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Capítulo 2

ARIA

Num instante, Dominic avançou. A dor percorreu minhas costas quando bati com força no chão, o peso dele me imobilizando. Seu rosto pairava a poucos centímetros do meu, os olhos brilhando com satisfação vingativa.

"Agora você vê a diferença entre lobisomens e humanos?" ele sussurrou, o hálito quente no meu rosto me enojando.

Naquele momento, algo mudou na atmosfera. Um rosnado profundo, como trovão distante, vibrou pelo ar. O som fez minha pele arrepiar—uma fúria de Alfa que parecia abalar o próprio chão sob nós.

Mas eu não esperei por um resgate.

Anos de treinamento com Gabriel entraram em ação. Bati minha testa no nariz de Dominic, ao mesmo tempo em que torcia meu corpo para ganhar alavanca. Meu joelho encontrou seu abdômen com precisão. Enquanto ele arfava, rolei, quebrando sua imobilização completamente.

Num movimento fluido, levantei enquanto ele permanecia no chão, gemendo. Coloquei meu pé levemente, mas de forma significativa, contra sua garganta.

"Diferença?" Mantive minha voz gelada apesar da adrenalina correndo em mim. "A diferença é que eu não preciso atacar por trás para vencer. Não me toque de novo, entendeu?"

O choque em seus olhos era quase satisfatório enquanto ele assentia freneticamente. Quando removi meu pé, percebi de repente que o campo de treinamento havia ficado em silêncio. Olhando para cima, encontrei quatro pares de olhos fixos em mim—Hunter, dois instrutores guerreiros e o Alfa Jace parado na beira do campo.

A intensidade do olhar dele fez meu fôlego falhar. Mesmo à distância, aqueles olhos azul-gelo pareciam ver através de mim.

Ótimo começo, Aria. Primeiro dia e já causando drama.

"Você está bem?"

A voz profunda atrás de mim enviou um arrepio pela minha espinha. Virei-me para encontrar Jace tão perto que tive que inclinar a cabeça para trás para encontrar seu olhar. De perto, ele era ainda mais impressionante—pelo menos um metro e noventa, ombros mais largos do que parecia possível.

"Estou bem," consegui dizer, de repente ciente de uma sensação de ardência acima da minha sobrancelha.

Para minha surpresa, Jace estendeu a mão, seus dedos tocando suavemente o local. Sua pele era quente e calejada, mas seu toque incrivelmente gentil. No momento em que seus dedos fizeram contato, uma corrente elétrica percorreu meu corpo inteiro.

"Você está sangrando," ele disse, a voz ainda mais baixa.

Olhei para a mancha de sangue em seus dedos, lutando para me concentrar. O que estava acontecendo comigo? Por que o simples toque dele me afetava tão profundamente?

"Apenas um arranhão," disse, odiando como minha voz soava ofegante.

Os olhos dele me estudaram com uma intensidade que me fez sentir simultaneamente exposta e protegida. Havia algo em seu olhar—reconhecimento, desejo, ternura.

"Suas reações são impressionantes," ele disse, o polegar ainda repousando contra minha pele. "Excepcionais, mesmo para um lobisomem."

O orgulho floresceu quente no meu peito com seu elogio. "Gabriel nunca pegou leve comigo só porque sou humana. Se você quer sobreviver no mundo dos lobisomens, é melhor se adaptar rápido."

Algo brilhou nos olhos dele—apreciação? Admiração? Por um instante, seu olhar caiu para meus lábios, demorando-se ali com tanta intensidade que senti minhas bochechas corarem.

"Inteligente," ele murmurou, a voz rouca. "Bonita e inteligente."

Ele acabou de me chamar de bonita? Meu coração batia forte contra minhas costelas enquanto eu tentava processar suas palavras.

Percebi Dominic sendo ajudado por outros guerreiros, sangue escorrendo do nariz dele. Mas Jace parecia não notar mais ninguém. Seu foco permanecia inteiramente em mim.

"Levem-no para ser examinado," Jace comandou sem desviar o olhar de mim. "E digam a ele que se tocar nela de novo, vai responder a mim pessoalmente."

A possessividade no tom dele enviou outro arrepio por mim. Nela. Não 'a humana' ou 'a nova chegada'. Nela.

A atenção de Jace voltou totalmente para mim, seu olhar viajando até a marca de nascença em forma de pata de lobo no meu pulso. Sua expressão mudou para algo que eu não conseguia ler—reconhecimento? Maravilha? Seus dedos se moveram do meu rosto para traçar suavemente a marca, e eu ofeguei.

"Isso," ele disse suavemente. "Onde você conseguiu isso?"

"Eu nasci com isso," eu sussurrei, hipnotizada pela maneira como ele tocava a marca como se fosse preciosa. "É a única coisa que tenho dos meus pais biológicos."

Por um momento, ele parecia prestes a falar, seus lábios se abrindo como se quisesse me dizer algo importante. Mas então ele simplesmente assentiu, sua mão relutantemente deixando minha pele.

Enquanto ele se afastava, senti a perda de sua presença como uma dor física. Observei sua figura se afastando, notando como os outros membros da alcateia automaticamente saíam do seu caminho.

Meus dedos inconscientemente tocaram meu pulso onde os dele tinham estado, a pele ainda formigando. Por que ele olhou para minha marca de nascença daquele jeito? E por que eu sentia que algo fundamental havia acabado de mudar no meu mundo?

"Bem, isso foi algo," disse Hunter, se aproximando com uma sobrancelha levantada. "Gabriel te ensinou bem."

Eu dei de ombros, tentando parecer casual apesar do meu coração acelerado. "Ele não me deu muita escolha. Disse que se eu quisesse viver entre lobos, precisava ser capaz de chutar suas bundas quando necessário."

Os lábios de Hunter se curvaram em um sorriso conhecedor. "Homem esperto." Ele olhou para onde Jace havia desaparecido, depois voltou a olhar para mim. "O Alpha geralmente não assiste às sessões de treinamento matinais. Nem cuida pessoalmente de ferimentos. Nem ameaça membros da alcateia por causa de novos chegados."

Algo mexeu violentamente no meu estômago com suas palavras. "Tenho certeza de que ele estava apenas sendo... hospitaleiro com os novos chegados."

Hunter realmente riu disso. "Hospitaleiro. Certo." Sua expressão ficou mais séria. "Um conselho? Jace não faz nada sem motivo. Se ele está prestando atenção em você, há um propósito por trás disso."

"Que tipo de propósito?" perguntei, embora não tivesse certeza se queria saber a resposta.

"Isso é entre você e ele para descobrir," disse Hunter diplomaticamente. "Limpe esse corte e pegue um café da manhã."

"Na verdade, acho que vou pular o café da manhã. Não estou com muita fome agora." A verdade era que meu estômago estava cheio de borboletas para lidar com comida.

Enquanto Hunter se afastava com o que parecia suspeitosamente ser um sorriso, eu tomei um momento para me recompor. O que estava acontecendo comigo? Eu nunca reagi a ninguém da maneira que acabei de responder à presença de Jace.

Recolhi minhas coisas e me dirigi para a borda do campo de treinamento, procurando um lugar tranquilo para pensar. O sol da manhã estava subindo no céu. Tudo aqui parecia tão diferente da Floresta Negra—mais quente de alguma forma, mais vivo.

O toque de Jace ainda lingerava na minha pele. A maneira como ele disse meu nome, sua possessividade ao avisar Dominic para se afastar, a reverência ao traçar minha marca de nascença...

Balancei a cabeça, afastando esses pensamentos românticos. Isso não era típico de mim. Eu nunca ficava nervosa perto de homens—especialmente não de Alphas lobisomens que podiam ter qualquer mulher que quisessem.

Mas algo sobre Jace me fazia sentir menos protegida. Quando ele olhava para mim, eu não me sentia como uma humana fraca precisando de proteção. Eu me sentia valorizada, digna de ser protegida.

A brisa fresca da manhã carregava cheiros de pinho e fumaça de madeira, nada parecido com a constante tensão e medo da Floresta Negra. Após o encontro desta manhã, eu quase podia acreditar que estávamos seguros aqui.

Mas segurança era uma ilusão que eu não podia me permitir. Não depois do que aconteceu na Alcateia da Floresta Negra.

Minha mente voltou para aqueles dias finais—perseguição obsessiva do Alpha Warren, a maneira como Gabriel e Lucas empacotaram nossas vidas silenciosamente no meio da noite. "Ele não vai parar," Gabriel havia sussurrado urgentemente. "Temos que ir. Agora."

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