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Capítulo 4

KASMINE.

Decidi preparar o café da manhã para nós. Era um fim de semana, e Kester disse que ficaria em casa o dia todo. Achei prudente preparar sua refeição favorita.

"O café da manhã está servido," disse com um sorriso quando ele desceu as escadas.

Ele estava vestido de maneira casual, como eu não o via há muito tempo. Sempre que visitava a casa, ele estava formalmente vestido, como esperado, sendo o Alfa.

Vê-lo em suas calças de moletom cinza e regata preta me fez lembrar dos dias em que ainda morava conosco em casa.

Ele estava lindo, tenho que admitir.

Seu cabelo curto e preto estava bem penteado, com apenas alguns fios soltos caindo logo acima das sobrancelhas.

Seu pomo de adão, digno de ser beijado, subia e descia quando seus lábios rosados se curvavam em um pequeno sorriso.

"Minha," ele chamou, e eu não pude evitar o calor que se espalhou por minhas bochechas da maneira como ele me chamava – tão intencional, tão pessoal.

"Você sabe que vai ter que parar de me chamar assim em breve, né?" provoquei, sabendo que ele odiava ouvir isso.

Uma pequena carranca apareceu em seu rosto, mas desapareceu instantaneamente, substituída por um resmungo, "Por quê?" ele perguntou, sentando-se.

"Você vai se casar em breve. Como você acha que a June se sentiria se você me chamasse assim?" Servi nossa refeição e me sentei para comer, mas notei que sua expressão tinha ficado azeda. "Está tudo bem?" perguntei.

Ele se recostou na cadeira, brincando lentamente com o garfo na mão enquanto olhava para o nada. Seu aperto no garfo se intensificou, e isso me deixou... Preocupada.

"Kes?" chamei cautelosamente, me perguntando se minhas brincadeiras tinham ido longe demais.

Kes sempre teve um histórico de raiva. Ele sempre teve um pequeno problema de temperamento, mas papai o ajudou a resolver isso com a ajuda de terapia e apoio.

Mas isso não significava que a possibilidade de ele explodir a qualquer momento deveria ser descartada.

"Kes?" chamei um pouco mais firme desta vez, e ele lentamente desviou o olhar para mim, "O que está errado?" Meu coração já estava acelerado. Ele me assustou.

"Nada, Minha. Vamos comer." Ele disse tão calmamente que me assustou. Sua expressão voltou ao normal, como se tudo estivesse bem.

Fiquei tentada a insistir em saber o que tinha acabado de acontecer, mas pelo bem da paz e da minha sanidade, fiquei quieta, e comemos o resto da refeição em silêncio.

Toda vez que eu tentava confiar nele novamente, ele simplesmente... Perdia o controle e... E me assustava.

Agora, sentada na sala de estar assistindo a um filme com ele, me sentia um pouco desconfortável. Ele não me deixou voltar para o meu quarto após o café da manhã. Insistiu que assistíssemos a um filme que ele estava ansioso para ver juntos.

O filme me envolveu apenas parcialmente, enquanto meus pensamentos giravam em torno do homem sentado ao meu lado.

Relutantemente, me recostei e assisti com ele enquanto ele colocava minhas pernas sobre suas coxas, acariciando e massageando-as – algo que costumava parecer normal para mim antigamente... Mas não mais. Eu estava desconfortável pra caramba.

Ele estava tão absorto no filme que parecia ter esquecido que eu estava sentada bem ao lado dele. Às vezes, me pergunto o que se passa em sua mente. Ele sempre parecia tão distante e profundo em pensamentos.

Me mexi levemente no sofá, minhas pernas ainda sobre suas coxas enquanto ele massageava minhas panturrilhas com movimentos firmes e intencionais. Eu queria estar em qualquer lugar, menos ali, presa nessa tensão fervente. Além disso, já eram 11:00 da manhã. Eu tinha prometido ligar para Jake e já estava na hora. Ele estaria esperando minha ligação.

Pobre Jake.

Consegui falar com ele na noite passada, e conversamos bastante. Não podia negar os sentimentos que já estavam florescendo entre nós. Aquecia meu coração.

Jake era um ótimo cara. Ele era tudo que eu precisava em um homem. Eu aguardava ansiosamente o dia em que ele oficialmente me pediria para ser sua namorada. Não hesitaria em dizer sim.

Minha atenção voltou para a tela da TV quando a cena mudou — um casal envolvido em um beijo lento e apaixonado. Eles estavam em um quarto mal iluminado, e eu tinha certeza do que aconteceria a seguir na cena.

Minha respiração ficou presa na garganta, e todos os pensamentos doces sobre Jake pararam abruptamente, empurrados para um canto pelo calor que inundava minhas bochechas. Arrisquei um olhar para Kester, esperando que ele não estivesse prestando atenção. Mas ele estava.

Na verdade, o tipo de atenção que ele dava à cena fez meu coração disparar.

De repente, parecia que estávamos invadindo algo que não deveríamos.

Ele assistia como se o homem na tela não fosse apenas um ator — mas ele mesmo.

Ele assistia como se fossem suas mãos despindo a mulher, sua boca reivindicando a garganta dela.

Como se a cena tivesse deixado de ser ficção e se transformado em algo muito mais íntimo.

Como se ele não estivesse apenas vendo o que estava acontecendo, mas sentindo.

Como se a cama naquele quarto escuro fosse, de repente, nosso sofá.

E o calor entre eles... fosse nosso.

E por um segundo assustador e ardente...

Parecia que éramos nós na tela.

Minha pele se arrepiou com o pensamento aterrorizante de que talvez, só talvez... ele estivesse imaginando algo que não deveria.

E esse pensamento sozinho fez meu estômago se revirar de um jeito que eu não sabia nomear.

A mulher tremia enquanto o homem tirava seu vestido, levantando-a do chão com seus braços musculosos e indo em direção à cama.

Engoli em seco.

Não. Eu não podia assistir a tal cena com meu irmão mais velho.

Desviei o olhar rapidamente, minha garganta seca, e tentei tirar minhas pernas do colo dele. Eu precisava de espaço. Distância. Oxigênio. Qualquer coisa, menos isso.

Mas sua mão apertou firmemente meu tornozelo, me mantendo no lugar.

"Relaxa," ele murmurou, seu olhar deslizando para mim com uma calma assustadora, sua voz quase suave, mas com algo realmente sombrio. "É só um filme, Mine."

Aquele nome de novo.

A maneira como ele disse dessa vez foi suficiente para me arrepiar. Parecia posse. Como calor lambendo a parte de trás do meu pescoço, envolvendo minhas costelas e apertando forte.

Ri nervosamente, minha voz falhando levemente. "Eu sei. É só que... uhm... Eu preciso usar o banheiro." Menti, mas ele apenas sorriu.

"Mentiras." Ele disse simplesmente.

Seus olhos verde-escuridão tinham escurecido — mais sombra do que cor agora, e a tensão em seu rosto não era mais sutil. Parecia que ele estava segurando algo.

Seus dedos retomaram seus movimentos lentos, desenhando círculos na pele nua da minha panturrilha. Seu toque era leve como uma pluma e quase inocente — mas a cada acariciar, meu estômago se revirava ainda mais. "Você está muito tensa," ele murmurou, seu olhar quase perfurando meu rosto. "Você deveria aprender a se soltar."

O calor no meu rosto se espalhou para o resto do meu corpo. Fiquei olhando fixamente para a mesa de centro, recusando-me a encontrar seus olhos. A cena na tela ficou mais íntima. Os gemidos eram mais altos agora, com sons de respiração ofegante, gemidos abafados e gemidos extasiados enchendo a sala. A mulher gritou com tanto abandono que me fez me contorcer.

Não... Eu não podia.

Era tudo demais.

Tentei me mexer novamente, determinada a tirar minhas pernas de seu aperto, mas em minha afobação nervosa, o calcanhar do meu pé roçou em algo duro por baixo de sua cueca.

Eu congelei.

O quê...?

Meu coração disparou no peito quando a realização me atingiu. A maneira como seu corpo ficou rígido imediatamente me disse tudo o que eu precisava saber.

Ele estava excitado.

Meu olhar subiu imediatamente, e olhei para ele em choque, meus olhos travando nos dele, cheios de luxúria e indecifráveis. Seus olhos não eram apenas indecifráveis. Eles pressionavam. Eles queimavam. Quentes, profundos, arrastando-se sobre mim como uma mão que não precisava tocar para possuir. Eu me sentia despida sob eles — como se ele visse através da minha alma.

"Kasmine..." Ele rosnou, seus olhos mudando para um tom cegante de vermelho.

Era seu lobo.

Aquele olhar indecifrável se foi. Agora, seus olhos me devoravam. Eles me despiram.

"Oh meu Deus—Kester!" Gritei, puxando minhas pernas, levantando-me tão rápido que quase caí, correndo escada acima como se minha vida dependesse disso.

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