




Capítulo 9
POV de Xena
Meu pai entrou, sua figura alta preenchendo a porta, e a atmosfera na loja mudou instantaneamente. Tanto Ryder quanto William se endireitaram, William levantando-se imediatamente enquanto Ryder cuidadosamente colocava a lata de tinta que estava segurando, preparando-se para se levantar.
Papai ficou ali, sem expressão, observando-os com aquele olhar imponente. William e Ryder apressadamente estenderam as mãos. Papai lentamente estendeu a mão, apertando a de Ryder primeiro.
A postura de Ryder imediatamente se tornou respeitosa. "Ryder Nash, filho do Alpha Benedict. Prazer em conhecê-lo, Alpha Hank."
Então papai apertou a mão de William. "William Millier, futuro Beta de Ryder."
Papai acenou com a mão. "Relaxe, rapazes. Só estou aqui para ver minha filha." Ele se aproximou para inspecionar meu trabalho, acenando com aprovação enquanto examinava a Harley. "Bom trabalho."
"Quanto tempo mais você vai trabalhar hoje à noite?" ele perguntou, virando-se para mim.
Dei de ombros, limpando as mãos em um pano. "Não sei. Terminei a camada base e a cor principal. Só preciso aplicar a camada de verniz."
"Bom. Trouxe o seu jantar." Papai colocou uma sacola na minha mesa.
"Obrigada," respondi, voltando a me concentrar no meu trabalho. O cheiro de hambúrgueres saía da sacola, fazendo meu estômago roncar. Eu não tinha percebido o quanto estava com fome.
"Não precisa ir ao meu escritório mais tarde," ele acrescentou. Olhei para cima, surpresa. Sério? Sem punição?
Papai voltou sua atenção para Ryder e William. "Não preciso dizer a vocês para serem respeitosos."
"Sim, senhor," William respondeu prontamente.
Papai fez um aceno curto e saiu sem dizer mais nada.
Soltei o ar que estava prendendo, aliviada por ter escapado da punição. Papai deve saber sobre o incidente com a Luna Martha, mas ele não iria fazer um caso disso. Talvez ele tenha percebido que ela começou, ou talvez ele apenas não quisesse lidar com mais drama por causa de uma briga menor. De qualquer forma, me senti mais leve.
William pigarreou. "Se importa se eu pedir uma pizza para entregar aqui?"
"Claro," assenti, apontando para os cartões de visita perto do caixa. "O endereço está no meu cartão, mas vá lá fora para ligar. O sinal é péssimo aqui dentro."
William pegou um cartão e foi para fora. No momento em que a porta se fechou atrás dele, Ryder se virou para mim. Ele estendeu a mão, seus dedos tocando suavemente meu lábio rachado. O contato inesperado me assustou, enviando uma sensação de formigamento pelo meu corpo. Seus olhos verdes me estudavam intensamente.
"Quem te bateu?" ele perguntou, sua voz baixa.
Afastei-me um pouco, não querendo revelar meu drama familiar. "Nada com que você precise se preocupar."
"Ouvi rumores," Ryder disse cautelosamente. "As pessoas dizem que seu pai te bate."
Minha mandíbula caiu. "O quê? Não!" Eu estava genuinamente chocada. "Meu pai NUNCA me bateu assim. Nunca." Eu disse isso com tanta convicção que Ryder pareceu acreditar em mim.
"Sua mãe, então?" ele insistiu.
"Ela não é minha mãe," corrigi. "Minha mãe de verdade morreu quando eu era pequena."
Preocupação passou pelo rosto dele. "Você precisa de ajuda?"
Ri sem humor. "Estou bem. Meu irmão e os amigos dele são proteção suficiente."
Ao mencionar Logan e os outros, o olhar intenso de Ryder finalmente se desviou. Ele se levantou e foi até o armário onde eu guardava os suprimentos, pegando um pacote fechado de lixa. "Você está com Samuel?" ele perguntou de repente, seu tom sério.
A pergunta direta me pegou de surpresa, mas um pequeno arrepio percorreu meu corpo. Decidi não dar uma resposta direta, querendo ver onde isso ia dar. "Como eu disse, não... mas não sei por que você se importa."
Ele sorriu, e aquele sorriso fez algo dentro de mim. Ele respondeu casualmente, "Só não quero pisar no território de ninguém." Ele abriu a caixa de lixa e me entregou uma folha.
Peguei naturalmente, então retruquei, "A Helen é sua namorada?"
Ele fez uma careta. "Ela quer ser. Eu não."
Ryder sentou-se ao meu lado novamente, seu braço roçando o meu. Revirei os olhos. "Você parece deixar as garotas pairando ao seu redor. Qual é o seu problema? Um sabor diferente a cada semana?"
Seus olhos verdes fixaram-se em mim, sua expressão indecifrável. "Na verdade, sou muito seletivo sobre quem eu namoro."
"Quantos anos você tem?" perguntei, mudando de assunto.
"Acabei de fazer dezoito no mês passado," ele respondeu.
"Já encontrou sua alma gêmea?" perguntei, tentando soar casual.
"Não," ele disse. "Ainda estou procurando."
Levantei uma sobrancelha, cética. "Você está mesmo procurando? Parece ocupado com o treinamento."
"Esse treinamento é só por uma semana," ele explicou. "Depois disso, estou em casa para sempre."
A porta fez um barulho quando William voltou. "Pedi a pizza. Sobre o que vocês estavam falando?"
Algo pareceu ocorrer a Ryder. "Quando é seu aniversário de dezoito anos?" ele me perguntou.
"Na próxima sexta-feira, na verdade," respondi, concentrando-me no meu trabalho.
"Feliz aniversário adiantado," ele disse com um sorriso.
"Obrigada. Ainda estou decidindo como vou comemorar," admiti.
Nesse momento, Ama entrou pela porta, segurando o vestido rosa mais revelador que eu já tinha visto. "Olha o que eu comprei pra você!" ela anunciou dramaticamente.
Ryder se virou para olhar e começou a rir. Os olhos de William quase saltaram da cabeça.
"De jeito nenhum," eu disse firmemente, encarando-a.
Ama sorriu. "Brincadeira! Esse é meu." Ela puxou um vestido preto com um decote profundo e recortes laterais. "Esse é o seu."
Assenti, aprovando o vestido preto. "Esse eu posso usar."
"Onde vocês vão usar esses vestidos?" William perguntou, levantando as sobrancelhas.
"Balada," Ama respondeu com um sorriso travesso.
"Acho que vou hoje à noite, afinal," decidi de repente.
Ama parecia surpresa. "Sério? Foi fácil."
Dei de ombros. "Sem castigo, então estou livre."
"Castigo?" William perguntou, confuso. "Por quê?"
Ama começou a dizer, "Por ter batido na Luna—" antes que eu lançasse um olhar de advertência.
Os olhos de William se arregalaram. "Você bateu nela? De verdade?"
"Ela me bateu primeiro," me defendi.
Ama colocou as roupas no sofá e foi para o banheiro. O telefone de William tocou de novo, e ele xingou o sinal ruim, saindo mais uma vez para atender a ligação.
De repente, Ryder colocou a mão no meu joelho, dando um aperto suave. Seu polegar traçou pequenos círculos na minha coxa. O contato enviou uma corrente elétrica por todo o meu corpo. Não o impedi, mas, sentindo-me um pouco desafiadora, tirei a luva da mão direita e coloquei-a ousadamente no peito dele.
Sua surpresa foi evidente, mas seu sorriso se alargou. O peito dele era mais firme do que eu esperava. Ele não era musculoso, mas eu podia sentir o músculo magro sob meus dedos, com pouca gordura corporal. Depois de alguns segundos, retirei minha mão, sabendo que seria estranho se William ou Ama nos pegassem.
"A pizza chegou!" William anunciou em voz alta ao voltar, carregando as caixas. Ele as colocou na mesa e olhou para a porta do banheiro com uma expressão estranha.
"O que foi?" Ryder e eu perguntamos quase simultaneamente.
William franziu a testa, abaixando a voz. "Quantos anos tem a Ama?"
"Ela vai fazer dezoito em poucas horas," respondi.
Ele não respondeu, parecendo perdido em pensamentos até que Ryder deu uma cotovelada em seu braço. "Cara?"
Ele voltou à realidade, dizendo cuidadosamente, "Acho que ela é minha alma gêmea."
Ryder e eu trocamos olhares chocados.
"Por que você acha isso?" perguntei.
"Apenas um sentimento que tenho," ele respondeu, depois olhou para Ryder. "Cara, acho que vamos sair hoje à noite."
Ama saiu do banheiro, alegremente anunciando que tinha trazido maquiagem para que não precisássemos voltar à casa da alcateia para nos arrumar.
"Você avisou o Logan?" perguntei.
"Sim! Ele disse que nos encontrará lá. Não dá para andar de moto com esses vestidos," ela respondeu.
"Você trouxe meus sapatos?" perguntei.
"Trouxe tudo, querida," ela respondeu animadamente.
Alcancei meu pai através do meu vínculo mental para informá-lo sobre nossos planos. Pai, vamos sair hoje à noite.
Fique perto do Logan e tome cuidado, ele respondeu.
Obrigada, pai, respondi antes de cortar a conexão mental. Conseguir a permissão dele melhorou meu humor consideravelmente.
Virei-me para Ryder, minha voz mais alegre do que antes. "A camada de verniz está pronta. Agora só precisamos remover a fita de mascaramento e retocar os pontos desiguais."
"Deixe-me ajudar você," ele ofereceu, colocando as luvas e olhando nos meus olhos com um sorriso que fez meu coração disparar.