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Capítulo 3

POV de Erin

Bradley ficou paralisado na porta do banheiro da Lily, com a água pingando do cabelo e uma toalha frouxamente enrolada na cintura. Sua expressão mudou de relaxada para horrorizada em um instante, como uma máscara caindo.

"Erin," ele sussurrou, com a voz trêmula. "O que você está fazendo aqui?"

Eu me virei para Lily, desesperada por alguma explicação que fizesse sentido desse pesadelo. "O que está acontecendo? Por que ele está aqui assim... desse jeito?"

Algo na expressão de Lily mudou—o choque desaparecendo, substituído por algo frio e desdenhoso que eu nunca tinha visto antes.

"Não adianta mais fingir," ela disse com um dar de ombros casual. "Vamos, Erin. Você não pode ser tão ingênua assim."

Todos aqueles encontros cancelados. Todas aquelas vezes que Bradley disse que estava "ocupado com assuntos da Alcateia." Todos aqueles dias que Lily estava misteriosamente ausente da escola. Não tinha sido coincidência.

"Há quanto tempo?" Minha voz saiu mal acima de um sussurro, minhas unhas cravando-se nas palmas das mãos. "Há quanto tempo isso está acontecendo?"

Lily realmente riu. "Alguns meses," ela deu de ombros como se não fosse nada. "Desde o Ano Novo."

Acontece que os dois estavam juntos secretamente há tanto tempo. Mas eu só estou namorando Bradley há um ano!

Como eles puderam fazer isso? Amanhã era meu aniversário, e eu estava prestes a anunciar que ficaria com ele para sempre, mas ele me traiu e dormiu secretamente com minha melhor amiga!

"Você nunca me deixou te tocar, Erin," Bradley disse, sua voz endurecendo enquanto ajustava a toalha. "O que você esperava? Eu sou irmão de um Alfa. Tenho necessidades."

Eu só pensava que ele era estranho. Esse era o garoto que prometeu esperar por mim, que disse que respeitava minha decisão de esperar até depois da minha primeira transformação adulta. O garoto que me escreveu bilhetes de amor e sussurrou doces promessas sob as estrelas.

Com lágrimas nos olhos, olhei para o homem desconhecido à minha frente, incapaz de dizer uma palavra.

Eu o amava muito, e estava disposta a ser íntima com ele quando ambos fôssemos adultos, mas nunca esperei que ele fosse tão impaciente.

"Deus, não seja tão dramática," Lily revirou os olhos, examinando suas unhas perfeitamente manicuradas. "Não é como se vocês fossem Almas Gêmeas ou algo assim. Você é apenas a namorada dele." Ela enfatizou a palavra como se não tivesse significado.

Algo dentro de mim se quebrou. O último fio de esperança de que tudo isso fosse um terrível mal-entendido, que pudesse haver alguma maneira de salvar o que tínhamos, desintegrou-se.

"Acabou," eu disse, surpreendendo-me com a clareza calma na minha voz. "Para vocês dois. Acabou para todos nós."

O rosto de Bradley escureceu, um lampejo da natureza dominante de lobo que corria na linhagem de sua família. "Erin, não seja estúpida. Isso foi um erro, eu admito. Mas você sabe que eu só amo você."

Uma risada borbulhou do meu peito. "Como você ousa dizer que me ama depois de fazer amor com outra mulher? Sua Lily não vai ficar de coração partido?"

Enquanto eu dizia isso, olhei para Lily atrás dele. Como esperado, seu rosto presunçoso instantaneamente ficou pálido.

Sua mão disparou, agarrando meu braço com força suficiente para machucar. Seus olhos brilharam com algo perigoso—um vislumbre do lobo sob a fachada humana.

Ele se inclinou perto, sua voz um rosnado baixo. "Pense no que você está fazendo. Você está jogando fora tudo o que temos por algo sem importância."

Eu arranquei meu braço com uma força que eu não sabia que possuía. "Nosso relacionamento inteiro não significava nada para você. Nunca mais me toque."

Eu me virei para sair, mas Bradley se moveu com velocidade sobrenatural, bloqueando a porta. "Erin, você deveria saber," ele continuou, sua expressão escurecendo, "você é apenas uma loba ômega comum. Ninguém jamais vai te considerar seriamente como parceira. Eu estava fazendo um favor a você ao ficar com você."

Cada palavra me atingiu como um soco, reforçando todas as dúvidas que eu já tinha tido sobre minha posição na Alcateia. Mas em vez de me sentir desapontada, decidi imediatamente me afastar dessas duas pessoas que me machucaram tão profundamente.

"Então acho que devo agradecer por me mostrar exatamente quem você é antes da transformação de amanhã," respondi, minha voz fria. "Agora não vou perder mais um momento imaginando se você é meu Alma Gêmea."

Eu o empurrei com toda a minha força, meus instintos de loba me dando um poder que eu ainda não tinha explorado totalmente. Corri pelo corredor, desci as escadas e saí pela porta, minha visão embaçada por lágrimas que eu me recusei a deixar cair.

No momento em que saí, comecei a correr. Meus pés batiam contra o pavimento, depois na terra, depois nas folhas caídas enquanto eu instintivamente me dirigia para a floresta. Eu precisava me afastar o máximo possível daqueles dois traidores nojentos. Cada passo me afastava mais da casa da Lily, mas a traição grudava em mim como uma segunda pele.

Corri até meus pulmões queimarem e minhas pernas doerem, cada vez mais fundo na floresta, deixando meus sentidos de lobo me guiarem pela escuridão crescente. As árvores ficavam mais densas, o mato mais selvagem. Em algum lugar no fundo da minha mente, percebi que nunca tinha estado nessa parte da floresta antes, mas não me importava.

Quando não consegui mais correr, desabei contra o tronco de um enorme carvalho, finalmente permitindo que as lágrimas viessem. Elas escorriam quentes e rápidas pelas minhas bochechas enquanto soluços sacudiam meu corpo. Como eles puderam fazer isso? Amanhã era meu aniversário, o dia da minha transformação, e eu estava pronta para anunciar que Bradley seria meu para sempre — apenas para descobrir que ele estava dormindo com minha melhor amiga há meses.

"Você é patética, Erin," sussurrei entre os soluços, me abraçando com força. "Apenas uma ômega estúpida e ingênua."

"Você é barulhenta," uma voz fria e familiar cortou o silêncio da floresta.

Levantei a cabeça bruscamente, limpando as lágrimas rapidamente. Derek Stone estava apenas a alguns metros de distância, sua figura imponente meio escondida nas sombras. Sua expressão era impossível de ler na luz minguante, mas a irritação era clara em sua voz.

"Você está perturbando minha paz," ele disse, dando um passo à frente. "Esta é a segunda vez hoje que você consegue invadir onde não deveria."

Levantei-me rapidamente, a vergonha queimando dentro de mim. "Eu—eu não sabia que havia alguém aqui."

"Toda essa seção da floresta é propriedade privada da família Stones," Derek disse, sua voz ríspida. "Nenhum membro da Matilha é permitido aqui sem permissão explícita."

Meu coração afundou. Claro que eu tinha tropeçado em território restrito — só podia ser meu azar hoje.

"Desculpe," murmurei, olhando para baixo. "Eu não estava prestando atenção para onde estava indo."

Derek deu mais um passo em minha direção, a luz da lua iluminando seus traços afiados. "Isso está se tornando um padrão para você, não é? Primeiro a fortaleza da Matilha esta manhã, agora o refúgio privado da minha família." Seus olhos se estreitaram. "Duas vezes em um dia é uma grande coincidência. Você está me seguindo, Erin Blackwood?"

A acusação doeu, adicionando insulto à injúria neste dia horrível. "Seguindo você? Por que eu—" Cortei-me, a raiva aflorando. "Eu não estou te seguindo. Estou apenas tendo o pior dia da minha vida, e eu precisava de um lugar para... para..."

"Para o quê? Uivar para a lua?" Sua voz tinha um tom de zombaria. "Seu choro é alto o suficiente para alertar todos os predadores num raio de um quilômetro."

Senti uma nova onda de lágrimas ameaçando e pisquei furiosamente para contê-las. Eu não choraria na frente de Derek Stone novamente.

"Eu vou embora," disse rigidamente, endireitando os ombros apesar de me sentir completamente destruída por dentro.

Derek me estudou por um longo momento, sua expressão mudando quase imperceptivelmente. "Você está chateada," Derek observou, seu tom mudando ligeiramente.

Eu queria contar a esse homem sobre a infidelidade de seu irmão, para fazer com que ele o punisse com sua posição de Alfa da Matilha. As palavras estavam na ponta da minha língua, mas eu não conseguia dizê-las. "Eu..."

Um sorriso implacável passou por seu rosto, tão rápido que eu poderia ter imaginado. Ele deu um passo à frente, e eu instintivamente recuei, minhas costas pressionando contra a casca áspera do pinheiro.

"Você tem medo de mim?" ele perguntou, inclinando a cabeça ligeiramente enquanto observava minha reação.

"Deveria?" retruquei, surpreendendo-me com minha ousadia.

Suas sobrancelhas se ergueram ligeiramente. "A maioria das pessoas diria que sim."

"A maioria das pessoas não teve o dia que eu tive," disse, uma risada histérica borbulhando do meu peito. "Seu irmão... ele não é quem eu pensei que fosse."

A expressão de Derek escureceu ao mencionar Bradley.

"Poucas pessoas são," ele disse suavemente.

Minha visão voltou a ficar turva, lágrimas enchendo meus olhos, e pisquei rapidamente, determinada a não chorar na frente desse estranho.

Mas os eventos do dia foram demais. A floresta parecia girar ao meu redor, e eu me senti cambalear.

"Eu não estou me sentindo bem..." comecei a dizer, mas meus joelhos cederam de repente.

A última coisa de que me lembro foi de braços fortes me segurando antes que eu caísse no chão.

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