




Capítulo 2
POV de Xena
Leonard levantou as mãos defensivamente. "Foi só uma vez!"
"Uma vez já é demais," murmurei. Lavei as mãos e peguei minha câmera, escolhendo o melhor ângulo.
Click.
"Perfeito," eu disse. A foto seria uma excelente adição ao meu portfólio. Eu podia sentir a impaciência de Logan, suas vibrações de irmão protetor irradiando pelo quarto. Ele não queria me deixar sozinha com Ryder, isso era óbvio.
Estou bem, mano.
Enviei através de nosso link mental e coloquei a câmera no balcão, calçando luvas para limpar minha estação de trabalho.
Não confio nele, Logan respondeu, sua voz mental tensa.
Suspirei, recolhendo os materiais usados e jogando-os nas lixeiras apropriadas. Ama vai estar comigo, e se você se atrasar de novo, papai vai te matar.
Houve uma pausa antes da resposta relutante de Logan. Tudo bem. Quero saber exatamente quando ele sair. Era uma ordem.
Mas nós dois sabíamos que isso não funcionava comigo. Sorri. Sim, senhor.
Os três garotos—Logan, Leonard e Samuel—se levantaram e se dirigiram para a porta. Logan parou ao lado de Ryder, a tensão entre eles era como eletricidade.
"Acho que não preciso te dizer para tratar minha irmã apropriadamente," Logan disse, sua voz baixa e ameaçadora.
Os olhos de Ryder se estreitaram com a ameaça, mas ele permaneceu imóvel, controlado. "Não tenho o hábito de desrespeitar mulheres."
Logan me deu uma última olhada. "X," ele disse com um aceno, então saiu.
Exalei lentamente quando eles saíram, virando-me para Ryder. "Desculpe por isso. Você tomou uma decisão?"
Ocupei-me organizando os materiais, empilhando os recipientes de óleo de volta nas gavetas, tentando parecer casual apesar da tensão repentina na pequena loja.
"Sim, gostaria de agendar uma consulta," Ryder respondeu, seus olhos acompanhando meus movimentos enquanto eu continuava a recolher peças espalhadas no chão e as colocava em seus devidos lugares.
"Você é a única funcionária aqui?" ele perguntou, a curiosidade evidente em sua voz.
Caminhei até o balcão e puxei meu livro de agendamentos. "Sim. Esta loja é minha. Só minha." O orgulho encheu meu peito. "Talvez eu expanda um dia."
Folheando o calendário, encontrei uma vaga. "Posso te encaixar amanhã às cinco. Vamos ver quanto tempo você consegue ficar sentado, então agendaremos consultas futuras conforme necessário."
Ryder assentiu. "Funciona pra mim. Eu treino de manhã, então está perfeito."
Peguei um clipboard com formulários e entreguei a ele junto com uma caneta. "Aqui está o que você precisa preencher. Deixe seu esboço de pintura e traga dinheiro quando voltar com os formulários preenchidos."
"Para que são esses formulários?" ele perguntou, folheando-os.
"Dizendo que você entende quem eu sou, de qual matilha eu sou. Que você está fazendo isso livremente e todas as coisas em letras miúdas," expliquei. "Este é um negócio legítimo que eu declaro impostos. Igualzinho às matilhas."
Ele colocou o clipboard debaixo do braço. "Certo. Nos vemos amanhã então."
"Certo," eu ecoei, saindo de trás do balcão.
No momento em que Ryder saiu pela porta, Ama pulou até mim, seus olhos verdes arregalados de excitação.
"Meu Deus, se você não transar com ele, eu vou!" ela exclamou, abanando-se dramaticamente.
Soltei uma risada e balancei a cabeça. Ama era louca por garotos, mas tinha seus limites. Apesar de todo o flerte e beijos, ela ainda estava se guardando—muita conversa, pouca ação.
"Logan o mataria," avisei, embora o pensamento do olhar intenso de Ryder fizesse meu estômago revirar.
Ama levantou as sobrancelhas sugestivamente. "Não seria um confronto dos sonhos?"
Eu ri apesar de mim mesma, fechando a loja. Do lado de fora, tirei um momento para admirar a fachada: "Road Rebel Garage" em letras metálicas elegantes contra um fundo preto fosco.
Ama caminhou até sua motocicleta enquanto eu estava em frente à minha, colocando chaves e outros itens essenciais na carteira que estava na minha mochila antes de colocar o capacete. Só percebi Ryder do outro lado da rua, olhando diretamente para mim, quando joguei a perna sobre o banco da moto.
Me deu arrepios. "Quase," respondi a algo que Ama tinha dito, embora eu tivesse perdido metade da conversa.
Eu sabia que Ryder podia nos ouvir agora. O interior da loja era à prova de som, mas aqui fora, com sua audição aprimorada de lobisomem, cada palavra era clara.
"Vamos," eu disse a Ama, acelerando o motor. "Preciso de uma corrida para gastar um pouco de energia."
Passamos por Ryder, e seus olhos nunca me deixaram. Havia algo neles que eu não entendia, algo selvagem e antigo que chamava uma parte de mim que eu havia enterrado por anos.
O rugido de nossas motocicletas diminuiu enquanto Ama e eu entrávamos na garagem da minha casa. Meu coração afundou ao ver Martha parada na varanda, braços cruzados, seu rosto torcido naquela carranca familiar que parecia permanentemente gravada em suas feições sempre que olhava para mim.
"Ótimo," murmurei baixinho, tirando o capacete e sacudindo meus cachos.
Ama me lançou um olhar simpático. "Quer que eu espere com você?"
Antes que eu pudesse responder, a voz estridente de Martha cortou o ar. "Onde vocês duas estavam?" Seus olhos se estreitaram enquanto ela se focava em mim, ignorando completamente a presença de Ama.
Endireitei os ombros e encontrei seu olhar. "Acabei de voltar da loja. Vamos dar uma corrida e depois encontrar amigos para jantar." Mantive minha voz firme, recusando mostrar a irritação que fervia sob minha pele.
Martha é minha madrasta. Minha mãe morreu quando eu tinha apenas três anos, e menos de um ano após sua morte, meu pai se uniu a Martha. Martha sempre foi cruel comigo, frequentemente me repreendendo sem motivo. Felizmente, meu irmão sabe que tipo de pessoa ela é e frequentemente me conforta. Conforme Logan cresce, ele se parece cada vez mais com nosso pai, enquanto eu me pareço cada vez mais com minha mãe. Não sei se é por isso, mas Martha sempre foi muito rude comigo.
Seu rosto ficou vermelho de raiva. "Eu acho que não! Você não completou a lista de tarefas que deixei para você esta manhã!"
Meu temperamento explodiu. "Eu terminei tudo antes de ir para a escola esta manhã. Você sequer se deu ao trabalho de verificar antes de me acusar?"
A tensão crepitava entre nós como eletricidade antes de uma tempestade. Martha pode ser a Luna da nossa alcateia, mas nunca ganhou meu respeito—não depois de anos de seu "tratamento especial."
A porta da frente se abriu, e meu pai saiu, seguido por Logan, Samuel e Leonard. A tensão no ar imediatamente se intensificou enquanto eles percebiam a confrontação.
"O que está acontecendo aqui fora?" perguntou meu pai com voz severa.
Martha se virou para ele, sua voz carregada de reclamação. "Ela está negligenciando suas responsabilidades novamente e sendo desrespeitosa! Esta é a última vez!"
Eu murmurei baixinho, "Isso é uma mentira."
Ela instantaneamente ficou furiosa, ainda mais irritada do que antes, levantando a mão para me dar um tapa. "Sua pirralha! O que você acabou de dizer?" ela gritou.
Eu não me encolhi. Aprendi há muito tempo a não mostrar fraqueza perto dela. Mas Logan estava lá num instante, sua mão gentil mas firme segurando o pulso de Martha.
"Você não tem o direito de bater nela," Logan disse, sua voz mortalmente calma.