




Capítulo 1
ARIA
O amanhecer de Montana me despertou de um sono inquieto. Este não era meu quarto na alcateia Black Forest.
A realidade voltou com força. Nós tínhamos fugido. Este era o território de Moon Shadow. Ontem, eu fui aceita em uma nova alcateia sob um novo Alfa.
"Você não pode mostrar fraqueza," sussurrei para mim mesma. "Não agora."
Levantei-me da cama com determinação. Precisava provar meu valor rapidamente. Eu não era apenas o caso de caridade humana do Gabriel—eu era Aria Silverbrook, treinada por um dos melhores guerreiros da sociedade dos lobisomens.
Amarrei meu cabelo e vesti meu equipamento de treino—couro leve que Gabriel mandou fazer sob medida para meu aniversário de dezesseis anos, modificado para minhas vulnerabilidades humanas, mas permitindo mobilidade.
Na cozinha, Gabriel já estava fazendo o café da manhã. Sem se virar, ele disse, "Você acordou cedo, cervinha."
Meu coração apertou com o apelido familiar. Apesar de tudo que perdemos, Gabriel continuava sendo minha constante. "Não quero perder tempo," respondi, pegando uma maçã da tigela no balcão. "Vou participar do treino matinal."
Dei uma mordida deliberada, evitando a preocupação que sabia que estaria nos olhos dele quando se virasse.
"Tem certeza?" Seus olhos âmbar encontraram os meus, sua testa franzida. "Jace nos deu tempo para nos ajustarmos. Não há pressa."
"É exatamente por isso que devo ir," retruquei, dando de ombros com mais confiança do que sentia. "Vamos ter que enfrentar isso eventualmente. Que seja agora."
Gabriel me deu aquele olhar—aquele que misturava orgulho com preocupação, o que me fazia sentir forte e frágil ao mesmo tempo. "Esta não é a Black Forest, Aria. Você é a única humana, e..."
"E o Alfa deles supostamente descende dos Lobos Primordiais," interrompi, revirando os olhos para disfarçar meu nervosismo. "Eu conheço as histórias. Mas não vou me esconder em um canto só porque sou humana."
Gabriel suspirou, mas eu percebi o sorriso se formando em seus lábios enquanto ele apertava meu ombro. "Tome cuidado. Talvez eu vá verificar como você está mais tarde."
O calor da mão dele permaneceu enquanto eu saía, um pequeno conforto contra as borboletas no meu estômago.
Segui a trilha que Hunter havia indicado ontem, os sons do treino ficando mais altos a cada passo. Meu pulso acelerou. Por que eu estava tão nervosa? Eu tinha treinado com lobisomens minha vida inteira.
Mas você é a forasteira aqui, uma voz sussurrou na minha cabeça.
Afastei o pensamento quando emergi na clareira. Os campos de treinamento eram enormes—pelo menos três vezes o tamanho dos da Black Forest—com terrenos variados e equipamentos que eu nunca tinha visto antes. Os guerreiros se moviam com precisão prática, alguns em forma humana lutando com intensidade feroz, outros como lobos navegando por cursos de obstáculos complexos.
Fiquei congelada na borda, de repente questionando minha decisão. O que eu estava pensando? Esses lobisomens treinavam juntos há anos. Provavelmente ririam da garota humana fingindo ser uma guerreira.
Antes que eu pudesse recuar, uma figura alta se virou para mim. Hunter, o Beta de Jace. Sua expressão mudou de surpresa para curiosidade.
"A garota humana da família Silverbrook," ele disse, seu tom nem amigável nem hostil. "Ansiosa para provar seu valor?"
Endireitei a coluna, encontrando seu olhar diretamente. "Não gosto de ficar ociosa. Gabriel nunca me deixou pular dias de treino em casa."
Hunter assentiu com aprovação. "O rigoroso regime de Gabriel é bem conhecido." Ele olhou ao redor antes de chamar um jovem guerreiro musculoso. "Dominic, treine com nossa novata."
Dominic caminhou até mim, seus olhos cinza-esverdeados me examinando com interesse indisfarçado. Ele zombou. "Sério? Ela nem é um lobo."
Minhas bochechas queimaram, mas mantive a expressão neutra. Já tinha ouvido coisas piores.
"É exatamente por isso que você deve moderar sua força," Hunter o advertiu. "Ela é a filha adotiva de Gabriel Silverbrook."
"Oh," o sorriso de Dominic se alargou em algo que me fez arrepiar. "Não se preocupe, bonitinha. Eu serei gentil com você."
Não pude evitar revirar os olhos. "Não se incomode. Não preciso de tratamento especial."
Enquanto me dirigia a um banco para tirar minha jaqueta, o ar mudou. Um cheiro familiar encheu o campo de treinamento.
Olhei para cima, atraída por um instinto que não conseguia explicar.
E lá estava ele.
O Alpha Jace estava em uma plataforma observando a área de treinamento, sua presença imponente mesmo à distância. Quando seu olhar varreu o campo, de repente se fixou em mim.
Aqueles olhos azul-gelo—como lagos profundos nas montanhas—me prenderam. Meus pulmões pararam de funcionar. Meu coração batia forte no peito.
Por que ele estava me olhando daquele jeito? Por que eu não conseguia desviar o olhar?
Depois do que pareceu uma eternidade, mas provavelmente foram apenas segundos, ele rompeu nossa conexão, virando-se para falar com um guerreiro ao lado dele. Só então percebi que estava segurando a respiração.
"Ei, garota humana," a voz de Dominic me puxou de volta à realidade. "Pronta para sua lição?"
Inalei profundamente, tentando acalmar meu pulso acelerado.
"Meu nome é Aria," corrigi, afastando minha confusão. "Não 'garota humana.'"
O treinamento ajudaria a clarear minha mente. Sempre ajudava.
Dominic claramente me subestimava desde o início—um erro que muitos haviam cometido antes dele. Seus movimentos eram rápidos e poderosos, mas muito diretos, faltando sutileza. Crescendo como humana entre lobisomens, aprendi a usar a força dos meus oponentes contra eles.
Quando seu primeiro soco direto veio, desviei suavemente, usando seu impulso para jogá-lo de costas. A expressão de choque em seu rosto era quase cômica.
Vários guerreiros pararam para assistir, soltando suspiros surpresos. O calor inundou minhas bochechas, mas afastei a autoconsciência. Isso não era sobre exibição—era sobre sobrevivência.
Dominic se levantou rapidamente, irritação brilhando em seus olhos. "Foi sorte."
"Então tente de novo," desafiei, voltando a uma postura defensiva.
Nas próximas rodadas, eu o derrubei repetidamente usando diferentes técnicas. Cada vez, sua frustração ficava mais evidente. Eu podia sentir mais olhos se juntando—incluindo aquele olhar intenso que enviava eletricidade pelas minhas veias.
O Alpha Jace ainda estava assistindo? O pensamento me deixou hiperconsciente de cada movimento, cada respiração.
Depois de várias rodadas, minha garganta estava seca. "Tempo," chamei, virando-me para minha garrafa de água.
No entanto, o que aconteceu a seguir me deixou atordoada por tamanha traição descarada. Um suspiro coletivo surgiu da multidão enquanto sombras convergiam ao meu redor, o perigo se aproximando de onde eu menos esperava.