




CAPÍTULO 3 Morra! Puta!
TARA
Subi até o andar do quarto de Aidan, com perguntas inundando minha mente, junto com uma sensação de inquietação que apertava meu peito, mas empurrei tudo para o lado. Minha pele estava arrepiada, minha cabeça latejava com uma dor terrível, e fiz uma oração rápida.
"Por favor, deusa da lua, que Aidan esteja bem," eu rezei.
O corredor estava silencioso no meio da noite, e quando fechei a mão com minha palma trêmula e suada para bater, a porta se abriu por conta própria.
O medo se enrolou no meu estômago, trazendo um gosto amargo à minha boca já seca, mas entrei, apesar de tudo.
Tudo estava escuro, exceto pela lâmpada fraca na mesa. Com isso, pude distinguir a forma de Aidan, dormindo profundamente sob os cobertores amassados, mas isso não fez nada para diminuir o sentimento amargo no meu peito.
Como se percebesse minha presença enquanto dormia, os olhos de Aidan se abriram.
"Tara?"
"Sou eu, querido." Me movi por instinto.
"Deusa, me ajude se você der um passo mais perto, plebeia." Aidan se sentou, e pelo tom gelado, o sono havia desaparecido de seus olhos.
"Aidan, precisamos conversar sobre isso."
"Como você entrou aqui? Eu te avisei para nunca mais me deixar ver você."
Meus lábios se abriram em confusão, a preocupação se instalando nos meus ossos. "Você pediu para eu vir," consegui dizer.
Ele zombou. "Você é uma mentirosa descarada."
"Você me mandou uma mensagem, Aidan."
Aidan cruzou os braços sobre o peito, raiva e frustração tensionando seus músculos.
Tirei meu celular do bolso e abri nosso chat para mostrar a ele. A mensagem havia sumido. Sem nenhum traço.
"Eu juro, Aidan, eu vi a mensagem. Ela... ela deve ter sido apagada."
Meu coração afundou enquanto lágrimas se acumulavam sob minhas pálpebras novamente.
"Saia, agora, ou você vai se arrepender."
O som da porta ao lado se abrindo chamou minha atenção, e minhas sobrancelhas se franziram na escuridão.
"Tem mais alguém aqui?" Perguntei em confusão.
As luzes se acenderam, iluminando todo o quarto, e o mundo parou de girar quando meus olhos caíram sobre Kayla.
Olhei ao redor, e ofeguei ao juntar as peças.
"Não!"
Olhei de volta para Aidan, rezando para que isso fosse uma brincadeira, mas o olhar indiferente em seu rosto era pior do que a própria traição.
Aidan estava quase sem roupas sob os cobertores, e percebi que os lençóis não estavam amassados apenas por dormir.
No chão, as roupas de Kayla estavam espalhadas, incluindo suas calcinhas e sutiã rasgados, as calças de Aidan e os sapatos deles.
Lágrimas caíram dos meus olhos, e com uma respiração ofegante, olhei novamente para ver a camisa de Aidan sobre os ombros de Kayla. Ela estava banhada em seu cheiro. Meu companheiro.
"Isso não é possível. Você não fez isso, Aidan. Não com ela." Eu soluçava, sentindo algo parecido com lixa raspando o interior da minha garganta, me fazendo soar distorcida.
O sentimento amargo de antes se multiplicou, e minhas entranhas queimaram com uma intensidade que me fez cair de joelhos, e eu agarrei meu estômago.
Traição rompeu o vínculo entre companheiros, e enquanto minha loba uivava no fundo da minha mente, processando minha traição e rejeição automática, doía fisicamente. Mais do que qualquer dor que eu já havia sentido.
"Tara, não é nada sério. Eu estava apenas aqui para confortar Aidan em sua tristeza." Foi a resposta indiferente de Kayla.
"Dormindo com ele? Você tem um companheiro, Kayla! Quatro anos!" Me virei para Aidan, e eu desmoronei. "Por que você faria isso conosco?"
Sua voz era tão diferente dele. Fria e distante. "É nada que você não tenha feito. Agora você sabe como é. Você é uma mentirosa e uma traidora, e eu desejo a você todo o mal do mundo."
Ele pulou da cama, vestindo apenas cuecas, agarrando meu queixo tão rudemente com um olhar mortal em seus olhos. "E se uma palavra disso sair, você não viverá para contar a história."
Meus joelhos cederam, e eu caí no chão, chorando mais do que jamais havia chorado. Então é isso que a verdadeira dor sente.
"Aidan, eu não fiz nada disso. Minha vida está em ruínas, e eu preciso de você," implorei mesmo assim. Ainda podíamos fazer isso funcionar.
"Tara," Kayla falou. "Acho que você deveria ir embora. Aidan está muito chateado."
Aidan falou antes de mim. "Volte para a cama e deixe ela aí. Não me importo com ela."
Cambaleando para me levantar, a realização me atingiu como um balde de gelo: eu estava completamente sozinha neste mundo.
Virei e saí trôpega, e antes de fechar a porta, ouvi Aidan dizer. "Eu queria que ela nunca tivesse entrado na minha vida. Ela estaria melhor morta."
Lágrimas inundavam meu rosto e pescoço enquanto eu tentava sufocar o grito que lutava para sair da minha garganta. Corri com o que restava de força, a dor me devastando profundamente.
"Como tudo deu errado?" perguntei a mim mesma. "Quem eu ofendi?"
As coisas com Aidan estavam mais do que bem no último mês. Como tudo mudou tão rapidamente? E Kayla? Minha melhor amiga, que estava ligada a outro. Por que ela faria isso comigo?
De alguma forma, cheguei a um canto abandonado, longe de tudo. Com o frio entorpecendo meu rosto e a dor entorpecendo meu coração, eu estava praticamente acabada.
Me agachei ali, ofegante e tremendo até que uma voz me assustou.
"Se você diz que o ama tanto, deveria morrer e desaparecer." Era Kayla, me encarando com um desgosto tão intenso que uma sensação agoniante rasgava meu peito.
"Por quê, Kayla?" Levantei-me, a raiva correndo pelas minhas veias. "Achei que você fosse minha amiga."
"Você é apenas uma ladra patética. Eu estava tão perto de ter Aidan só para mim, e então te apresentei uma vez, e você já está transando com ele? Ligada a ele?" Ela zombou. "Você é uma palhaça? Essa gravidez fez o trabalho por mim, mas você não é digna de nem carregar o filho dele."
"E você acha que é? Quem vai aceitar você e Aidan juntos, Kayla?"
"Não me importa. Aidan é meu para manter, e isso inclui a semente dele. Aquilo na sua barriga," ela apontou com desdém. "É uma poluição, e precisa ser eliminada."
Dei um passo para trás. "O que você quer dizer?"
"Que esse ácido te mate," ela cuspiu. "Morra! Vadia!"
Quando notei a garrafa aberta na mão direita de Kayla, já era tarde demais. Mesmo que eu pudesse correr, Kayla era mais rápida do que eu por causa de suas habilidades de lobisomem. Ela jogou todo o conteúdo na minha barriga, e um grito agonizante saiu da minha boca.
Caí para trás, minha vida passando diante dos meus olhos, e rasguei minhas roupas na tentativa de parar a dor aguda que atravessava meu corpo ou impedir minha pele de se desintegrar como gelo derretendo em um topo de montanha. Eu não podia me curar.
"Morra. Sua ladra estúpida. Você e seu bebê bastardo. Morra!"
O ácido queimava brutalmente minha barriga, mas eu não conseguia pensar na dor que estava sentindo. Tudo em que eu conseguia pensar era no meu bebê.
Kayla estava tentando matar meu bebê.
Eu me arrastei para trás no chão, rasgando minhas roupas como uma louca, o ácido descascando meu corpo, e manchas brancas puras substituindo minha pele.
Kayla veio atrás de mim, brandindo uma faca na minha cara, e meus olhos se arregalaram.
"Kayla, por favor. Eu não quero morrer."
"Isso não é suficiente? Ouvi dizer que é aqui que os bebês colocam suas cabeças." Ela apontou para minha barriga, e um medo como nunca senti antes tomou conta das minhas veias. "Se você não morrer, então o bebê vai."
Antes que eu pudesse lutar, Kayla rapidamente recuou a mão, e enfiou a faca profundamente na minha barriga, arrancando um uivo das profundezas dos meus pulmões, e sangue da minha barriga já machucada.
"Não. Não. Não. Não meu bebê," gemi, lágrimas caindo dos meus olhos.
Eu estava hiperventilando. Meu coração estava falhando, e eu podia sentir meu bebê escapando de mim.
Eu ia perder meu filho? Eu o conheci apenas algumas horas atrás. Nem sequer tinha dado um nome ainda.
Chorei enquanto perdia a consciência porque sabia que não havia maneira de sobreviver a isso. Bem antes de a escuridão me envolver, ouvi a voz cantada de Kayla.
"Quando você encontrar a deusa da lua, pode perguntar a ela quem me deu essa faca e ácido?"