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Capítulo 2: Quando não existem segundas chances

Ponto de Vista de Ava

Eu me afastei de Blake, o momento quebrado. "Eu preciso ir."

Suas mãos permaneceram na minha cintura antes de caírem relutantemente. Algo piscou naqueles olhos cinza-tempestade — decepção, talvez frustração.

"Sai por essa porta e esse momento acaba." Sem pergunta. Pura afirmação de Alfa.

Minha loba realmente choramingou, querendo ficar. A parte humana de mim — a parte que lembrava cada sacrifício que meus pais adotivos fizeram — sabia melhor.

"Esta é sua única chance." Sua voz ficou mais profunda.

Uma chance. Essa era a regra notória de Blake Morgan. O Rei Alfa nunca perseguia, nunca implorava, nunca oferecia uma segunda oportunidade. Inferno, as mulheres praticamente faziam fila para sua única chance com ele.

"Eu entendi." Eu dei um passo para trás, cada centímetro entre nós fisicamente doloroso. "Mas meu pai precisa de mim."

Assim, seu rosto se fechou. O homem que me beijou desapareceu, substituído pela máscara impenetrável do Rei Alfa. "Então, desejo sorte."

Eu fugi antes que minha loba pudesse me convencer a ficar, o gosto dele ainda nos meus lábios.

Eu praticamente chutei a porta da frente vinte minutos depois. O cheiro da mamãe me levou direto para a cozinha. Nossa casa — uma vez o lar orgulhoso do respeitado Delta William Rivers — agora gritava negligência em cada tábua rangente.

Mamãe estava curvada na mesa da cozinha, segurando uma caneca de chá frio, seus ombros tremendo.

"Mãe?" Minha voz falhou. "O que aconteceu?"

Ela olhou para cima com olhos vermelhos. "Os guardas de Shadow Creek o levaram. Diretamente do escritório dele."

"Com que justificativa?" Minhas garras saíram antes que eu pudesse parar.

"Traição." A palavra pairou entre nós como veneno. "Eles estão dizendo que ele traiu nosso Alfa. Que o matou naquele confronto de fronteira no mês passado."

Minhas garras se cravaram no balcão. "Isso é absurdo! Papai adorava o Alfa Carter! Onde estão as provas? O julgamento?"

"Provas? Julgamentos?" Ela balançou a cabeça. "O Conselho só precisa de alguém para culpar. Seu pai foi conveniente."

"A menos que alguém com posição use o Direito de Proteção de Sangue..." Sua voz se perdeu. "A execução dele está marcada para a próxima lua cheia."

Direito de Proteção de Sangue. Nossa versão de um cartão de saída da prisão. Só problema? Você precisava de influência para usá-lo. Algo que nossa família não tinha mais.

Meu telefone vibrou. Olhei para a tela e quase o joguei pela sala.

Jackson.

Eu hesitei sobre "recusar", então parei. Se aquele idiota pudesse ajudar o papai...

"O que?" Eu rosnei, atendendo a ligação.

"Soube sobre William." Sua voz transbordava falsa preocupação. "Eu posso ter uma solução. Mas não pelo telefone. Venha para fora."

Minha loba rosnou, mas eu engoli meu orgulho. "Tudo bem."

Eu apertei o ombro da mamãe. "Eu vou resolver isso. De alguma forma."

Jackson estava encostado em seu carro, parecendo um maldito anúncio de perfume. Meu estômago revirou. Seu cheiro me atingiu — loção pós-barba cara mascarando ambição calculada. Nada como o cheiro de tempestade e pinho de Blake que fazia minha loba babar.

A marca de acasalamento no meu pescoço pulsava, um lembrete constante da traição de Jackson.

Eu parei a três metros de distância, braços cruzados. "O que você quer?"

"Seu pai está em apuros." Ele afirmou o óbvio, examinando suas unhas bem cuidadas.

"Sem dúvida. Por que você está aqui?"

O sorriso ensaiado de Jackson apareceu — aquele que costumava me deixar com os joelhos fracos. Agora eu facilmente olhava para longe.

"Eu posso ajudar." Ele se afastou do carro. "Como futuro Alfa de Shadow Creek, eu tenho a autoridade para usar o Direito de Proteção de Sangue. Eu poderia salvar William da execução."

Eu voltei meu olhar para ele. Ele parecia tão satisfeito consigo mesmo.

"E quanto isso nos custaria?"

Seu sorriso se alargou em algo predatório. "Apenas uma pequena condição."

Eu esperei, mandíbula cerrada.

"Depois que eu me casar com a Sophia, você se torna minha amante secreta." Ele disse isso como se estivesse me oferecendo uma promoção no trabalho.

Eu realmente ri. "Com licença?"

"Eu já preparei um lugar para nós." Ele deu um passo mais perto. "Privado. Confortável. Eu cuidarei de tudo—o perdão do seu pai, suas necessidades, tudo."

"Você está seriamente me pedindo para ser sua amante enquanto você brinca de família feliz com a Sophia?" Minha voz vacilou apesar dos meus esforços.

Ele se aproximou mais, e meu corpo me traiu com um tremor involuntário. O vínculo forçando uma resposta mesmo enquanto minha mente gritava em revolta.

"Fomos mágicos juntos, Ava." Seus dedos roçaram meu pescoço. "Mesmo depois que eu marcar a Sophia, ainda teremos essa conexão. Seu pai vive. Você é cuidada. Ganho-ganho."

Eu me afastei, rompendo o controle invisível. "Vai se ferrar."

Seus olhos brilharam âmbar. "Pense no que você está recusando. Estou oferecendo a vida do seu pai."

"Eu encontrarei outro jeito." Eu recuei em direção à casa. "Agora saia da nossa propriedade."

"Você vai mudar de ideia." Ele sorriu, caminhando de costas para o carro. "Enquanto isso, o relógio da execução do papai continua correndo."

"Não precisamos de você!" Eu gritei, meus punhos cerrados tão apertados que minhas palmas sangraram.

Ele parou com a mão na porta do carro. "Para salvá-lo, você precisa da intervenção direta do Rei Alfa. Ninguém além de mim tem acesso a Blake Morgan. Ninguém arrisca o pescoço por um traidor."

Seu sorriso se tornou cruel antes de ele entrar no carro e arrancar, me deixando engasgada com o escapamento e a raiva.

Esperei até que as luzes traseiras desaparecessem antes de desabar. Meus joelhos bateram no cascalho e um soluço rasgou minha garganta, cru e feio.

Jackson não estava errado sobre uma coisa—somente o Rei Alfa poderia anular uma acusação de traição. Mas eu preferia comer vidro do que me tornar o segredo sujo de Jackson.

Minha loba se debatendo sob minha pele. Toquei o lado do meu pescoço, lembrando dos dedos de Blake ali—como seu toque havia acalmado algo selvagem dentro de mim.

Eu precisava vê-lo de novo. Mesmo que ele nunca oferecesse segundas chances.

Na manhã seguinte, a Academia de Guerreiros estava agitada com o caos usual dos estudantes lobisomens.

"Santo Deus, você parece destruída." Ella, minha melhor amiga, largou sua mochila ao meu lado debaixo do nosso carvalho de sempre.

Eu abri meu manual tático, fingindo me importar com manobras de flanqueamento. "Obrigada. Exatamente o que toda garota quer ouvir."

Ela cutucou minha bota com a dela. "Sério, o que aconteceu? Um minuto você estava no Moonlight Lodge, no outro—puf. Modo fantasma."

Eu mordi o lábio. Mentir para Ella era inútil. A garota podia farejar minhas mentiras mais rápido que um cão de caça drogado.

"Quase me transformei no salão de baile." Mantive meus olhos no livro. "Alguém me ajudou a controlar."

"Alguém?" Ela arrancou meu manual. "Desembucha. Suas orelhas estão ficando vermelhas."

Eu suspirei, encontrando seus olhos. "Blake Morgan."

Seu queixo realmente caiu. "O Rei Alfa te levou... para onde exatamente?"

"Para a suíte dele," murmurei.

As sobrancelhas de Ella se ergueram. "E?"

"E nada," menti.

Ela agarrou meu braço, os dedos cravando. "Ava Rivers, seu coração acabou de disparar. O que. Aconteceu?"

Eu cedi. "Nós talvez tenhamos nos beijado. Um pouco."

"Um pouco?" Ela sussurrou gritando. "Não existe 'um pouco' de beijo com o Rei Alfa! Isso é como dizer que você estava 'um pouco' pegando fogo!"

Eu bati no braço dela. "Baixa a voz! Foi só—"

"Só o quê? Estonteante? Transformador? Derretedor de calcinhas?"

Apesar de tudo, eu ri. "Tudo isso? Mas não importa agora. Eu preciso vê-lo de novo."

O sorriso dela desapareceu. "Mas todo mundo diz que ele nunca—"

"Eu sei." Eu a interrompi, a determinação se instalando no meu peito. "Mas a vida do meu pai depende disso."

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