Read with BonusRead with Bonus

Capítulo 3: Três dias para revidar

A voz de Diana Wright cortou o ar da manhã como uma lâmina de aço. "Deixe-me ser clara. Morgan & Wright só pode manter um associado júnior."

Meu pulso acelerou, mas mantive meu rosto impassível.

Ao meu lado, Olivia Sterling estava esparramada na cadeira como se tivesse nascido para ocupar escritórios de canto, seu terno Chanel valendo três meses do meu salário. A pulseira de diamantes em seu pulso refletia a luz do sol, um lembrete de exatamente quem era seu pai.

"As regras são simples," os olhos de Diana nos varreram como um juiz avaliando réus. "Vocês têm três dias para trazer portfólios de clientes viáveis. O melhor fica com a vaga. O outro..." Ela não precisava terminar a frase.

"Senhora Wright—" comecei, mas ela me interrompeu com um gesto brusco.

"Isso não está em discussão, Sage. Ser advogado não é apenas conhecer a lei." Seu olhar demorou-se nos meus sapatos gastos. "É sobre conexões. Os círculos sociais certos. Fazer com que clientes de alto patrimônio se sintam... confortáveis."

A mensagem era clara: Pessoas como Olivia pertenciam ali. Pessoas como eu, não.

"Pronta para desistir?" A voz de Olivia pingava veneno enquanto saíamos do escritório de Diana. Seus Louboutins batiam contra o chão de mármore como munição.

"Nos seus sonhos." Seis anos lidando com Robert me ensinaram a nunca mostrar fraqueza.

Ela agarrou meu braço, unhas bem feitas cravando-se na minha pele.

"Encare a realidade, Winters. A firma de investimentos do meu pai lida com mais dinheiro do que você verá em dez vidas. Quem você vai trazer? Os bêbados daquele restaurante patético onde você trabalha à noite?"

Puxei meu braço, a raiva queimando na minha garganta. "Pelo menos eu ganhei meu lugar aqui. Quantos favores seu pai teve que pedir para você entrar em Yale?"

"Chegar à frente é sobre ser esperto, não nobre." Seu sorriso era só dentes.

"Isso não é um conto de fadas onde o trabalho duro vence o privilégio. Olhe para você."

Os olhos dela percorreram meu blazer da Target e meus sapatos colados com supercola. "Você mal consegue se vestir para o papel. Como espera que os clientes confiem em você com contratos de milhões de dólares?"

"Já terminou?" Mantive minha voz plana, sem emoção, do jeito que aprendi a falar com Robert quando ele ficava maldoso. "Porque, ao contrário de algumas pessoas, eu realmente tenho trabalho a fazer."

"Só estou tentando ajudar. Você não pertence aqui, Winters. Quanto mais cedo aceitar isso, menos vai doer."

Observei-a se afastar, minhas unhas cravando meia-luas nas minhas palmas. Suas palavras doíam porque ecoavam meus próprios medos noturnos.

Às quatro da tarde, a realidade esmagava minha determinação. Quarenta e sete ligações frias. Vinte e três e-mails. Nenhuma resposta positiva. Minha "lista de clientes potenciais" parecia mais um registro de rejeição.

Meu telefone vibrou. Por um segundo desesperado, esperei que fosse um cliente. Em vez disso, a voz de Isolde soou pelo alto-falante, carregada de lágrimas. "Blake acabou de terminar comigo."

Fechei os olhos. Mas é claro. "O que aconteceu?"

"Ele disse que precisa 'se concentrar no futebol americano' agora. Que não pode ter 'distrações' durante a temporada."

"Que babaca." Olhei para minha deprimente lista de clientes. Mais uma noite de networking não mudaria nada. "Quer companhia?"

"Será que eu... posso ir até aí?"

"Já estou pedindo pizza. E vinho. Muito vinho."


Duas horas depois, estávamos esparramadas no meu sofá de segunda mão, cercadas por caixas de pizza vazias e garrafas de vinho. A tequila queimava ao descer, mas não era nada comparado ao ácido corroendo meu estômago desde o ultimato da Diana.

"Ele realmente disse que eu era uma 'distração'", Isolde esfaqueou sua pizza com raiva. "Como se eu fosse uma líder de torcida que ele pegou em um jogo. Sou uma repórter esportiva, pelo amor de Deus!"

"Homens são um lixo." Eu nos servi mais uma dose. A sala girava agradavelmente, amortecendo minha ansiedade. "Pelo menos o seu não fingiu um relacionamento inteiro por uma aposta."

A cabeça dela se levantou de repente. "O quê?"

Droga. Não era para eu ter dito isso.

"Sage." Ela se sentou mais ereta, seus instintos de repórter ativados apesar do estado de embriaguez. "Do que você está falando?"

"Nada. História antiga." Estendi a mão para pegar a pizza, mas ela segurou meu pulso.

"Isso é sobre o Caspian Drake, não é? É por isso que você fica estranha sempre que mencionam ele. O que ele fez?"

"Deixa pra lá, Izzy."

"Mas ele parece tão... genuíno. Não como esses outros idiotas."

Eu ri, o som amargo como a tequila. "É, eu também pensei isso."

"Me conta."

"Não importa mais." Mas o álcool havia soltado minha língua. "Foi no ensino médio. Antes de ele ser famoso. E eu fui burra o suficiente para pensar..."

Tomei mais uma dose, deixando a queimação afastar a lembrança de suas mãos, seus lábios, a maneira como ele me fez sentir especial até eu ouvi-lo rindo sobre isso com os amigos.

"Meu Deus. É por isso que ele está no topo da sua lista de ódio."

"Podemos falar de outra coisa? Tipo como vamos fazer você superar o idiota do Blake Mitchell."

"Na verdade..." Um brilho entrou nos olhos dela que me deixou nervosa.

"Tenho a distração perfeita. Minha empresa tem um camarote de luxo no estádio para os jogos em casa."

Meu sangue gelou. "Não."

"Sim!" Ela agarrou minhas mãos, de repente animada. "Vamos nos arrumar, beber champanhe caro—"

"Eu não posso. Tenho uma coisa de trabalho—"

"Isso não vai atrapalhar seu trabalho." Seus olhos se estreitaram. "A menos que... haja outro motivo para você não querer ir?"

Eu podia sentir minha determinação desmoronando. A tequila havia amolecido minhas defesas, e os olhos de cachorrinho da Isolde eram difíceis de resistir mesmo sóbria.

Meu celular tocou com um alerta de notícias: "Isso vem na esteira das alegações de que o astro do Warriors, o quarterback Caspian Drake, está buscando nova representação legal em uma disputa contratual com a administração, agora confirmada..."

Olhei para a tela enquanto aquele pensamento perigoso da noite passada ressurgiu na minha mente embriagada.

Talvez encontrá-lo em seu habitat natural não fosse apenas tortura, mas uma avaliação de um potencial cliente. Que melhor vingança do que ser a única pessoa de quem ele não pode viver sem?

"Tá bom," ouvi minha própria voz dizer quando encontrei o olhar surpreso da Isolde. "Mas eu não vou usar uniforme do time."

O grito de alegria dela quase abafou a voz de advertência na minha cabeça: isso era brincar com fogo. Quase.

Previous ChapterNext Chapter