




Capítulo 5
POV de Xena
"O que tá pegando?" perguntei, cruzando os braços enquanto me aproximava dele.
Ryder mudou de posição, seus olhos verdes sérios. "Queria falar com você sobre a Helen."
Claro. A namorada dele. "O que tem ela?" mantive minha voz neutra.
"Ela tem um temperamento forte," Ryder admitiu, passando a mão pelo cabelo loiro claro. "Mas ela vai se transferir em breve, e eu não quero problemas na escola até lá."
Levantei uma sobrancelha. Era a forma dele pedir pra eu ser legal? Depois de ela ter sido nada além de hostil?
"Contanto que ela saiba o lugar dela," respondi friamente. "Se não souber, tenho certeza de que vai descobrir rápido." Não formulei como uma ameaça, mas nós dois sabíamos que era uma promessa.
Ele assentiu levemente, o rosto ainda indiferente. "Por que te chamam de 'Lâmina' na escola?"
Um pequeno sorriso cruzou meus lábios. "Porque sou afiada. Não sou do tipo calorosa e amigável."
Antes que Ryder pudesse responder, senti uma presença familiar atrás de mim. Samuel se aproximou, seus olhos cinzas avaliando a cena em silêncio.
"Tudo bem por aqui?" ele perguntou, sua voz profunda emanando uma proteção subjacente.
Os olhos de Ryder passaram de mim para Samuel, interpretando errado. "Seu namorado?"
Não me preocupei em corrigir. "Nem perto disso," respondi secamente. "Te vejo amanhã."
Virei as costas, sentindo o olhar de Ryder enquanto Samuel e eu entrávamos no restaurante lotado. O som da moto dele rugindo lá fora momentos depois confirmou que ele tinha ido embora.
Logan, Leonard e Ama ainda estavam sentados na cabine, pratos com comida pela metade espalhados pela mesa. Os olhos de Logan imediatamente se fixaram nos meus, a conexão de gêmeos permitindo que ele sentisse meu humor instantaneamente.
"O que ele queria?" perguntou, deslizando para o lado para fazer espaço.
Dei de ombros, roubando uma batata frita do prato dele. "Só me avisando pra ser legal com a namorada dele, Helen."
Leonard quase engasgou com a bebida. "Qual é o problema com a namorada dele? O que rolou entre vocês?"
"Ela também é uma lobisomem. Aquela vaca parece se importar muito com o Ryder," disse, minha voz ficando mais baixa ao mencionar o nome de Ryder.
"Como você respondeu?" Logan perguntou com preocupação na voz, inclinando-se para frente.
"Disse que contanto que aquela vaca saiba o lugar dela, eu não vou começar nada," respondi, limpando as mãos com um lenço úmido.
"Sua reputação deveria ser suficiente para mantê-la longe," Ama riu.
"Não é minha culpa ter uma reputação," disse, recostando na cabine. "Uma briga e de repente eu sou a bad girl da escola."
"Não foi só uma briga," Logan riu. "Você colocou ela em coma, X."
Senti meus lábios se curvarem em um sorriso. "Aquela vaca precisava saber o lugar dela."
A memória passou pela minha mente—uma garota de uma matilha vizinha que achou que poderia me desafiar. Eu não tinha intenção de machucá-la tanto, mas também não me arrependia. No mundo dos lobisomens, respeito não era dado; era conquistado.
Quando a noite caiu e o restaurante começou a esvaziar, me levantei. "Acho que vou caminhar até em casa."
Logan imediatamente balançou a cabeça. "Nem pensar. Está tarde, e houve avistamentos de renegados."
"Eu consigo me virar," insisti, mas o olhar no rosto do meu irmão me disse que essa não era uma batalha que valia a pena lutar. "Tá bom."
Saímos do restaurante, o ar fresco da noite sendo um alívio bem-vindo depois do interior abafado. Ama subiu na garupa da motocicleta de Logan enquanto eu relutantemente me juntei a Samuel na dele.
"A Martha vai te dar problemas por chegar tarde?" Samuel perguntou baixinho enquanto me entregava um capacete.
Suspirei, envolvendo meus braços em volta da cintura dele. "Vou ter problemas de qualquer jeito. Melhor aproveitar a noite enquanto dura."
A viagem para casa foi curta demais. A cada quilômetro, o nó no meu estômago apertava. Eu sabia que Martha estaria esperando. Ela nunca perdia uma oportunidade de tornar minha vida um inferno.
Trinta minutos depois, paramos em frente à casa. Logan e Samuel foram estacionar as motocicletas na garagem, enquanto eu fiquei na porta da frente, uma parte tola de mim esperando que ela já estivesse dormindo, que eu pudesse escorregar para o meu quarto sem ser notada.
No momento em que entrei, Martha estava lá, como se estivesse esperando na porta. Sua pequena figura parecia preencher o hall de entrada, seus olhos duros enquanto me encarava.
"Vou te dar uma chance," ela disse, sua voz afiada como navalha, "para se desculpar pela sua falta de respeito esta tarde."
Quase ri do meu desejo anterior. Claro que isso estava acontecendo. Eu estava cansada de apaziguá-la. Submissão nunca funcionou com Martha; ela só tomava isso como permissão para ir mais longe.
Encarei seus olhos friamente. "Fui acusada injustamente. Não te devo desculpas."
A descrença passou pelo rosto dela. Desde que entrei no ensino médio, vinha revidando mais frequentemente. Ela parecia genuinamente chocada que eu não aceitava mais seu abuso em silêncio, que me recusava a ser seu saco de pancadas.
"Garota estúpida," ela sibilou. "Você é igual à sua mãe idiota."
O insulto atingiu seu alvo, como sempre fazia. Já tinha ouvido essas palavras inúmeras vezes, mas elas ainda acendiam um fogo no meu peito. Mantive minha voz perigosamente baixa. "Sua destruidora de lares sem vergonha, você não merece mencionar—"
O tapa veio antes que eu pudesse sequer inspirar, a força de sua palma batendo contra minha bochecha com a força brutal de um golpe de lobo. O som do impacto ecoou pela quietude da casa. Não a vi se mover—apenas o ardor cortante de suas garras, o poder bruto de sua força de lobisomem, se espalhando como fogo pelo meu rosto.
"Garota estúpida!" ela gritou. "Como você ousa me desrespeitar!"
Algo em mim se quebrou. Todos os anos de abuso, de ver meu pai olhar para o outro lado, de ser tratada como um fardo indesejado na minha própria casa—tudo isso explodiu em um momento explosivo. Antes que eu pudesse pensar, minha mão se ergueu, acertando-a no rosto com força suficiente para fazê-la cambalear para trás.
"O QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO AQUI?" A voz trovejante do meu pai encheu a sala enquanto ele aparecia do seu escritório, seus olhos se movendo entre Martha espalhada no chão e eu de pé com a mão ainda levantada.
"Ela me bateu primeiro!" Martha choramingou, segurando dramaticamente sua bochecha.