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Capítulo 3

POV de Xena

Os olhos de Martha se arregalaram em choque antes de se estreitarem novamente. "Logan!" ela sibilou.

Eu podia ver o maxilar do meu pai se apertar. "X," ele disse, virando-se para mim. "Você completou suas tarefas?"

"Sim, senhor. Fiz elas esta manhã antes da escola." Minha voz se elevou inconscientemente.

Martha disse friamente, "Ela está mentindo."

"Não, não estou!" gritei de volta. "Veja?" Peguei meu celular, abri meu e-mail e mostrei a ele as fotos com marcação de tempo que tirei de cada tarefa completada. "Tudo feito às 6:30 da manhã, antes da escola."

"Parece que ela fez mesmo." Papai assentiu levemente. "O que você vai fazer esta noite?"

"Ama e eu vamos correr até a pizzaria na cidade e jantar lá," respondi em um tom frio, insatisfeita com a forma como ele estava lidando com isso.

"Certo, divirtam-se e lembrem-se de não voltar muito tarde," ele disse sem entusiasmo.

"A propósito, pai," acrescentei, "o filho do Alfa Benedict da Alcateia Boneash vai passar na loja amanhã às cinco para um trabalho personalizado na moto dele. O nome dele é Ryder."

As sobrancelhas do meu pai se levantaram levemente e ele se virou para sair. "Vou passar lá para conhecê-lo."

Martha claramente não estava feliz por ser excluída da conversa. Ela seguiu meu pai para dentro, já começando a reclamar sobre como eu precisava ser disciplinada.

Logan ficou para trás com Samuel e Leonard. "O que você fez para irritá-la desta vez?" ele perguntou assim que Martha estava fora de alcance.

Dei de ombros, indo em direção à casa. "Nós literalmente acabamos de chegar e ela já estava esperando lá. Mal posso esperar para sair deste inferno. Assim que completarmos dezoito anos, eu vou embora."

Logan franziu a testa, me seguindo para dentro. "Fugir não é a resposta, X."

Entrei no meu quarto, Logan nos meus calcanhares. "O que vai mudar, Log?" retruquei. "Papai disse que você não pode assumir até ter vinte e cinco anos, nem um dia antes. Não vou esperar mais sete anos."

"E se seu parceiro estiver aqui?" ele desafiou.

Entrei no meu closet, peguei um agasalho azul, vesti e chequei meu reflexo no espelho. Nada mal. "Bem, espero que ele goste de viajar, porque estou planejando ver o mundo nesses sete anos."

Logan suspirou pesadamente. Eu sabia que ele odiava essa situação tanto quanto eu, mas estava preso ao seu senso de dever com a alcateia.

Virei-me para ele, suavizando meu tom. "Sei que você não gosta, mas o que espera que eu faça? Uma garota só pode aguentar até certo ponto, especialmente quando ninguém a defende." Peguei meus fones de ouvido do criado-mudo e os coloquei ao redor do pescoço - minha preciosa pequena fuga da realidade.

"Eu defendo você," Logan disse, com dor evidente na voz.

"Eu sei, e amo você por isso," assegurei, "Mas você sabe que só pode fazer até certo ponto. Você não pode estar sempre lá para impedir as coisas físicas."

"Eu odeio isso," ele rosnou, seus punhos se fechando ao lado do corpo.

Tentei aliviar o clima. "Tudo bem. Você me bate mais forte quando treinamos de qualquer maneira." Peguei um elástico de cabelo da mesa perto da porta e prendi-o frouxamente em um rabo de cavalo enquanto caminhava.

Ele não sorriu com minha piada. "Isso não é a mesma coisa, e você sabe disso."

Amarrei meus tênis de corrida e dei a ele um sorriso triste. "Eu te amo, irmão, mas não tenho opções. Preciso correr." Hesitei, debatendo se deveria usar dois tops esportivos. Meus "melões" tendiam a balançar dolorosamente durante as corridas.

Ama entrou no meu quarto, já trocada em sua roupa de corrida. "Pronta para ir?"

Assenti sorrindo. "Até mais, meninos."

"Vamos encontrar vocês na pizzaria em uma hora!" Leonard chamou do corredor.

"Entendi!" Ama e eu saímos, passando pelo escritório do papai. Mesmo com a porta fechada, eu ainda podia ouvir a voz estridente de Martha reclamando de mim. Acelerei o passo, ansiosa para me afastar o máximo possível dela.

"Qual caminho você quer seguir?" Ama perguntou enquanto nos alongávamos no final da entrada.

"Vamos correr até o Centro hoje. Podemos ir pelo caminho mais longo até a pizzaria." O Centro era a cidade neutra onde todas as matilhas coexistiam, incluindo onde nossa escola estava localizada.

"Parece um pouco difícil."

Enquanto começávamos a correr, senti o peso familiar nas pernas e a tensão nos ombros. Mas a cada passada, o fardo ficava mais leve. Aumentei o ritmo, Ama mantendo o passo ao meu lado. Coloquei os fones de ouvido, deixando a música abafar tudo ao redor.

Meu ritmo cardíaco aumentou e, gradualmente, o mundo desapareceu até não haver nada além do ritmo dos meus pés batendo no chão, a queimação nos pulmões e o batimento da música. Cada passo levava embora minhas preocupações e ansiedades, dissolvendo-as no ar atrás de mim.

Oitenta minutos e dez milhas depois, chegamos à cidade, parando no nosso poste de luz habitual — nossa linha de chegada não oficial. Nós nos curvamos, ofegantes. Ama parecia absolutamente exausta.

"Muito... longo," ela ofegou, a voz rouca. "Parece... que... estou morrendo."

Eu também estava respirando pesado, mas não tão dramaticamente quanto Ama. Tomei um gole da minha garrafa de água e sorri para ela. "Você tem comido muitos doces ultimamente. Da próxima vez que eu te chamar para correr, não invente desculpas."

Ama me lançou um olhar fulminante entre respirações difíceis, mãos apoiadas nos joelhos. "Da próxima vez... que você me chamar para correr... me lembre de bloquear seu número primeiro."

Caminhamos lentamente, recuperando o fôlego enquanto nos dirigíamos à pizzaria a dois quarteirões de distância. Era o lugar mais popular para os estudantes do ensino médio, tanto lobisomens quanto humanos. Quando chegamos, o lugar já estava lotado de rostos familiares.

O cheiro de queijo derretido e molho de tomate encheu minhas narinas enquanto Ama e eu empurrávamos a porta. O lugar estava lotado naquela noite, com o barulho de risadas e conversas ecoando nas paredes. Eu escaneei o ambiente, facilmente identificando o cabelo loiro de Leonard na nossa cabine de sempre. Ao lado dele estava uma morena pequena que eu não reconhecia, provavelmente sua última conquista.

"Lá estão eles," Ama me cutucou, seus cachos loiros balançando enquanto ela apontava com a cabeça em direção à cabine.

Suspirei, passando pela multidão com Ama logo atrás.

"Finalmente chegaram!" Leonard chamou, seus olhos azuis brilhando enquanto nos aproximávamos. Seu braço estava possessivamente ao redor da morena, que nos deu uma olhada que imediatamente me deixou irritada.

"Tenho que manter essa forma," respondi secamente, deslizando para a cabine em frente a ele. Ama se acomodou ao meu lado.

Os olhos da morena ficaram fixados no meu antebraço tatuado antes de ela franzir ligeiramente o nariz.

"Onde está Logan?" perguntei, olhando ao redor em busca do meu irmão gêmeo.

"Logan ainda não chegou." Samuel estava sentado em frente a Leonard. Havia uma garota tentando chamar sua atenção. Eu sorri para ele e levantei uma sobrancelha. Ele balançou a cabeça para mim, dizendo que não estava interessado.

Leonard deu de ombros. "Ele disse algo sobre Keira querer parar em algum lugar primeiro."

"Onde está minha bebida?" perguntei, levantando uma sobrancelha. "Vocês já estão aqui há meia hora."

A acompanhante de Leonard de repente se inclinou para frente, seu perfume sobrecarregando meu nariz sensível. "Acho que vi alguns lugares vazios ali," ela disse docemente, embora seus olhos fossem frios ao olhar para Ama e eu. "Por que vocês meninas não vão sentar lá em vez disso? Estávamos meio que tendo uma conversa privada."

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