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A ameaça de Dorian

"Eu, Elowen Thorne, aceito sua rejeição."

As palavras saíram da minha boca com uma firmeza inesperada. Dorian congelou, seus punhos manchados de sangue ainda cerrados, olhos se estreitando em descrença. Eu o surpreendi. Bom.

"O quê?" Dei uma risada vazia. "Você esperava que eu implorasse? Que chorasse e suplicasse para você reconsiderar?"

Ele se recuperou rapidamente, seu tom gelado e distante. "A maioria faria isso."

"Então eu não sou a maioria." Olhei diretamente nos olhos dele, recusando-me a murchar sob seu olhar. "Me expulse deste bando; não vejo mais utilidade em permanecer em um lugar onde sou apenas seu segredo sujo."

Dorian se aproximou, sua voz se tornando sedosa. "Ah não, Elowen. Eu quero você aqui, ao meu lado."

"Selene assumiu essa função." Afastei-me, amargura escorrendo de cada palavra. "Ou você esqueceu enquanto estava ocupado me espancando?"

Ele estendeu a mão, traçando um dedo ao longo do meu rosto machucado. "Eu quero que você seja algo bem diferente. Algo mais... divertido."

Afastei a mão dele com um tapa. "Não serei mais seu brinquedo. Prefiro morrer a deixar você me tocar novamente."

Sua mão disparou, agarrando meu pulso com força dolorosa. "Outras lobas matariam para estar em seu lugar—agradecidas por serem minha prostituta se eu exigisse," ele sibilou. "E você ousa me rejeitar? Depois que eu a elevei do nada, depois que eu a abençoei com a chance de carregar meu filho?"

Me soltei, minha pele queimando onde ele me tocou. "Abençoou-me com a chance? Você matou meu filho! Você destruiu a única coisa pura que eu tinha neste mundo! Eu deixaria este bando quer você queira ou não."

Sua boca formou um sorriso gradual. "Deixar? Isso não seria uma coisa muito agradável de fazer, considerando que sua mãe não pode ir com você."

A cor drenou do meu rosto. "Não... Deixe minha mãe fora disso. Isso é entre você e eu."

Dorian me circulou como se eu fosse uma presa. "Não, Elowen. Não há mais nada apenas entre você e eu. Fique, e ela permanecerá em sua posição atual—miserável como é. Saia, e eu farei da vida dela um inferno. Vou fazer ela esfregar pisos até seus dedos sangrarem, dormir com os animais. Talvez eu até deixe alguns dos machos mais... frustrados fazerem o que quiserem com ela."

"Você não ousaria," eu sussurrei, a raiva tremendo em minha voz.

Ele riu. "Experimente."

Meus ombros desabaram em derrota. Pensei nas rejeições de companheiros que eu tinha ouvido falar—dor debilitante, o senso de perda que levava alguns à loucura ou ao suicídio.

Mas tudo o que eu sentia era um vazio oco. Como você pode perder o que nunca realmente teve? O monstro que fingiu ser meu companheiro nunca foi realmente meu.

"Eu ficarei, mas me recuso a ser usada por você, Dorian. Não vou aquecer sua cama enquanto Selene estiver fora."

Ele apertou meu queixo com força. "Nós veremos isso, e não é mais Dorian para você; não somos mais companheiros, lembra? Agora é Alfa, e espero que você não escorregue nisso novamente. O castigo seria... criativo."

Engoli o bile subindo na minha garganta. "Sim... Alfa."

Seu humor mudou abruptamente, a alegria mascarando a crueldade por baixo. "Agora eu preciso que você venha à celebração do baile de acasalamento comigo."

"Você deve ir ao próximo baile com sua luna, Selene; para que precisa de mim lá? Para servir bebidas?" eu protestei.

Seus olhos brilharam com malícia. "Você estará lá, vestida como se ainda importasse. Quero que você assista enquanto eu anuncio para toda a multidão que ela é minha companheira—minha VERDADEIRA companheira. Quero que você me veja beijar seus lábios, sentir seu corpo, talvez até reivindicá-la publicamente, assim como fiz com você. Quero que veja como ela geme quando eu a toco, como ela treme quando eu sussurro em seu ouvido. Ela estará onde você sonhou estar, usará a coroa que você pensou que seria sua, carregará os filhos que você falhou em carregar."

"Você é um monstro," eu sussurrei.

Ele se aproximou, seu hálito quente contra meu ouvido. "E você vai aproveitar cada minuto disso, até eu terminar com você."

Com essa ameaça final entregue, ele saiu da sala.

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Quando minha mãe chegou, o controle apertado que eu mantive na presença de Dorian se desfez. Eu desabei em seus braços, minha voz quebrada e rouca.

"Mãe... o bebê se foi. Meu pequeno se foi para sempre."

Ela me segurou firmemente, me balançando como se eu ainda fosse uma criança. "Minha doce menina, minha preciosa filha... sinto muito."

"Ele estava com ela quando aconteceu." Eu segurei meu estômago, o vazio ali era uma dor física. "Ele estava com ELA enquanto nosso bebê morria dentro de mim. O sangue... havia tanto sangue..."

"Respire, meu amor. Apenas respire." Ela acariciou meu cabelo, sua voz carregada de emoção.

Quando minha respiração finalmente se estabilizou, ela se afastou um pouco, se recompondo antes de sussurrar.

"Eu sei que o Alfa te rejeitou."

"Como você sabe?" Eu perguntei, surpresa. "Eu não contei a ninguém."

Um sorriso triste tocou seus lábios. "Uma mãe consegue perceber. A maneira como você se comporta, o vazio nos seus olhos. Mas Elowen, escute-me—ele nunca foi o melhor para você; ele só iria te machucar cada vez mais. Você merece muito mais do que aquele homem cruel."

As lágrimas vieram novamente, agora incontroláveis. "O bebê se foi. Ele me traiu, e agora o bebê se foi. Eu não consegui salvá-lo, mãe. Tentei buscar ajuda, mas ninguém veio. Ninguém nunca vem."

Ela enxugou minhas lágrimas enquanto as dela caíam. "Shhh, você vai ficar bem. Você é a lobisomem mais forte que eu conheço, e não estou dizendo isso apenas porque você é minha filha, mas porque é verdade. Você suportou o que quebraria outros."

Olhei para ela com os olhos inchados. "Eu não me sinto muito forte, mãe. Eu me sinto vazia... despedaçada."

"Suas lágrimas não te fazem fraca, nem os erros." Ela segurou meu rosto gentilmente. "Eles te fazem real."

A ternura em sua voz me acalmou momentaneamente, antes que as ameaças dele ressurgissem, roubando meu fôlego.

A cor sumiu do meu rosto enquanto eu sussurrava, "Ele te ameaçou. Disse que se eu algum dia deixasse a alcateia, ele faria você sofrer."

Seu rosto endureceu. "Aquele covarde. Usando-me contra você."

Apertei suas mãos firmemente. "Eu não vou deixar ele te machucar."

Seu rosto suavizou com preocupação. "Oh, Elowen, não desperdice sua preocupação comigo. Passei uma vida inteira em correntes. Nada poderia me ferir mais profundamente do que ver minha filha presa neste pesadelo." Seus olhos se encheram de lágrimas enquanto ela apertava minhas mãos. "Eu suportei toda crueldade que essa alcateia poderia infligir, mas vê-lo te quebrar pedaço por pedaço - essa é a única dor que eu não posso suportar. Eu não me importo mais com o que acontece comigo."

Novas lágrimas escorreram.

"Ele quer que eu vá ao baile de acasalamento. Para assistir ele reivindicá-la publicamente. Para me humilhar uma última vez."

Ela enxugou minhas lágrimas com dedos gentis. "Então você mostra a ele que você não pode ser quebrada. Que você é mais do que ele tentou fazer de você."

"Você está certa, mãe," eu disse, minha voz endurecendo. "Eu vou mostrar a ele. Mas não apenas ficando lá enquanto ele exibe ela." Olhei diretamente nos olhos dela. "Eu juro pela Deusa da Lua, mãe, eu vou encontrar uma maneira de tirar você daqui. Nós seremos livres."

Minha mãe deu uma risada amarga. "Livres? A filha de uma escrava e uma escrava da alcateia?"

"Sim. Livres."

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