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Capítulo 2

Ponto de Vista de Isolde

Depois da conversa devastadora com meu pai, eu precisava encontrar Sybilla. Não importava os problemas que tínhamos entre nós, ela precisava saber o que nosso pai tinha acabado de fazer conosco.

Subi as escadas familiares até o quarto dela naquilo que costumava ser a nossa casa. A mansão Blackwood podia estar caindo aos pedaços no andar de baixo, mas a ala de Sybilla ainda mantinha sua elegância impecável – aparentemente, privilégios de enteada incluíam manter as partes boas da casa.

Ao me aproximar do quarto dela, minha audição aguçada captou sons que fizeram meu estômago revirar.

Murmúrios baixos. O farfalhar dos lençóis. E então...

"Deus, Kieran, isso é maravilhoso."

A voz de Sybilla, ofegante e satisfeita.

Meu mundo virou de cabeça para baixo.

Empurrei a porta do quarto, e lá estavam eles. Meu namorado de dois anos e minha meia-irmã, nus e enroscados juntos em lençóis de seda.

A cabeça de Kieran se levantou primeiro, seu cabelo escuro desgrenhado, seu rosto corando ao me ver parada na porta.

"Isolde." A palavra saiu estrangulada. "Merda. Isso não é... nós não..."

Sybilla se virou preguiçosamente, como se tivesse todo o tempo do mundo. Seu cabelo loiro caía sobre os ombros nus, e ela não fez nenhum esforço para se cobrir. Na verdade, ela sorriu.

Ela sorriu, maldita.

"Oi, Izzy," disse casualmente, como se eu tivesse acabado de entrar e pegá-la lendo um livro, em vez de transando com meu namorado. "Estava me perguntando quando você apareceria."

A marca de nascença em forma de estrela na minha escápula começou a queimar de fúria. Lyra estava tentando sair, exigindo sangue, exigindo vingança.

"Há quanto tempo?" Minha voz estava surpreendentemente firme, considerando que eu me sentia como se estivesse me afogando.

Kieran se apressou em puxar um lençol ao redor da cintura. "Isolde, deixe-me explicar—"

"Há. Quanto. Tempo?"

Sybilla se espreguiçou como um gato, completamente despreocupada com minha presença. "Seis meses," disse com o mesmo tom casual. "Talvez sete? O tempo voa quando você está se divertindo."

Seis meses. Enquanto eu estava lutando para manter a cabeça fora d'água, trabalhando em três empregos para pagar aquele apartamento horrível, preocupada com as dívidas do meu pai, Kieran estava vindo aqui. Para ela.

"Por quê?" A palavra saiu quebrada.

Kieran finalmente encontrou sua voz. "Isolde, você precisa entender. Tudo tem estado tão bagunçado ultimamente—"

"Então você decidiu transar com minha irmã em vez de lidar com isso?"

Nesse momento, ouvi passos descendo o corredor.

"Sybilla, querida, você está lá em cima? Ouvi vozes—"

Minha madrasta apareceu na porta, então parou. Ela observou a cena – sua filha nua, meu namorado nu, e eu ali parecendo pronta para matar alguém.

"Oh." Ela disse, e então um pequeno sorriso surgiu no canto da boca. "Acho que meu timing poderia ser melhor."

"Você acha isso engraçado?" Me virei para ela, minha raiva atingindo novos patamares.

"Eu acho que isso não é grande coisa," minha madrasta disse calmamente. "Kieran apenas te abandonou porque Sybilla é uma escolha melhor, assim como seu pai fez naquela época."

Ela estava falando sobre minha mãe. Sobre como meu pai havia jogado fora seu casamento por essa mulher que estava na minha frente.

"Você quer dizer como meu pai abandonou minha mãe por você?" As palavras saíram venenosas. "Como ele traiu a mulher que lhe deu tudo e a jogou para fora de sua própria casa por sua amante?"

A compostura perfeita da minha madrasta vacilou por um momento. "Sua mãe era fraca. Ela não conseguia lidar com as pressões do verdadeiro sucesso—"

"Ela não conseguia lidar com o fato de seu marido transando com a amante pelas suas costas!" Eu explodi. "Ela não conseguia lidar com ser humilhada e substituída!"

"Isolde," Kieran disse calmamente, "talvez devêssemos—"

"Devêssemos o quê?" Eu me virei para ele. "Conversar sobre isso como pessoas civilizadas? Você quer explicar por que está transando com minha irmã há meses enquanto eu estou vivendo um inferno?"

"Olha, eu não planejei que isso acontecesse," Kieran disse, sua voz ficando defensiva. "Mas Isolde, você precisa entender – sua vida se tornou tão caótica, tão imprevisível. O estresse constante com dinheiro, os problemas da sua família... Eu preciso de estabilidade na minha vida."

"Estabilidade?" Eu ri, o som era amargo e cortante. "Então você decidiu encontrá-la na cama da filha da mulher que destruiu minha família?"

"Sua família se destruiu sozinha," minha madrasta disse friamente. "Alaric fez sua escolha com base no que era melhor para o futuro dele. Assim como Kieran fez."

A queimadura no meu ombro estava ficando mais quente. Se eu não recuperasse o controle logo, Lyra iria forçar uma transformação, e então haveria sangue por todos esses lençóis caros.

"Você sabe qual é o futuro que nos espera agora? Sobre o Programa Aliança da Lua?" Eu perguntei, minha voz perigosamente calma.

A sobrancelha perfeitamente arqueada de Sybilla se levantou. "O quê?"

Então ela realmente não sabia.

"Nosso pai," eu disse, enfatizando a palavra, "nos inscreveu em algo chamado Programa Aliança da Lua. Para pagar suas dívidas. Vinte e dois milhões de dólares em dívidas."

Pela primeira vez desde que entrei, a compostura de Sybilla se quebrou. "Do que você está falando?"

"Um carro vem amanhã de manhã às oito horas para nos pegar. Parabéns. Fomos vendidas por onze milhões de dólares cada uma."

A cor sumiu do rosto dela. "Isso é impossível. Papai não faria isso—"

"Papai faria e fez." Eu voltei minha atenção para Kieran. "E você. Você sabia disso também?"

Kieran disse calmamente após uma longa pausa, "É um harém."

A sala ficou em silêncio mortal.

"O que caralho?" Eu gritei.

Kieran não conseguia me olhar nos olhos. "Eu ouvi de um amigo. O Programa Aliança da Lua do Grupo Silver Moon... não é uma posição corporativa. É... é um sistema de harém moderno fornecendo companheiras para o Alfa deles."

Isso pairou no ar como um gás tóxico. Harém. Uma tradição bárbara e ultrapassada dos antigos dias dos lobisomens, reembalada com um nome corporativo elegante.

O rosto de Sybilla ficou pálido como papel. "Você quer dizer como... como aqueles lugares nos tempos antigos onde as mulheres eram trancadas para os reis desfrutarem?"

"Versão moderna," Kieran assentiu. "Mas essencialmente, sim."

"Isso é verdade? Então..." Eu senti o mundo tremer sob meus pés. "Ele nos vendeu para um harém?" Minha voz estava perigosamente baixa.

"Mãe, você não pode deixar isso acontecer! Não comigo!" Sybilla gritou.

Eu senti a sala girar ao meu redor. Harém. Não um emprego, não uma oportunidade, mas um harém.

Minha madrasta de repente se levantou, seu rosto ficando pálido como a morte. "Não. Alaric não... ele não..."

"Ele faria e fez," eu me virei para a porta. "Vou encontrá-lo. Quero ouvir ele me dizer na cara que nos vendeu para um harém de lobisomens."

"Isolde, espere—" Kieran começou a falar.

"Você cale a porra da boca," eu disse asperamente. Sybilla pulou da cama, vestindo roupas apressadamente. "Vou com você."

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