




Capítulo 7: É bom ver você de novo, Sra. Taylor
Ponto de Vista de Summer
Na manhã seguinte, meu reflexo no espelho do banheiro parecia algo saído de um anúncio sobre os perigos da ressaca. Olheiras profundas sob olhos inchados, pele pálida e um ar geral de alguém que passou a noite chorando no chão em vez de dormir na sua cama ridiculamente cara. Perfeito. Simplesmente perfeito.
As palavras de Victoria de ontem continuavam ecoando na minha cabeça. Cada lembrança parecia um novo tapa na cara.
Joguei água fria no rosto, na esperança de que o choque gelado me acordasse de verdade. Vamos, Summer. Se recomponha. Você é melhor do que isso. A rotina familiar de aplicar corretivo e rímel ajudou a firmar minhas mãos, se não o meu coração. Camada por camada, eu reconstruía minha armadura - base para esconder as marcas das lágrimas, corretivo para as olheiras, rímel para iluminar os olhos apagados por mais uma noite sem dormir.
Deus, quando foi que me tornei essa pessoa? Um ano atrás, eu era a garota de ouro da divisão europeia da Fortune Corp, noiva de Alexander, segura do amor da minha irmã. E agora? Agora eu era o escândalo de Wall Street, escondida no meu apartamento e chorando até dormir. Não. Chega disso.
Meu telefone vibrou justo quando eu estava terminando a maquiagem, me fazendo pular. A foto familiar do contato do meu avô materno, Jonathan Thompson, apareceu na tela, e só de vê-la algo no meu peito doeu. Vovô sempre foi meu porto seguro, a única pessoa que nunca fazia distinção entre Victoria e eu.
"Oi, Vovô," consegui dizer, tentando injetar um pouco de animação na minha voz. Fingir até conseguir, certo? "Já está com saudades de mim?"
"Você é uma boba!" A voz calorosa dele me envolveu como um abraço. "Venha me ver amanhã!"
"Vovô, eu—"
"Não se esqueça!"
Um pequeno, genuíno sorriso surgiu nos meus lábios, apesar de tudo. "Tá bom, tá bom, eu vou, ok?"
---
Na tarde seguinte, o táxi em que eu estava entrou na familiar entrada da casa de tijolos de Vovô no Upper East Side, com uma sacola de compras do Whole Foods no banco da frente. Passei tempo demais debatendo o que trazer – o objetivo da visita era verificar se ele estava se alimentando bem, mas de alguma forma transformei isso em uma espiral de ansiedade de uma hora. Devo pegar couve orgânica ou normal? Ele ainda gosta daqueles shakes de proteína chiques? Ele vai revirar os olhos para o pão sem glúten?
Depois que o motorista parou, a sacola de compras se deslocou levemente no banco de trás, uma caixa do seu chá favorito, Earl Grey, ameaçando cair. Peguei-a por impulso, lembrando de todas as vezes que ele fez chá para nós enquanto me ajudava com a lição de cálculo. Uma coisa tão pequena, mas pensar nisso agora fazia meus olhos arderem.
Parker, o mordomo de longa data de Vovô, abriu a porta antes que eu pudesse tocar a campainha. Seu rosto familiar e digno se iluminou com um sorriso caloroso. "Bem-vinda de volta, Srta. Summer. Por favor, entre."
Eu comecei a caminhar em direção à cozinha com minha sacola de compras, mas Parker pigarreou suavemente. "O Professor Thompson tem uma visita hoje."
"Um convidado?" Franzi a testa. "Mas o Vovô disse que hoje..."
Uma voz profunda e familiar veio do escritório, me parando no meio do caminho. "Os indicadores de mercado eram claros, Professor. A verdadeira questão era se a diretoria os reconheceria a tempo."
Aquela voz. Meu coração deu um salto no peito. Não podia ser.
"Brandon, meu rapaz." A risada calorosa do Vovô ecoou pelo corredor. "Você não visita seu velho professor há séculos. Muito ocupado com Wall Street?"
Brandon. Brandon Stark. Aqui. A sacola de compras de repente parecia muito pesada nos meus braços. Quais eram as chances? Quais eram as malditas chances de ele estar aqui hoje, logo hoje?
"A Summer está aqui?" A voz do Vovô veio do escritório, e percebi que devia ter feito algum som de aflição. "Entre, querida!"
Meus pés me levaram para frente no automático. A porta do escritório parecia se agigantar diante de mim, os painéis de carvalho escondendo a cena que me aguardava do outro lado. Controle-se. Você não está fazendo nada de errado. Esta é a casa do seu avô.
Empurrei a porta, tentando exibir meu melhor sorriso casual. "Oi, Vovô! Trouxe umas compras—"
"Eu te disse para apenas vir." A voz pseudo-séria do Vovô era desmentida pelo calor em seus olhos.
Coloquei a sacola no chão e me aproximei para abraçá-lo, respirando o cheiro familiar de sua colônia e livros antigos. Por um momento, pude fingir que tudo estava normal. Que eu estava apenas visitando meu avô como sempre, não me escondendo de escândalos e fofocas da sociedade.
"Venha aqui," ele disse suavemente. "Deixe-me dar uma boa olhada em você."
Me afastei, convocando meu melhor biquinho brincalhão. "Vovô, senti tanto a sua falta! Você sentiu minha falta?"
"Senti sua falta? Bobagem." Mas sua mão subiu para acariciar minha cabeça gentilmente, como quando eu era pequena. Então seu tom mudou ligeiramente. "Ainda agindo como uma criança. Não vê que tenho um convidado?"
Certo. Ele. Virei-me lentamente, sabendo exatamente o que veria. Brandon Stark estava sentado em uma das poltronas de couro, parecendo cada centímetro o titã de Wall Street em outro terno perfeitamente ajustado. Seus olhos escuros me observavam com a mesma intensidade que eu lembrava do Manhattan Club, como se pudesse ver através de todas as defesas que eu tentava erguer.
"Brandon," a voz do Vovô carregava uma nota que eu não conseguia decifrar. "Deixe-me apresentar minha neta, Summer Taylor."
Eu queria rir da absurdidade de tudo isso. Ah, nós já nos conhecemos, Vovô. Ele me salvou de um assalto, me deu um banho de gelo e depois me pediu em casamento. Sabe, coisas totalmente normais.
"Summer, este é meu ex-aluno, Brandon Stark."
"O que você está fazendo aqui?" As palavras escaparam antes que eu pudesse contê-las.
Um canto da boca de Brandon se levantou naquele meio sorriso irritante. "Srta. Taylor. Bom ver você novamente."
"Ah?" As sobrancelhas do Vovô se ergueram ligeiramente. "Vocês dois se conhecem?"
"Haha," entrei rapidamente, provavelmente um pouco brilhante demais. "Nos conhecemos brevemente. O Sr. Stark me ajudou a sair de um problema, não é, Sr. Stark?"