disse, rindo. Catherine deu um passo ameaçador à frente e Juno levantou as mãos. "Relaxa, garota. Aquele menino não saiu do seu quarto desde que te trouxe aqui. Ele nem come porque você não conseguiu comer. As únicas palavras que ele me disse foram 'Estou levando ela para casa' e 'alérgica' e isso foi só quando eu continuei insistindo para saber por que ele não comia minha maldita sopa de cogumelos. Eu fiquei insultada, vadia. Todo mundo gosta da minha sopa de cogumelos."

Catherine suspirou, finalmente relaxando. "Desculpa."

"Ah, não precisa. Eu entendo sua irritação... você lembra da minha Febre de Sábado à Noite?" Juno perguntou.

Catherine assentiu. "O Lycan gostoso que vem aos sábados e que você fica babando todo domingo?" ela perguntou, não gostando do rumo da conversa.

"É..." Juno disse, olhando para a porta por onde Graham tinha passado.

Catherine ficou boquiaberta. "Sua vadia!"

Juno levantou as mãos e riu. "Não é como se eu soubesse! Poxa! Ele é todo seu, garota."

"Claro. Fique longe!" Catherine avisou, apontando um dedo para sua amiga que ela sabia que nunca a machucaria.

"Taaanto faz," Juno disse com um piscar de olhos. Ela olhou ao redor do quarto. "Ele realmente está te levando embora, né?"

"Parece que sim," Catherine disse, sentando-se ao lado da amiga.

"Acho que é o melhor. Ele pode te manter segura. Tenho certeza disso." Juno pegou a mão de Catherine e seus dedos se entrelaçaram.

"Talvez você possa vir comigo," Catherine sussurrou.

Juno deu uma risadinha. "E ouvir vocês dois transando sem parar pelo próximo ano? Não, estou bem aqui."

"Promete que pelo menos vai me visitar."

"Eu prometo. Vai ser estranho aqui sem você."

"Sim, vai ser estranho aprender mais sobre meu lado Lycan."

"Ah é, obrigada por me contar sobre isso, aliás," Juno brincou. As duas ficaram em silêncio por alguns minutos. Juno suspirou. "Acho que você deveria contar para ele."

Catherine ficou tensa. "Ele sabe que sou uma Lycan, Jun."

"Não isso... Sobre o homem de quem você está fugindo."

"Eu não estou..."

Juno apertou sua mão. "Não comece a mentir para mim agora. Está tudo bem. Não espero que você me conte. Graham é seu companheiro. Ele pode te proteger."

"Eu não posso."

Juno virou a cabeça para olhar para ela. "Por que não?"

Catherine engoliu seco. "Ele me deixaria se soubesse."

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