Capítulo 7
POV Melissa
Eu realmente gostaria de poder ajudar mais a Diana, mas o Unob não me deixa passar mais de cinco minutos na cafeteria antes de começar a me empurrar em direção ao mini-módulo, uma pequena nave que pode voar independentemente da nave maior. Ela pode comportar no máximo dois membros, dependendo da raça e do peso.
A barata gigante deve estar pensando nos seus brons por ter me indicado, daí a ansiedade. Ele faz tudo por dinheiro, até mesmo comprando um humano em um leilão e acabando enganado, recebendo um engenheiro da Terra em vez de um engenheiro de nave.
No entanto, o lado bom é que consegui passar meu mini-holograma para o novo membro antes de sair da cafeteria. Tem o tamanho do que imagino ser um celular e está configurado em português porque consegui um cliente para instalar essa tradução rara para que eu pudesse praticar mais o idioma.
Com meu holograma em uma língua que Diana fala, será mais fácil para ela sobreviver aqui, e eu posso ajudá-la melhor quando ela encontrar meu marido. Posso usar meus brons para comprá-la do Unob e dar a ela uma boa vida em Faleia, que não é a Terra, mas é melhor do que esta nave.
"Diana pode ficar no meu quarto, tá? Quer dizer, Elsa pode ficar no meu quarto e com tudo que é meu," digo enquanto caminhamos por um corredor de metal com luzes de diferentes cores no chão. Elas indicam para onde devemos ir, já que tudo aqui parece igual, e cada cor representa uma sala diferente. "E ela disse que viu um monte de problemas na nave," invento, para poupar Diana de ter que fazer shows.
"Problemas?!"
"Eu falei sobre o cano que estourou na minha cabeça, e ela disse que se não fosse consertado direito, você poderia acabar perdido lá fora. O navegador pode parar e... você estaria no meio do nada, sem poder reabastecer e à mercê de piratas." Tento soar dramática.
Naves são fáceis de navegar porque tudo é controlado por voz, mas saber realmente operá-las, como trocar fluidos e saber quais atualizações fazer, não é o mesmo que apenas pilotá-las.
"Melhor ela trabalhar só na nave por um tempo, então." Ele concorda imediatamente, e eu respiro um pouco mais aliviada.
Diana não parece ser do tipo que vai gostar de trabalhar com o que eu faço, especialmente porque ela já está em choque. E eu não admitiria isso em voz alta, mas aceitei o trabalho anos atrás porque há uma parte de mim que sempre gostou da ideia de se exibir.
No começo, era aterrorizante, mas depois... eu ficava molhada quanto mais homens me assistiam. Se houvesse um monte na mesma sala, se masturbando, eu adorava cavalgar e fazer sexo oral em dildos grossos, eu adorava os elogios. Tenho uma enorme coleção de pênis diferentes por causa disso.
A sensação de abrir as pernas, me mostrar para um monte de estranhos que não podiam ver meu rosto, fazia meu coração acelerar de um jeito diferente.
Mas hoje em dia, eu não gosto mais porque minha raiva por nunca melhorar minha vida é muito maior do que minha excitação.
"Noemia pode ajudar Elsa, se ela quiser um humano." Noemia? Aquela mulher é uma vadia! "Mas foque no agora, Kitty. As malas que você deixou no seu quarto e que eu trouxe para cá, têm tudo o que você precisa? Uma vez que você aterrissar, eu não poderei te enviar nada," ele pergunta enquanto abre a porta da sala dos módulos pequenos.
Acho que só estive aqui uma vez desde que comecei a trabalhar para a Unob. Há três deles, e são muito valiosos porque não retornam do destino onde aterrissam, e têm comida a vácuo que dura muitos dias. É como um bunker, mas todo de metal e flutuando no espaço.
"Não podemos esperar um pouco? Eu deveria conversar mais com Diana." Tento novamente evitar essa partida repentina porque não me sinto pronta.
Minhas pernas estão até tremendo, e meus joelhos estão fracos, como se pudessem ceder a qualquer momento.
Tecnicamente, estou indo para um lugar melhor, um lugar quente e rico, algo que nunca tive na minha vida, mas ainda me sinto triste por partir. Vivi quase 28 anos no espaço, aprendi a sobreviver, e agora realmente não sei o que me espera. Nunca aterrissei em um planeta, nunca vi um nascer do sol.
"Marquei um encontro com Kaleo Kin, e ele já está esperando por você mais do que ansiosamente. Então entre no módulo, em algumas horas você estará lá, e não se esqueça de trocar de roupa!" Unob, que está muito menos nervoso do que eu, aponta para meu pijama atual, e eu faço uma careta enquanto ele abre a porta do módulo, digitando algo no teclado da porta.
Ela se abre automaticamente alguns segundos depois com um som suave, e eu sinto frio por dentro, especialmente quando percebo quão pequeno é e que não tem uma única janela.
Droga, estou com medo!
"Claro que vou trocar de roupa," resmungo enquanto entro lentamente na cabine.
Agora parece que este módulo é apenas mais um quartinho na nave, mas na verdade, uma vez que Unob o programa, ele tem que sair para evitar ser sugado para o espaço, e então a nave sela o buraco onde estava acoplado.
O cheiro é um pouco estranho, muito limpo, e dá para perceber que tudo é ao mesmo tempo novo e velho. Novo porque a cor do metal nas paredes muito próximas de mim é clara, e há até um tipo de plástico protetor na pequena fileira de botões em uma das paredes. E velho porque esta nave é antiga. Até a nave em que nasci dava menos trabalho.
"Tente ser educada com Kaleo, Kitty, obedeça ele pelo menos no começo, eles gostam de submissão, e não fale sobre os shows," ele revela algo que não encontrei na minha pesquisa sobre os Faleus, olhando para mim da porta do mini-módulo enquanto seu nariz lentamente gira no meio do rosto.
Unob definitivamente esqueceu de cuidar da pele que está usando agora.
"Você não me disse que sou uma camgirl?!" Meu rosto inteiro esquenta naquele momento, e começo a me sentir ainda mais nervosa.