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Capítulo 9: Ponto de ruptura

"O jogo estava valendo, e eu estava jogando para ganhar."

Foi o que eu disse a mim mesma ao deixar Caspian naquela sala de conferências. Jogo iniciado.

Desta vez, eu não deixaria ninguém me fazer sentir inútil—nem Victoria, nem os Warriors, e especialmente não Caspian Drake. Não importava o quanto meu coração traidor quisesse acreditar na verdade por trás dos olhos dele.

Doze horas depois, a mensagem de Diana Wright chegou como uma bomba: "Palmer está ameaçando retirar todos os negócios. Resolva essa bagunça até de manhã."

Minhas mãos tremiam enquanto eu olhava meu reflexo no espelho do banheiro da Morgan & Wright.

A mulher que me olhava de volta era uma estranha—maquiagem perfeita não conseguia esconder as sombras sob meus olhos, e meu blazer de liquidação da Target de repente parecia uma fantasia infantil neste mundo de ternos poderosos e fundos fiduciários.

Seis anos construindo paredes, provando que eu pertencia aqui, e agora tudo estava ameaçando desmoronar por causa de Caspian Drake. De novo.

Meu celular vibrou—Isolde desta vez. "Amiga, liga na ESPN AGORA."

Eu mal consegui voltar ao meu escritório a tempo de ver Caspian em uma coletiva de imprensa dos Warriors. O quarterback arrogante dos destaques estava desaparecido, substituído por alguém que eu mal reconhecia.

Seu maxilar estava tenso com uma raiva quase incontrolável enquanto ele segurava o pódio.

"Essas alegações sobre meu compromisso com o time são infundadas," ele disse, cada palavra precisa e cuidadosa.

"Eu dei tudo para os Warriors. Mas quando relacionamentos pessoais são usados como alavanca..." Seus olhos desviaram da câmera, e algo sombrio passou por seu rosto. "Algumas coisas não estão à venda."

A transmissão foi cortada abruptamente. Meu coração parou quando vi quem estava parado na minha porta.

"Que performance." O sorriso de Victoria Palmer era só dentes e batom Chanel. Ela parecia exatamente o que era—dinheiro antigo envolto em roupas de grife novas. "Papai não está feliz."

Eu forcei minhas mãos a permanecerem firmes enquanto fechava meu laptop. "Este é um escritório privado."

"Ah, por favor." Ela entrou como se fosse dona do lugar, seus Jimmy Choos provavelmente valendo três meses do meu salário.

O cheiro do perfume dela encheu o pequeno espaço, caro e sufocante. "Vamos pular a pretensão. Você sabe exatamente por que estou aqui."

"Para me ameaçar com o dinheiro do papai?" As palavras saíram mais afiadas do que o pretendido, carregadas com seis anos de raiva enterrada. "Já recebi esse recado da Diana."

Sua risada era como vidro quebrando. "Você realmente não entende, não é? Isso não é sobre dinheiro. Isso é sobre o que me pertence."

"Caspian Drake não pertence a ninguém."

"Não?" Ela puxou seu celular, unhas perfeitamente manicuradas tocando a tela. "O que o conselho de ética pensaria sobre essas?"

Meu estômago revirou enquanto ela passava pelas fotos.

Caspian e eu entrando na Morgan & Wright. Sessões de estratégia tarde da noite na sala de conferências.

Cada imagem perfeitamente enquadrada para sugerir impropriedade, cada uma uma arma carregada apontada para minha carreira.

"Essas fotos não significam nada." Mas minha voz me traiu, saindo fina e incerta.

"Não significam?" Seu sorriso se tornou predatório.

"Assim como aquela noite no ensino médio não significou nada? Ah sim, querida, eu sei tudo sobre sua pequena aventura de formatura. Quinhentos dólares, não foi? Pelo menos naquela época você sabia seu preço."

A dor antiga se misturou com uma raiva fresca, fazendo minha visão ficar turva. Todas as técnicas de gerenciamento de ansiedade que a Dra. Harris me ensinou foram por água abaixo. "Saia."

"É simples, realmente," ela disse, deslizando da minha mesa com uma graça ensaiada.

"Faça-o desistir da disputa contratual, e estas fotos ficam privadas. Deixe-o continuar lutando..." Ela deu de ombros, o gesto elegante e ameaçador.

"Bem, tenho certeza de que os sócios adorariam saber sobre o histórico da associada júnior com os clientes."

Ela parou na porta, seu sorriso quase piedoso.

"Sabe o que é engraçado? Ele realmente acha que te ama. O grande Caspian Drake, suspirando por uma bolsista de caridade. Mas nós dois sabemos como isso termina. Pessoas como ele não acabam com pessoas como você. Elas acabam com pessoas como eu."

A porta se fechou atrás dela, e eu finalmente me permiti tremer. Um suspiro. Dois.

Meus remédios para ansiedade estavam na gaveta da minha mesa, mas eu não podia arriscar a cabeça confusa que eles me davam. Não agora.

Meu telefone tocou—o nome de Caspian iluminando a tela. Eu quase não atendi, mas a advogada em mim sabia que eu tinha que atender.

"Vão divulgar as fotos," eu disse antes que ele pudesse falar.

"Eu sei." Sua voz estava rouca, como se ele estivesse discutindo há horas.

O timbre familiar enviou um calor indesejado por todo o meu corpo. "Palmer acabou de mostrar as fotos ao dono do time. Sage, sinto muito. Eu nunca quis te arrastar para essa bagunça."

"É meu trabalho." Mas nós dois sabíamos que isso era uma mentira. Nada disso jamais foi apenas negócios.

A eletricidade que havia surgido entre nós seis anos atrás no escritório dele ainda estava lá, enterrada sob camadas de mágoa e desconfiança.

"Não, não é. Isso é pessoal. Eles estão usando nosso passado para controlar nós dois." Ele fez uma pausa, e eu pude ouvir o peso do que ele não estava dizendo.

Algo bruto e inacabado crepitava entre nós, mesmo através do telefone. "Vou retirar a disputa do contrato. Deixar os Warriors. Encontrar outro time."

"Você não pode." Minha voz me traiu com sua intensidade.

"Não posso deixar que destruam sua carreira por causa disso." A ferocidade em sua voz fez meu coração disparar de um jeito que eu me recusava a reconhecer. "Não depois de tudo que já tirei de você."

"E eu não posso deixar você jogar fora tudo o que construiu." As palavras saíram antes que eu pudesse detê-las, cruas com emoções que eu achava ter enterrado anos atrás.

Meus dedos se apertaram ao redor do telefone até meus nós dos dedos ficarem brancos. "Não por mim. Não de novo."

O silêncio se estendeu entre nós, pesado com seis anos de verdades não ditas e perguntas sem resposta. Eu quase podia sentir sua respiração na minha pele, apesar dos quilômetros que nos separavam.

"Encontre-me," ele finalmente disse, sua voz caindo para aquele tom íntimo que ainda assombrava meus sonhos.

"Não como seu cliente. Apenas... por favor. Há coisas que você precisa saber. Sobre aquela noite. Sobre tudo."

Eu deveria ter dito não. Deveria ter mantido os limites profissionais. Deveria ter lembrado como foi ter meu coração despedaçado ao confiar nele.

Mas talvez esse fosse o problema—eu me lembrava de tudo. Cada toque, cada sussurro, cada momento em que sua pele esteve contra a minha. Cada promessa que acabou sendo uma mentira. Ou talvez nem todas fossem mentiras, e talvez isso fosse pior.

"Le Blanc," ouvi-me dizer, o coração batendo tão forte que mal conseguia ouvir minha própria voz. "Uma hora."

Desliguei antes que ele pudesse responder, antes que eu mudasse de ideia.

Meus dedos tremiam enquanto eu colocava o telefone de lado.

A memória de suas mãos no meu corpo seis anos atrás queimava em mim como um toque físico.

Victoria Palmer achava que podia me ameaçar com feridas antigas e escândalos.

Mas ela havia esquecido algo importante—a garota que valia quinhentos dólares não existia mais. Em seu lugar estava alguém que havia aprendido a lutar de volta.

Meu telefone vibrou uma última vez enquanto eu juntava minhas coisas. Uma mensagem de um número desconhecido fez meu sangue gelar.

Encontrando o quarterback? Estarei de olho, garotinha. Robert sente falta de sua enteada favorita.

Eu olhei para a tela, terror e raiva lutando pelo controle.

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