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Capítulo 8: A marca da mudança

Ponto de Vista de Ava

Corri o resto do caminho para casa e fui direto para o espelho do meu banheiro. Inclinando a cabeça, examinei meu pescoço.

A marca havia mudado ainda mais. O que antes era branco-prateado agora tinha fios dourados atravessando como raios de sol rompendo nuvens de tempestade. Toquei-a suavemente, lembrando o choque elétrico quando os dedos de Blake estiveram ali.

"O que diabos isso significa?" sussurrei.

A ponta do meu dedo traçou o novo padrão dourado, enviando arrepios pela minha espinha.

Pela janela, a lua cheia pendia pesada no céu, quase cheia. A data da execução do meu pai. Dias, não semanas, para salvar meu pai.

Agarrei a borda da pia, lembrando como Jackson estava queimando sistematicamente todas as pontes que eu tinha. Nenhuma matilha me contrataria. Nenhuma posição se abriria para mim.

Não nos encontraremos novamente. Entendido?

As palavras de Blake ecoaram, mas minha marca pulsava quente contra minha pele, contradizendo sua rejeição. Minha loba arranhava por baixo da superfície, inquieta e insistente.

"Não me importa o que ele disse," falei ao meu reflexo, mandíbula tensa. "A vida do meu pai vale qualquer inferno que venha depois."

"Você parece quase humana hoje," disse Ella, deslizando para a cadeira à minha frente na nossa cafeteria habitual na manhã seguinte.

Eu tinha chegado cedo, observando o mensageiro da matilha fixar novos avisos na parede. O mais recente detalhava os procedimentos do "julgamento do traidor" de Shadow Creek—o nome do meu pai bem no topo.

"Grande elogio vindo de você," murmurei, tocando distraidamente meu pescoço onde a marca irradiava calor como uma brasa escondida.

Ella se inclinou para frente, olhos estreitando. "Algo está diferente. Conta logo."

Depois de verificar que ninguém estava ouvindo, puxei a gola para o lado.

A xícara de chá de Ella bateu contra o pires. "Santo— O que são esses fios dourados?"

"Aconteceu ontem à noite," sussurrei, deixando a gola cair de volta. "Jackson forçou uma ligação mental, me ameaçando como de costume, e de repente..." estalei os dedos. "A marca o expulsou."

"Expulsou ele?" Seus olhos se arregalaram. "De jeito nenhum."

"Aqueles fios dourados entraram em modo de batalha. Foi como se estivessem empurrando ele para fora." Olhei ao redor antes de continuar. "Desde que Blake tocou nela, tudo está diferente. Agora está quente em vez de queimar."

"Espera aí." Ella se inclinou tão perto que pude sentir o cheiro de seu chiclete de menta. "Isso não é normal, Ava. Uma marca rejeitada não muda só porque alguém a tocou. A menos que..."

Eu cutuquei o joelho dela debaixo da mesa. "A menos que o quê?"

"A menos que seja o que as histórias antigas chamam de 'Invocação da Marca,'" ela sussurrou, com o rosto sério.

"O quê?"

"Está naquelas histórias empoeiradas da matilha que ninguém lê. Super raro, mas acontece."

Revirei os olhos. "Vamos lá, marcas de companheiros destinados são únicas. Você não pode trocar por um modelo melhor."

Ella bateu o dedo contra a xícara. "Os livros antigos dizem que os lobos só marcam uma vez, mas em casos extremamente raros, uma marca pode escolher errado. Se você encontrar seu verdadeiro par perfeito..." Ela fez um movimento de pulo com a mão. "A marca tenta mudar de time."

"Isso é loucura," eu disse, embora meus dedos ainda tenham deslizado para meu pescoço. "Blake não pode ser meu companheiro destinado. Ele vai literalmente ser o sogro de Jackson."

"Só estou te contando o que os livros dizem." Ela deu de ombros, depois abaixou a voz. "Então, qual é o plano para o seu pai? Sabemos que Hayes mentiu sobre onde estava durante o ataque."

"E isso nos ajuda como?" suspirei, esfregando as têmporas. "Jackson garantiu que ninguém se aproximasse de mim. Sem influência real, não consigo nem fazer alguém ouvir."

Ella de repente se endireitou, olhos fixos em algo atrás de mim. "Ava, olha."

Virei-me para ver um mensageiro da matilha fixando um novo aviso no quadro—pergaminho caro com o selo de Silverpeak brilhando no topo.

POSIÇÃO DISPONÍVEL: INSTRUTOR DE COMBATE

PARA LUCAS MORGAN, FILHO DO REI ALFA BLAKE MORGAN

REMUNERAÇÃO GENEROSA - ACESSO ESPECIAL AO TERRITÓRIO SILVERPEAK

INÍCIO IMEDIATO NECESSÁRIO

Meu coração disparou. Uma oportunidade de entrar na casa de Blake?

"Isso é..." Não consegui terminar a frase.

"Muito conveniente," Ella segurou meu pulso. "Blake te manda ficar longe, e de repente surge uma vaga de emprego na casa dele? Parece uma armadilha."

Toquei minha marca, sentindo aquela pulsação quente atravessar meu corpo. "Ou minha única chance. Se eu conseguir entrar..."

"Se ele te mandou cair fora, isso pode deixá-lo muito irritado," alertou Ella, com as sobrancelhas levantadas.

Meus dedos traçaram a marca quente. "Quando se está no fundo do poço, só se pode subir."

Pela primeira vez desde que esse pesadelo começou, algo parecido com esperança brilhou em meu peito.

As intimidadoras portas de carvalho do hall administrativo da Academia de Guerreiros se erguiam diante de mim. Endireitei meu uniforme e entrei.

Lá dentro, vários candidatos já aguardavam, incluindo Serena Evans, com seu equipamento de batalha sob medida que provavelmente custava mais do que todo o meu guarda-roupa.

Os lábios dela se curvaram ao me ver. "Olha só o que o gato trouxe," disse ela, com a voz ecoando pelo salão. "A filha do traidor acha que pode ensinar o filho do Rei Alfa?"

Fiquei calada, cravando as unhas nas palmas das mãos. Os outros candidatos—todos guerreiros de elite com credenciais impressionantes—sussurravam entre si, com os olhos alternando entre meu rosto e minha coleira.

Tyler Reed, o Beta de Blake, estava sentado na mesa de avaliação, com uma expressão indecifrável enquanto escaneava a sala. Seu olhar demorou um pouco mais em mim do que nos outros.

"Serena Evans," ele chamou primeiro.

Ela passou por mim, sorrindo de lado. "Não crie expectativas," sussurrou. "Esse trabalho já tem meu nome."

Avaliei a concorrência enquanto esperava—guerreiros condecorados com medalhas cobrindo seus peitos, especialistas em combate com linhagens de Alfas famosos. Quando Serena voltou, seu rosto exibia triunfo.

"Praticamente me ofereceram o emprego na hora," anunciou ela em voz alta. "Eles precisam de alguém com linhagem, não de vira-latas."

Meu nome foi o último. Minha confiança havia evaporado, mas aquele calor estranho da minha marca me empurrou para frente com a cabeça erguida.

Para minha surpresa, Tyler dispensou os outros candidatos.

"Vamos direto ao ponto," disse ele quando estávamos a sós, com a voz direta.

"Sei que meu histórico não é ideal," comecei, desesperada para fazer meu caso, "mas minhas habilidades de combate—"

"O Rei Alfa já decidiu," Tyler interrompeu, puxando um pergaminho ornamentado de um tubo de pele de lobo.

Meu estômago afundou. Claro.

Mas Tyler estendeu o documento para mim. Confusa, aceitei, desenrolando o pergaminho grosso para encontrar um contrato com selos oficiais de Silverpeak.

"O quê...?" As palavras me faltaram.

"Lucas precisa de alguém especial," explicou Tyler. "Alguém que entenda de rebeldia. Alguém que saiba lutar com tudo contra si."

Olhei do contrato para Tyler. "Ele me escolheu? Por quê?"

Um toque de diversão apareceu no rosto de Tyler. "Amanhã ao amanhecer, na Mansão Blackwood. Não se atrase."

Lá fora, Serena e seu grupo esperavam, com os rostos escurecendo ao ver o contrato na minha mão.

"Você só pode estar brincando," Serena sibilou, sua pele perfeita ficando vermelha. "O que você fez? Dormiu com alguém?"

Toquei minha marca, sentindo aquele calor se espalhar por mim. Pela primeira vez desde que Jackson destruiu meu mundo, senti algo parecido com confiança.

"Acho que o universo trabalha de maneiras misteriosas," disse, encarando seu olhar furioso.

Amanhã eu entraria na Mansão Blackwood e enfrentaria Blake Morgan novamente, gostasse ele ou não.

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