




Capítulo 3
Ponto de vista de Isolde
Invadimos a mansão como um furacão vingativo – eu liderando a carga, Sybilla logo atrás de mim segurando um roupão jogado às pressas, Kieran tropeçando para acompanhar enquanto ainda vestia a camisa, e minha madrasta nos seguindo de pijama de seda.
A porta do escritório do meu pai estava entreaberta, uma luz quente se espalhando pelo corredor escuro. Eu podia ouvi-lo lá dentro, provavelmente se afogando em mais uma garrafa de algum licor caro que ele ainda não tinha vendido.
“Pai!” Chutei a porta com tanta força que ela bateu na parede.
Ele olhou para cima da sua cadeira de couro, um copo de cristal a meio caminho dos lábios. Seus olhos estavam vermelhos, seu cabelo normalmente perfeito estava despenteado. Quando viu nós quatro parados ali, seu rosto passou de confusão para terror em segundos.
“Isolde? O que vocês estão—”
“Corta essa,” interrompi, minha voz cortando o ar como uma faca. “Sabemos sobre o harém.”
O copo escorregou de seus dedos, uísque se espalhando pela sua mesa cara.
“O quê?” ele gaguejou, mas eu podia ver a culpa escrita em seu rosto.
“O Programa Aliança da Lua,” Sybilla disse, sua voz tremendo de fúria. “Você nos vendeu para um maldito harém!”
A boca do meu pai abriu e fechou como um peixe ofegando por ar. “Meninas, vocês não entendem—”
“Então explique!” Dei um passo à frente, e ele realmente se encolheu. “Explique como você assinou suas filhas para serem escravas sexuais de algum Alfa!”
“Não é assim!” ele protestou desesperadamente. “O Programa Aliança da Lua é uma oportunidade prestigiosa—”
“Para sermos trancadas e fodidas sempre que algum Alfa lobisomem quiser?” Sybilla gritou. “Isso é prestígio?”
Minha madrasta finalmente encontrou sua voz. “Alaric, me diga que isso não é verdade. Me diga que você não realmente—”
“Eu não tive escolha!” Meu pai explodiu, levantando-se tão rápido que sua cadeira caiu para trás. “O programa oferece acomodações de luxo, educação, tantas oportunidades—”
“Enquanto abrimos as pernas para o Alfa sempre que ele quiser,” terminei por ele.
O rosto do meu pai desmoronou. “Eu pensei... Eu esperava que talvez uma de vocês chamasse a atenção dele, se tornasse sua Luna. Pense no poder, no status—”
“Pense na humilhação!” Sybilla gritou. “Você quer que a gente compita pela chance de ser a esposa de um estranho?”
Kieran, que tinha estado em silêncio durante toda essa troca, finalmente falou. “Talvez... talvez a gente pudesse encontrar outra maneira. Fugir esta noite, antes que o carro chegue.”
Todos nos viramos para encará-lo.
“Fugir para onde?” perguntei. “Com que dinheiro? E você acha que eles vão esquecer a dívida?”
Minha madrasta estava andando de um lado para o outro agora, sua compostura perfeita completamente destruída. “Tem que haver algo que possamos fazer. Algum recurso legal—”
“Contra a Lua de Prata?” Meu pai riu amargamente. “Estamos falando do Rei Lycan!”
“Então é isso?” Virei-me para ele, a fúria queimando em meu peito. “Você simplesmente nos vende e lava as mãos disso?”
“O que mais eu deveria fazer?” Meu pai gritou de volta. “Deixá-los me matar? Deixá-los vir atrás de vocês de qualquer maneira?”
A sala caiu em um silêncio tenso, quebrado apenas pelo choro silencioso da minha madrasta e pelo tique-taque do relógio antigo do meu pai.
Podemos nos transformar, Lyra sugeriu sombriamente. Correr para a floresta, viver selvagens.
E depois? perguntei a ela. Passar o resto de nossas vidas olhando por cima dos ombros?
Kieran limpou a garganta nervosamente. "Olha, talvez se nós apenas conversássemos com eles, explicássemos a situação—"
"Explicar o quê?" Sybilla virou-se para ele. "Que não queremos ser escravos sexuais? Tenho certeza de que eles serão muito compreensivos."
"Talvez se oferecêssemos para trabalhar para o Grupo Lua Prateada de outra forma—"
"Kieran," eu disse calmamente, "cala a boca. Você não tem voto aqui."
Nesse momento, portas de carros bateram lá fora. Várias portas de carros.
Todos congelamos.
"Quem poderia ser a essa hora?" Papai sussurrou, seu rosto ficando pálido.
Fui até a janela e olhei através das cortinas. Três SUVs pretas estavam estacionadas na nossa entrada circular, motores ainda ligados. Homens em ternos escuros estavam saindo, seus movimentos coordenados e determinados.
"Merda," eu murmurei.
"O que é?" Sybilla correu para olhar por cima do meu ombro.
A porta da frente da casa abriu-se sem ninguém bater. Passos pesados ecoaram pelo hall, indo direto para o escritório.
"Sr. Blackwood," uma voz profunda e autoritária chamou. "Precisamos conversar."
Um homem alto apareceu na porta, sua presença imediatamente dominando o ambiente. Atrás dele estavam outros quatro homens, todos parecendo que poderiam quebrar uma pessoa ao meio sem esforço.
"Beta Nathaniel," Papai balbuciou, tentando ficar mais ereto. "Eu não esperava você até—"
"Achei prudente esclarecer algumas coisas antes de amanhã de manhã." Nathaniel disse secamente, seu olhar frio varrendo todos nós.
"Deixe-me ser bem claro," Nathaniel continuou, tirando uma pasta grossa de seu paletó. "O contrato é inquebrável. Assinado, testemunhado e selado. Qualquer tentativa de rompê-lo resultará em consequências severas."
"Que tipo de consequências?" minha madrasta perguntou, sua voz mal um sussurro.
O sorriso de Nathaniel se alargou, mostrando apenas um vislumbre de presas. "Do tipo que você nunca mais vai querer enfrentar."
"Vocês não podem nos forçar," Sybilla disse, mas sua voz faltava convicção.
"Na verdade, podemos. Mas o Rei Lycan prefere a conformidade voluntária." Nathaniel gesticulou para seus homens. "Então, deixe-me simplificar. Amanhã de manhã, às oito horas, um carro chegará. Vocês entrarão nele voluntariamente, ou nós faremos com que entrem de qualquer jeito. A escolha é sobre quanta dignidade vocês manterão no processo."
"E agora?" eu perguntei, surpresa com a firmeza da minha voz.
"Agora, vocês passam a noite se despedindo," Nathaniel disse. "Porque uma vez que vocês saírem amanhã, não há como saber quando verão este lugar novamente."
Ele se virou para Papai, sua voz tornando-se profissional. "O pagamento final foi transferido para suas contas, Sr. Blackwood. Considere suas dívidas quitadas."
"E se nós recusarmos ir amanhã?" eu perguntei.
Os olhos de Nathaniel encontraram os meus, e eu vi algo frio e predatório ali. "Então nós voltamos. E da próxima vez, não seremos tão educados."
Enquanto os homens de Nathaniel saíam, ele parou na porta e olhou para nós.
"Oito horas em ponto, senhoras. Não nos façam esperar. Vocês serão providos de tudo que precisam," Nathaniel disse, "o Grupo Lua Prateada se orgulha de... acomodar seus convidados especiais."
A porta da frente fechou-se com uma finalidade que parecia ecoar por toda a casa.
Ficamos no escritório, o peso da nossa situação caindo sobre nós como um cobertor sufocante. Isso estava realmente acontecendo. Amanhã, nós realmente iríamos.