




Capítulo 4
"Eu não posso explicar tudo agora, mas meu pai..." Ele parou, sua expressão escurecendo. "Só me prometa que você vai ficar longe. Estou tentando resolver as coisas aqui, mas até lá, você precisa estar longe deste território."
Antes que eu pudesse pressioná-lo por mais informações, Lucas apareceu ao meu lado.
"Tudo bem por aqui?" ele perguntou, seus instintos protetores claramente em alerta.
Dylan se endireitou. "Estamos bem. Só desejando uma viagem segura para Aria." Ele me lançou um último olhar significativo antes de se afastar.
Lucas levantou uma sobrancelha para mim. "O que foi isso?"
"Te conto depois," murmurei, minha mente ainda girando tanto pela confissão de Dylan quanto pelo seu aviso.
Conforme a noite continuava, me peguei observando o casal novamente. Eles se moviam juntos como se se conhecessem a vida toda, duas peças de um quebra-cabeça finalmente unidas. O rosto da garota brilhava de felicidade, sua loba tendo encontrado sua outra metade.
A celebração continuou. A música tocava. Os lobos dançavam. Ao meu redor havia alegria, mas eu não conseguia parar de pensar na decisão repentina de Gabriel e no aviso de Dylan. Algo não estava certo.
Algumas horas depois, Lucas me encontrou, e concordamos em ir para casa.
Acordei surpresa na manhã seguinte quando percebi que Gabriel não tinha me chamado para nossa corrida matinal de costume. A luz do sol já entrava pela minha janela — um luxo raro. Me espreguicei, sentindo a tensão nos músculos do treino de ontem, e vesti uma calça de moletom e um moletom antes de descer.
Quando entrei na cozinha, Gabriel e Lucas pareciam suspeitamente casuais, canecas de café na mão.
"Bom dia, dorminhoca." O sorriso de Gabriel não chegou aos olhos. "Dormiu bem?"
"Sim, tudo bem." Me servi de café. "O que houve, sem treino brutal às cinco da manhã hoje? Está se sentindo bem?"
Gabriel deu uma risada. "Até sargentos têm dias de folga. Além disso, você tem que fazer as malas. Vamos partir ao amanhecer amanhã."
Sentei e bebi meu café, notando a tensão no ambiente. Gabriel trocou um olhar com Lucas antes de colocar a caneca na mesa com firmeza.
"Aria," ele disse, sua voz incomumente séria. "Precisamos discutir algo. Não pode esperar mais."
Me endireitei na cadeira, subitamente alerta. "O que está acontecendo?"
Gabriel se inclinou para frente, apoiando os cotovelos na mesa. "O Alpha Warren está... obcecado por você. Passou do preocupante para o perigoso."
"O que você quer dizer com obcecado?" perguntei, embora o arrepio na minha espinha dissesse que eu já sabia.
O maxilar de Lucas se contraiu. "Ele tem feito perguntas sobre você. Observando a cabana. Dylan nos avisou depois da fogueira ontem à noite que a obsessão de Warren está piorando."
"Várias jovens da alcateia desapareceram recentemente," Gabriel continuou. "Ninguém pode provar que foi Warren, mas como Alpha, ninguém pode desafiá-lo diretamente também."
Apertei minha caneca com mais força. "Então vamos embora? Assim, do nada?"
"Tem mais." A expressão de Gabriel ficou ainda mais sombria. "Descobrimos algo que torna essa situação ainda mais urgente. Parece que Warren está em contato com os Caçadores da Lâmina de Prata."
O nome tirou meu fôlego. Minha caneca de café escorregou dos meus dedos, batendo na mesa e derramando seu conteúdo. Nem Gabriel nem Lucas se moveram para limpar.
"Os mesmos caçadores que..." Eu não consegui terminar a frase.
Gabriel assentiu sombriamente. "Os mesmos que mataram seus pais há dez anos. Não sabemos que tipo de acordo ele fez com eles, mas qualquer Alfa que se alie a caçadores é uma ameaça para todos na alcateia—especialmente para você."
Dez anos atrás. A noite que mudou tudo.
Dez Anos Atrás
Eu tinha sete anos, escondida em um armário enquanto caçadores invadiam nossa casa. Através da fresta na porta, vi meus pais caírem, seus corpos desmoronando sob balas de prata. Mordi minha mão para não gritar, sentindo o gosto de cobre quando meus dentes romperam a pele.
Depois do que pareceram horas, os tiros cessaram. Passos pesados se aproximaram do meu esconderijo. Quando a porta do armário se abriu, olhei para os olhos âmbar de um homem enorme com cicatrizes de batalha no rosto.
"Você está segura agora, pequena," Gabriel disse, sua voz surpreendentemente gentil para um guerreiro tão feroz. "Eles se foram."
Atrás dele estava um adolescente—Lucas—seus olhos arregalados de surpresa ao encontrar uma criança humana.
"Papai, ela é humana," ele sussurrou.
Gabriel assentiu. "Sim. E ela não tem mais ninguém."
Alguns na alcateia se opuseram a acolher uma criança humana, mas Gabriel se manteve firme. "Esses caçadores tiraram a família dela assim como tiraram de nós. Ela fica. Fim de discussão."
Voltando ao presente, encontrei minhas mãos tremendo. "Por que ele trabalharia com as pessoas que caçam lobisomens?"
"O poder corrompe," Gabriel disse simplesmente. "Entrei em contato com Jace Carter, o Alfa da Alcateia Sombra da Lua. Ele está nos oferecendo refúgio, sem perguntas."
"Minha avó tem vivido com a Alcateia Sombra da Lua há anos," Lucas acrescentou. "Ela já conversou com o Alfa Jace e fez todos os arranjos para nós. Você finalmente vai poder vê-la novamente."
"Vamos voltar algum dia?" A pergunta parecia pesada na minha língua.
Gabriel encontrou meus olhos. "Provavelmente não. Mas Sombra da Lua é um bom lugar, e Jace é de verdade. Você estará segura lá."
De volta ao meu quarto, peguei minha maior bolsa de viagem e comecei a dobrar roupas metodicamente. Não apenas algumas roupas—quase tudo que eu possuía. A praticidade das instruções de Gabriel agora era clara: não estávamos planejando uma visita curta.
Em uma bolsa menor, coloquei cuidadosamente meus bens mais preciosos: meu caderno de desenhos, alguns livros, a pulseira de prata que Bree, a falecida esposa de Gabriel, me deu antes de morrer. Eu sentia uma estranha certeza de que não voltaria para esta cabana—o único lar que conheci por dez anos.
Enquanto empacotava, memórias voltaram. Gabriel me ensinando a rastrear na floresta. Lucas me mostrando como dar um soco sem quebrar o polegar. As noites ao redor da fogueira onde Gabriel contava histórias das antigas alcateias de lobos.
Parei, passando os dedos sobre a marca de nascença de pata de lobo no meu pulso esquerdo. Era estranho como uma humana como eu acabou em um mundo de lobisomens. Às vezes me perguntava se havia algum significado mais profundo nisso, ou se era apenas uma ironia cruel—uma humana com uma marca de lobo que nunca poderia se transformar.
Minha arrumação foi interrompida por uma batida forte na porta da frente. Da minha posição no topo da escada, pude ver o Alfa Warren parado na nossa varanda, flanqueado por dois guerreiros. Sua figura massiva preenchia a entrada, sua expressão severa.