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Capítulo 1

POV de Isolde

Onde diabos ele estava?

Olhei para o meu celular pela centésima vez nesta manhã, meus dedos pairando sobre o nome de Kieran nos meus contatos. Ele tinha prometido me buscar para o nosso encontro às dez, e já passava do meio-dia. Isso não era nada típico dele.

"Droga, Kieran," murmurei, apertando o botão de chamada novamente.

A voz automatizada familiar me informou que a pessoa que eu estava tentando chamar estava indisponível. De novo. Joguei meu celular na cama, a frustração crescendo no meu peito como uma panela de pressão prestes a explodir.

Algo está errado, Lyra, minha loba, sussurrou na minha mente. Ela estava inquieta a manhã toda, andando de um lado para o outro na minha consciência.

Peguei minhas chaves e jaqueta de couro, descendo as escadas. A casa estava estranhamente silenciosa para um sábado, com a maioria dos empregados de folga. Nossa outrora impressionante mansão no Distrito do Vale Esmeralda já tinha visto dias melhores. Os lustres de cristal que ninguém mais limpava, os móveis antigos que estavam sendo vendidos peça por peça para cobrir as crescentes dívidas do meu pai—tudo lembranças dolorosas da decadência da nossa família.

Enquanto atravessava a sala de estar, ouvi a voz dela.

"Isolde!"

Congelei, meus ombros se tensionando instantaneamente. Respirando fundo, me virei para encarar minha madrasta, suas unhas perfeitamente manicuradas batendo impacientemente contra sua bolsa de grife—provavelmente o último item de luxo que meu pai comprou para ela antes do Grupo Lua de Prata começar a cobrar seus empréstimos.

"Sim, senhora?" respondi, a palavra "mãe" nunca passando pelos meus lábios, apesar da insistência do meu pai para que eu a chamasse assim.

"Vá chamar Sybilla. Tenho algo para dizer a ela," ela ordenou, seus olhos se estreitando ao notar minha jaqueta e chaves.

"Por favor. Estou saindo. É urgente."

Suas sobrancelhas perfeitamente esculpidas se ergueram. "Você está me desobedecendo?"

Eu sabia exatamente onde isso ia parar—direto no escritório do meu pai com uma versão completamente distorcida do que havia acontecido.

"Não, eu não estou... Eu só estava dizendo—"

"Espere até seu pai saber disso," ela disse com um sorriso malicioso, virando-se.

"Tudo bem! Eu vou chamá-la," gritei.

Minha ansiedade em relação a Kieran aumentou enquanto subia as escadas que levavam à ala de Sybilla na casa. Tentei ligar para ele novamente, o nó no meu estômago apertando quando foi direto para a caixa postal.

Quando me aproximei da porta do quarto de Sybilla, ouvi sons que me fizeram parar no meio do caminho. Gemidos. Especificamente, os gemidos de Sybilla, pontuados por palavras ofegantes.

"Oh meu Deus, você vai me fazer gozar!"

Fiquei ali, paralisada, enquanto Lyra de repente ficava em alerta máximo dentro de mim.

"Por que você não termina com minha irmã e namora comigo em vez disso?" A voz de Sybilla veio através da porta, clara como o dia. "Eu sou a favorita do papai. Se você casar comigo, suas chances de se tornar o alfa desta alcateia são muito maiores do que se casar com Isolde."

Meu coração pulou uma batida quando ouvi a voz masculina responder.

"Eu não estou fazendo isso porque quero me tornar alfa, Sybilla. Eu simplesmente amo quem você é. Sua personalidade me atrai. Você é quem eu quero passar minha vida."

Kieran. Era a voz de Kieran.

"Não diga isso. Eu sei que é porque eu sou melhor nisso," Sybilla riu.

Minha cabeça começou a girar. Meu coração batia forte nos meus ouvidos como um tambor de guerra. As últimas palavras de Kieran me cortaram como a mais cruel das lâminas, perfurando meu coração. Meu peito arfava enquanto minha respiração se tornava rápida e pesada.

Sem pensar, empurrei a porta com tanta força que ela bateu na parede. Minha visão se estreitou enquanto eu absorvia a cena diante de mim—Kieran e Sybilla se apressando para se cobrir com os lençóis emaranhados. O rosto de Kieran ficou pálido como se tivesse visto um fantasma.

"Ah, sério?" Eu disse, minha voz tremendo, lágrimas ameaçando cair enquanto a marca de nascença em forma de estrela no meu ombro direito ardia com minhas emoções.

"Isolde, por favor, deixe-me explicar! Não é o que você pensa!" Kieran gaguejou, o pânico estampado em seu rosto.

A expressão de Sybilla mudou de choque para arrogância num instante. "Isolde, o que você está fazendo no meu quarto? Ninguém te ensinou a bater na porta?"

"Sua mãe me mandou te buscar," eu disse, lutando para manter a voz firme. "O que você está fazendo transando com meu namorado?"

"Acabei de transar com ele. O que você vai fazer sobre isso?" Sybilla cruzou os braços e sorriu para mim, seu cabelo loiro liso caindo sobre os ombros.

Ela se virou para Kieran, sua voz doce de forma enjoativa. "Vamos, Kieran. Por que você não diz na cara dela que quer ficar comigo porque eu sou melhor?"

Essa não era a primeira vez que eles me traíam—eu podia perceber pela maneira casual como interagiam. E não era a primeira vez que Sybilla tomava algo que me pertencia. Assim como sua mãe havia tomado meu pai da minha mãe. Papai não permitiu que minha mãe me levasse com ela quando foi embora, alegando que ela era "mentalmente instável." Ele nunca a declarou traidora, mas também nunca a procurou. Sempre fui uma estranha em minha própria casa no Vale Esmeralda.

"Você é patética, Sybilla," eu cuspi. "Você gosta de roubar os homens de outras mulheres, igual sua mãe. Tal mãe, tal filha, né?"

Os olhos de Sybilla se estreitaram. "Você e sua mãe são duas perdedoras que não conseguem manter um homem! Os homens sempre sabem quem é melhor."

"Sério? Ou é sua mãe que tem meu pai na palma da mão?"

"Isolde! Não percebe? Todo esse tempo, você achou que era melhor que eu porque tem um diploma universitário e aqueles prêmios idiotas de luta, mas adivinha só? Eu provei várias vezes que sou melhor que você. Sou a filha favorita do papai, seus amigos gostam mais de mim, e seu Kieran está mais feliz comigo porque você nunca aprendeu a agradar um homem!"

As palavras dela me esfaqueavam como inúmeras facas na autoestima. Eu reconhecia a manipulação dela pelo que era, mas ainda doía. Isso tinha que ser um pesadelo. Eu deveria ser capaz de acordar disso.

"Isolde, por favor, deixe-me explicar..." Kieran estendeu a mão em minha direção.

Eu dei um passo para trás, minha voz de repente calma e firme. "Não precisamos ter nenhuma conversa, Kieran. Eu posso ver que você fez sua escolha. Parabéns."

"Eu—" ele começou, mas foi interrompido pelo som do meu celular.

Uma notificação de mensagem apareceu na tela. Era do meu pai.

"Tenho uma mensagem do papai," eu anunciei, minha voz vazia enquanto lia a tela. "Ele precisa de nós dois em seu escritório imediatamente. Representantes do Grupo Lua Prateada chegaram."

Sybilla pulou da cama com velocidade relâmpago e correu para o banheiro, seu cabelo loiro voando atrás dela.

Meu coração disparou com um pressentimento. Grupo Lua Prateada—No papel, eles eram uma empresa da Fortune 500 com interesses que abrangiam imóveis, tecnologia e finanças—um conglomerado global. Mas nós, com sangue de lobo, sabíamos a verdade: Lua Prateada era a face pública da organização de lobisomens mais poderosa existente, uma rede controlada por linhagens ancestrais que dominavam secretamente o mundo dos negócios modernos.

Algo grande estava prestes a acontecer, e seja o que for, não poderia piorar mais esse dia.

Poderia?

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