




Capítulo 8: O preço da confiança
"Te encontrei." As palavras daquela mensagem de texto ainda queimavam na minha mente enquanto eu entrava na sala de conferências.
Passei a última hora trancada no banheiro, tentando controlar minha respiração, lavando qualquer vestígio de lágrimas.
A ameaça de Robert não podia importar agora.
Eu tinha problemas maiores sentados do outro lado da mesa de conferências polida.
Caspian levantou o olhar quando eu entrei, preocupação iluminando seu rosto. "Você está bem? Quando você saiu mais cedo—"
"Estou bem." Eu o interrompi, jogando minha pasta na mesa com mais força do que o necessário. "Vamos focar na sua situação contratual."
"Sage, se algo está errado—"
"O que está errado é a sua carreira pendurada por um fio." Eu o encarei, deixando ele ver nada além de profissionalismo frio.
"Então, a menos que você queira discutir por que o pai da Victoria Palmer acabou de ligar para o meu chefe para me ameaçar, sugiro que nos concentremos nos negócios."
Sua mandíbula se apertou, aquele músculo familiar saltando como antes dos grandes jogos no colegial. "Eles estão tentando te intimidar."
"Sem dúvida." Minha risada saiu afiada como vidro quebrado.
"Sabe," sua voz ainda tinha aquela qualidade profunda e quente que fazia minha pele formigar, "eu especificamente pedi você como minha advogada."
Continuei organizando os papéis, grata pela desculpa para não olhar para ele. "Foi antes ou depois de você usar meu nome na sua pequena jogada de PR?"
"Aquela coletiva de imprensa não foi uma jogada, Sage." Ele se inclinou para frente, seu terno sob medida esticando nos ombros que só tinham ficado mais largos desde o colegial.
"Tudo o que eu disse era verdade. Eu me arrependi daquela aposta estúpida todos os dias nos últimos seis anos."
"Me poupe." Eu embaralhei as páginas do contrato com mais força do que o necessário.
"Quinhentos dólares compraram uma bela história, não é? O quarterback estrela e a nerd - aposto que seus colegas de time ainda riem disso."
"Não foi assim!" Seu punho bateu na mesa, me fazendo pular. "Você nunca soube toda a verdade."
"Verdade?" Finalmente o encarei, deixando ele ver seis anos de raiva.
"A verdade é que eu ouvi você rindo com seus amigos sobre como tinha sido fácil. Como a nerd valedictoriana realmente acreditou que alguém como você poderia querer alguém como eu."
"Isso não é—" Ele se levantou, dando um passo na minha direção.
O cheiro do seu perfume - caro, mas sutil, exatamente como no colegial - fez minha cabeça girar com memórias indesejadas.
"Eu ouvi cada palavra, Caspian. Cada piada. Cada risada."
Minha voz falhou apesar dos meus melhores esforços. "Você sabe o que isso fez comigo? Ouvir a primeira pessoa em quem eu confiei falando de mim como se eu fosse nada mais que uma aposta?"
Seu rosto se contorceu com algo que parecia dor genuína. "Eu estava tentando te contar naquela noite. A aposta... começou assim, mas as coisas mudaram. Você me mudou."
"Mudou você?" Eu não consegui segurar a risada amarga que escapou. "Em quê? Um ator melhor?"
"Em alguém que finalmente viu além do jogo, além do uniforme." Ele se aproximou, e desta vez eu estava muito zangada para recuar.
"Você foi a única pessoa que realmente me viu, Sage. Não o quarterback, não o capitão do time. Apenas eu."
"E olha como isso terminou bem." Virei-me de volta para os contratos, precisando de algo sólido para me concentrar. "Mas, pelo menos, você conseguiu o que pagou."
"Eu nunca peguei aquele dinheiro." Suas palavras me atingiram como um golpe físico. "Eu não podia. Não depois..."
"Não depois do quê?" Girei para encará-lo. "Depois que você percebeu que poderia precisar de um advogado algum dia? É por isso que você está aqui, tentando me manipular de novo?"
"Estou aqui porque os Warriors estão tentando destruir minha carreira, e você é a única pessoa em quem confio para me ajudar."
Ele passou a mão pelo cabelo, um gesto tão familiar que fez meu peito doer. "Essas fotos com a Victoria - não são o que parecem."
"Deixe-me adivinhar." Forcei minha voz a permanecer profissional. "Ela é quem está te perseguindo? A filha preciosa do dono do time simplesmente não aceita um não como resposta?"
"Ela aparece em todos os lugares que eu vou. Nos clubes, nos restaurantes, nos eventos de caridade." Seu maxilar se apertou. "O pai dela está usando ela para me controlar. Se eu não colaborar..."
"Vão usar a cláusula de moralidade para anular seu contrato." Folheei os documentos, minha mente jurídica já catalogando ângulos de ataque.
"As fotos fazem você parecer um playboy mais interessado em festas do que em jogar. Uma responsabilidade cara."
"Eu preciso da sua ajuda, Sage." A vulnerabilidade em sua voz me fez olhar para cima. "Não apenas como advogada. Como alguém que me conhece. O verdadeiro eu."
"Esse é o problema." Encarei seu olhar firmemente. "Achei que te conhecia uma vez. Isso me custou tudo em que eu acreditava."
"Deixe-me provar que você pode confiar em mim de novo." Ele deu um passo mais perto, perto o suficiente para que eu pudesse ver os pontinhos dourados em seus olhos verdes. "Me dê uma chance de fazer as coisas certas."
"Isso não é sobre fazer as coisas certas." Juntei meus papéis, precisando escapar antes que minhas paredes desabassem completamente.
"Isto é negócio. Vou te ajudar a lutar contra os Warriors porque é meu trabalho. Mas qualquer coisa pessoal entre nós morreu naquela noite de formatura."
"Morreu?" Sua mão segurou a minha enquanto eu tentava sair.
O toque enviou eletricidade subindo pelo meu braço. "Porque toda vez que você olha para mim, vejo o mesmo fogo nos seus olhos. A mesma paixão que me fez apaixonar—"
"Não." Me afastei como se seu toque queimasse.
Porque queimava - queimava através de todas as defesas que eu havia construído. "Não vamos fazer isso. Sou sua advogada. Só isso."
"Por enquanto." A intensidade em seus olhos fez meu fôlego parar. "Mas nós dois sabemos que isso é maior do que uma disputa contratual, Sage. Algumas coisas não podem ficar enterradas para sempre."
Saí com passos firmes, meus saltos batendo contra o mármore como uma armadura. Seis anos atrás, eu havia fugido dele em lágrimas. Agora estava indo embora pelos meus próprios termos.
Quando as portas do elevador se fecharam, meu telefone vibrou com uma mensagem de Diana: "O pai da Victoria Palmer acabou de ligar. Disse que talvez devêssemos reconsiderar pegar o caso do Drake. As coisas estão prestes a ficar interessantes, Srta. Winters. Não me decepcione."
Sério? O jogo já vai começar?