




Capítulo 7: Informe-se
POV de Juno
O último mês se arrastou como um pesadelo do qual eu não conseguia acordar. Matthew passava cada vez menos tempo em casa. Quando estava lá, ficava ao redor de Isabelle como um cachorrinho apaixonado, pendurado em cada palavra dela. Eles começaram a dormir no quarto de hóspedes—meu quarto não era mais deles. Nosso quarto. Tanto faz.
Toquei a marca no meu pescoço e fiz uma careta. Antes, ela me fazia sentir amada, conectada. Agora era apenas um lembrete feio de promessas quebradas. Eu a mantinha coberta com blusas de gola alta e lenços, odiando como isso me prendia a um homem cujo coração pertencia a outra pessoa.
"É só temporário," sussurrei para mim mesma, guardando mais alguns itens essenciais na pequena bolsa escondida no fundo do meu armário. "Essa fase vai passar." Mesmo enquanto dizia as palavras, sabia que eram mentiras.
Matthew estava levando Isabelle para todos os eventos sociais em Forestvale enquanto me ordenava "ficar e cuidar da matilha". Como se eu precisasse de um lembrete de que agora não era nada mais do que uma babá glorificada.
Algumas das outras Lunas haviam me procurado com olhares simpáticos e sussurros apressados de apoio. Outras já haviam mudado de lealdade, parabenizando Isabelle por sua "conexão destinada" com Matthew. A única bênção era que Matthew ainda não havia oficialmente nomeado Isabelle como Luna—isso significaria que ela teria que assumir todas as minhas responsabilidades, incluindo liderar nossos Deltas na batalha. Pelo que eu havia visto de suas unhas perfeitamente cuidadas e expressão perpetuamente arregalada, ela não era exatamente material de combate.
"Ela não duraria cinco minutos em uma luta de verdade," Seraphine, minha loba, rosnou na minha mente. "Diferente de nós."
"Isso não ajuda," murmurei, mas não pude evitar o pequeno sorriso que se formou. Pelo menos minha loba ainda estava do meu lado.
A porta do meu escritório se abriu com tanta força que bateu contra a parede. Matthew entrou furioso, rosto contorcido de raiva, olhos brilhando.
"O que diabos você fez?" ele rugiu, ignorando os três Deltas que instantaneamente se tensionaram no canto da sala. Seu cheiro me atingiu, raiva misturada com medo, traição e algo mais que eu não conseguia identificar.
"Saíam," disse aos meus guerreiros calmamente, sem tirar os olhos de Matthew. "Agora."
Eles hesitaram, olhando entre nós com incerteza. A situação violava todo o protocolo, um Alpha perdendo o controle na frente de subordinados poderia danificar a hierarquia, a estabilidade da matilha.
"Eu disse para irem," repeti, e eles finalmente recuaram, fechando a porta atrás deles.
Matthew estava andando de um lado para o outro agora, passando as mãos pelo cabelo, respirando pesadamente como um animal ferido. "Como você pôde? Como você pôde, Juno?"
"Gostaria de me dizer exatamente do que estou sendo acusada?" Mantive minha voz firme, mesmo com meu coração disparado. Nunca o tinha visto assim.
"Não se faça de idiota," ele rosnou, batendo as palmas das mãos na minha mesa com tanta força que minha xícara de café pulou e derramou. "Você mandou alguém matá-la!"
"O quê?" A acusação era tão absurda que quase ri.
"Os Deltas pegaram um intruso em nosso território na noite passada. Quando interrogado, ele admitiu que você o contratou para matar Isabelle." A voz de Matthew falhou, e para meu choque, ele desabou na cadeira em frente à minha mesa, lágrimas escorrendo pelo rosto. "Por que você faria isso? Não é nossa culpa. Não é nossa culpa que somos destinados. Nós não escolhemos isso!"
Fiquei ali, entorpecida, observando o homem que eu amava há quase uma década desmoronar na minha frente. O homem que havia prometido para sempre. O homem que havia abandonado nossa cama por outra mulher.
"Quando foi a última vez que você me falou gentilmente, Matthew?" Perguntei calmamente.
Ele olhou para cima, a confusão cortando sua raiva.
"Quando foi a última vez que participamos de um evento juntos? Quando foi a última vez que compartilhamos uma refeição? Nossa cama?" Eu disse. "Mal trocamos dez palavras em duas semanas, e agora você invade meu escritório, me humilha na frente dos meus guerreiros, e me acusa de tentativa de assassinato?"
"O prisioneiro—"
"Que evidência esse 'prisioneiro' tem?" Eu o interrompi. "Pense, Matthew. Se eu quisesse alguém morto, essa pessoa estaria morta. Eu não deixaria pontas soltas." Balancei a cabeça, desgostosa. "Você nem investigou, não é? Apenas aceitou a palavra de um invasor em vez da sua esposa de sete anos."
O rosto de Matthew ficou vermelho. "Então explique por que você tem contatado outros Alfas em Forestvale sobre garantir residência nos territórios deles!"
Ah. Então era disso que se tratava. Ele havia descoberto meus planos de fuga.
"Isabelle pode gostar da nossa casa," eu disse. "As paredes são grossas o suficiente para que ela não tenha que abafar seus gemidos quando vocês estão juntos."
Matthew estremeceu como se eu tivesse lhe dado um tapa. "Você não vai embora."
"Veja só."
"Eu avisei todos os Alfas em Forestvale que dar abrigo a você significa fazer de mim um inimigo." Sua voz havia endurecido, todos os traços de lágrimas desaparecidos. Agora era o Alfa falando, não meu marido.
Eu o encarei. "Você se lembra quando prometeu que seu amor por mim nunca mudaria?" Minha voz era suave. "Eu acreditei em você. Agora eu não sinto mais nada."
O silêncio se estendeu entre nós.
"Desculpe," ele finalmente disse, esfregando o rosto. "Isso saiu do controle." Ele olhou para cima, olhos suplicantes. "Venha ao encontro amanhã à noite. Eu quero que as pessoas vejam que você ainda é minha Luna."
Antes, essas palavras teriam feito meu coração disparar. Agora soavam apenas como as negociações desesperadas de um homem tentando salvar sua reputação.
"Claro," eu sorri, a expressão nunca alcançando meus olhos. Porque Luna Freya já me convidou. Ela prometeu me apresentar a alguns amigos dela.
O músculo na mandíbula de Matthew se contraiu. "Te vejo em casa," ele disse, e saiu, deixando a porta aberta atrás dele.
Eu voltei para casa tarde naquela noite. Isabelle estava encolhida no nosso sofá chorando baixinho. Passei por ela sem dizer uma palavra, indo direto para meu quarto. Para minha surpresa, Matthew estava lá, sentado na beira da cama que um dia compartilhamos.
Eu não perguntei sobre Isabelle. Eu não me importava por que ela estava chateada. Em vez disso, fui ao meu closet e peguei roupas limpas para um banho.
"Juno," Matthew disse, sua voz suave. "Podemos conversar?"