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Capítulo 4

POV de Evelyn

Um beijo quente roçou minha bochecha. Os dedos de Dorian se apertaram, segurando meu queixo para virar meu rosto em direção a ele antes que seus lábios tomassem os meus. Aplausos irromperam abaixo, mas minha respiração ficou presa, o peito apertado.

Então este é meu casamento, pensei, encarando o homem selvagem e imprudente que agora seria meu marido. Um passo à frente, um precipício; um passo atrás, uma fogueira.

O caos do casamento desapareceu rapidamente. Dorian me arrastou de mesa em mesa, brindando com os convidados. Eu não estava acostumada a usar salto alto—meus pés gritavam, latejando a cada passo. No carro de volta à Mansão Blackwood, o espaço apertado aprisionava nossa respiração, pesada e silenciosa.

No segundo em que paramos, Dorian abriu a porta e saiu correndo, sem me dar um olhar. Ele caminhou até a entrada, destrancou com sua impressão digital e desapareceu dentro.

Eu segui atrás, minha própria impressão ainda não registrada, mancando pela dor que subia pelas minhas pernas. A porta bateu na minha cara. Que idiota.

Ele arrancou a gravata, tirou o paletó e trocou de sapatos, caminhando para a sala de estar—então congelou. David estava sentado no sofá, encarando, flanqueado por uma Victoria de rosto fechado e alguns outros. Seus olhos severos suavizaram quando pousaram em mim, um sorriso gentil surgindo. Graças a Deus por David, pensei, aliviada. Pelo menos alguém aqui está do meu lado.

“Vovô, por que está acordado tão tarde?” Dorian perguntou, casual como sempre.

Victoria lhe deu um olhar afiado, articulando, Cale a boca.

A voz de David retumbou. “Dorian, você esqueceu que se casou hoje? Por que você estava atrasado? E essas fotos—o que é isso?” Sua raiva crepitou, mas ele se voltou para mim com um aceno mais gentil. “Evelyn, você esteve de pé o dia todo. Vá descansar.”

“Sim, senhor,” eu disse, evitando o olhar de Dorian enquanto subia as escadas. O karma está vindo para você, Dorian. Aproveite.

Eu tirei a maquiagem e tomei banho, mas ele ainda não tinha aparecido. Um desconforto me corroía. Se eu o empurrar demais, ele vai me fazer pagar, pensei. Não posso me dar ao luxo de irritá-lo—não se quero sobreviver nesta casa. Troquei de roupa e desci para tentar suavizar as coisas.

A bronca de David ecoava pela sala de estar, silenciando todos. “Você vai ficar ajoelhado no escritório a noite toda—reflita sobre o que fez!”

Victoria interveio, aflita. “Pai, é o dia do casamento dele! Mesmo que ele tenha errado, isso é demais—”

Os Blackwood eram uma família de dinheiro antigo, presos a regras rígidas. Dorian podia se pavonear como um rei lá fora, mas a palavra de David era lei, e ele sempre obedecia. Eu me apressei. “Vovô, não fique bravo. Nós dois erramos hoje. Se houver punição, eu também aceito.”

“Evelyn, isso não é culpa sua,” David disse, firme mas suave.

“Eu usei aquele casaco ridículo no casamento—foi falta de consideração. Dorian prometeu se endireitar, viver bem comigo, sem mais besteiras.” Mentira total, pensei, sorrindo por dentro enquanto os olhos de Dorian se voltavam para mim, afiados e indecifráveis.

O tom de David suavizou, sua raiva derretendo—talvez minha credibilidade como médica o tenha amolecido. Victoria aproveitou o momento, nos mandando para cima.

Eu abri a porta do quarto, meu estômago se contorcendo. O que ele está planejando? Acelerei o passo, mas seus passos se aproximavam. Antes que eu pudesse fechar a porta, seu braço envolveu minha cintura, me prendendo contra ele. Ele me arrastou em direção à varanda, meu coração batendo forte no peito.

“O que você—” comecei, mas seu aperto se intensificou, me levantando do chão. Meu corpo se virou sobre a grade da varanda, os pés balançando. Tentei me segurar, os dedos dos pés mal tocando a borda. Três andares, percebi, olhando para baixo, as pernas tremendo. Um deslize, e estou morta—ou aleijada.

Minha voz tremia. “Querido, o que você está fazendo?”

Vozes subiam—Alexander e Victoria seguindo David lá fora.

Dorian se aproximou, seu hálito quente contra meu ouvido. “Vai em frente, grite. Seu salvador vai correr para te ajudar.”

Engoli seco, o pulso acelerado. Estou ferrada de qualquer maneira, pensei. “Amor, juro que não sabia sobre as fotos.”

Seu braço afrouxou ligeiramente. Mordi o grito, forçando a calma. “O show acabou. Jogue como quiser—só não torne minha vida um inferno, e eu vou colaborar.”

Ele apoiou o queixo no meu ombro. Eu tinha acabado de tomar banho; seu nariz roçou meu pescoço, me fazendo cócegas enquanto o terror tomava conta da minha espinha. “E se eu deixar você cair?” ele murmurou, aquele sorriso de bad boy que eu não conseguia esquecer iluminando sua voz. “Coluna quebrada, acamada para sempre—eu contrataria uma enfermeira. Você nunca mais se meteria. Eu não me importo em cuidar de você.”

Um arrepio percorreu meu corpo. Minhas mãos cravaram em seu braço. Eu lutei para passar na faculdade de medicina para ter essa vida, pensei, o pânico aumentando. Não vou morrer aqui.

“Sr. Blackwood, por que gastar dinheiro com um destroço? Finja que sou invisível. Além disso, se eu cair aqui, é problema da Blackwood Estate—má publicidade.”

Ele me estudou. “Você também não queria esse casamento. Mudando de ideia agora?”

“Não, casar com você é uma bênção. Estou radiante.” Mentira, pensei, suave como seda. Ele encarou meu perfil, seus olhos gritando mentirosa. Estou apenas sobrevivendo, raciocinei. Qual o problema nisso?

“Prove,” ele sussurrou, os lábios roçando meu ouvido, cada palavra uma provocação. “Seja minha, de bom grado—eu vou acreditar em você.” Minha pele arrepiou, nervos à flor da pele. Ele quer dormir comigo.

“Claro,” murmurei, desviando.

“De verdade?”

Segurei seus dedos levemente. Seus braços se apertaram, me puxando de volta sobre a grade. O alívio me inundou, mas o medo persistia enquanto ele me levava para dentro.

Não estou pronta para isso, pensei, congelada enquanto ele abria a camisa. Caramba, aquele corpo—alto, musculoso, rico, e aquele rosto? Não é à toa que ele é um jogador. Meus olhos seguiram seus abdominais, um lampejo de calor surgindo antes de eu desviar o olhar. Foco, Evelyn.

Ele agarrou a barra do meu pijama, levantando. Entrei em pânico, empurrando suas mãos para baixo. “O quê? Não está disposta?” ele provocou, a voz aumentando, aquele sorriso me desafiando.

Ele observou, divertido, captando o medo nos meus olhos. Ele está testando quanto tempo eu vou fingir, pensei, o pulso martelando. Deslizei uma mão sobre seu ombro, suave e firme. “Estamos casados. Por que eu não…” Mentirosa, meu cérebro gritou.

Ele me empurrou na cama, tirando a camisa completamente. Meu Deus, que físico, pensei, presa entre o deslumbramento e o medo. Muito perfeito—e muito perigoso.

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