Read with BonusRead with Bonus

Capítulo 8: Dê a ela o remédio boca-a-boca

Sean POV

A resistência em seus olhos desafiava-me, mexia com algo primal e possessivo que eu não sabia que existia.

Antes que pudesse pensar melhor, coloquei um dos comprimidos na boca e pressionei meus lábios nos dela.

O beijo era para ser funcional – uma maneira de forçá-la a tomar o medicamento que precisava.

Mas no momento em que nossos lábios se tocaram, algo mudou. Seu suspiro de surpresa abriu seus lábios, e de repente eu estava me afogando no sabor dela, na suave quentura de sua boca contra a minha.

Por um instante que parecia se estender para a eternidade, ficamos congelados naquele momento de intimidade inesperada.

Então suas mãos subiram com força contra meu peito, empurrando-me para trás com uma força surpreendente.

O estalo de sua palma contra minha bochecha ecoou no espaço confinado do banheiro.

"Como você ousa?" Sua voz tremia de fúria. "Você decide que devemos nos divorciar e então faz algo assim?"

A ardência de seu tapa não era nada comparada ao fogo em seus olhos. Esta não era a Angela cuidadosamente controlada que eu conhecia há dois anos. Isso era algo completamente diferente – cru e real e de alguma forma mais cativante do que eu queria admitir.

"Você precisava tomar o remédio," eu disse, a desculpa soando fraca até para meus próprios ouvidos.

"Não." Ela recuou, colocando espaço entre nós. "Não finja que isso é sobre minha saúde. Você deixou sua escolha clara. Christina voltou, o acordo está acabando – tudo bem. Mas você não pode brincar comigo assim."

"É isso que você acha que estou fazendo?"

"O que mais você chamaria isso?" Sua risada era amarga. "Me fazendo tomar remédio como uma criança enquanto planeja seu futuro com outra mulher?"

A menção de Christina me causou uma onda inesperada de irritação. "Isso não tem nada a ver com ela."

"Tudo tem a ver com ela!" A voz de Angela aumentou. "A grande Christina Jordan, que salvou sua vida, que tem seu coração, que—"

O toque agudo do meu telefone interrompeu suas palavras. O nome de Christina apareceu na tela.

"Você deveria atender," Angela disse, a luta drenando de sua voz. "Sua alma gêmea está ligando."

Ela passou por mim antes que eu pudesse detê-la, deixando-me sozinho com o eco de suas palavras e o gosto persistente dela em meus lábios.

"Sean?" A voz de Christina veio pelo alto-falante, quente e familiar. "Espero não estar interrompendo nada importante."

Sentei-me atrás da minha mesa, tentando focar na conversa e não na sensação fantasmagórica da boca de Angela contra a minha.

"O que você precisa?"

"Sempre tão direto," ela riu. "Eu queria discutir a potencial parceria entre o Grupo Shaw e a divisão de tecnologia médica da minha família. Talvez durante o almoço?"

O convite era claro em seu tom – seria mais que uma reunião de negócios. Dois anos atrás, eu teria aceitado de bom grado. Agora, algo me segurava.

"Envie a proposta para meu escritório," eu disse, mantendo minha voz profissionalmente neutra. "Podemos revisá-la lá."

"Sean." Sua voz suavizou-se no tom íntimo que ela sempre usava para conseguir o que queria. "Nós dois sabemos que essa conversa seria melhor pessoalmente."

"Tudo bem," finalmente cedi à sugestão de Christina.

Depois de desligar, chamei Angela. "Voltarei logo."

Apenas o silêncio me respondeu.


A sala de jantar privada do The Four Seasons estava tão elegante como sempre, mas meus pensamentos estavam distantes. Christina sentava-se à minha frente, radiante em seu Chanel branco, mas tudo o que eu conseguia pensar era no quão pálida e cansada Angela parecia esta manhã. Eu sabia que deveria terminar nosso casamento conforme planejado, mas a ideia de machucar Angela me incomodava mais do que deveria. Nosso casamento pode ter sido arranjado, mas eu sempre a considerei uma amiga muito boa.

"Sean?" A voz de Christina me trouxe de volta ao presente. "Você parece distraído."

"Nada."

"Por favor, me leve para casa!" Christina sugeriu após o almoço.

Sua mão encontrou minha coxa assim que entramos no carro, depois moveu-se para meu pênis, o toque ousado e familiar. Dois anos atrás, isso teria sido suficiente para despertar desejo. Agora, parecia uma invasão.

"Não," eu disse, mantendo meus olhos na estrada. "É perigoso enquanto dirijo."

Ela riu suavemente, mas algo no meu tom fez com que ela retirasse a mão. "Como a Angela está se sentindo?"

"Melhor."

"Que bom." Ela fez uma pausa. "Quando você vai pedir o divórcio?"

"Sinto muito." Ela acrescentou, "Eu só odeio ver você preso nesse... arranjo. Especialmente agora que estou de volta. Nós dois sabemos que é hora de acabar com isso."

As mesmas palavras que eu havia dito a Angela dias atrás, mas de alguma forma, soavam diferentes vindas dos lábios perfeitamente pintados de Christina.

"A cirurgia da minha avó—"

"É em menos de um mês," ela terminou. "E então não há razão para manter essa farsa. A menos que..." Ela se inclinou para a frente, seu perfume me envolvendo. "A menos que você tenha desenvolvido sentimentos reais por ela?"

"Não seja ridícula." A negação veio automaticamente, mesmo enquanto minha mente voltava ao beijo que havíamos compartilhado horas atrás.

O sorriso de Christina era conhecedor. "Então não há nada nos impedindo de retomar de onde paramos."

Sua mão repousou em meu braço. "Certas coisas são destinadas a acontecer, Sean. Você e eu, somos inevitáveis. Esse desvio com Angela – é só isso. Um desvio."

"Não é tão simples..."

"Claro que é." Sua confiança era absoluta. "Uma vez que a cirurgia da sua avó seja bem-sucedida, você pode acabar com essa farsa. Eu te amo, Sean."

A palavra 'amor' pairou no ar entre nós, de repente fazendo o carro parecer pequeno demais. O peso dela pressionava contra meu peito, inesperado e sufocante.


A cobertura estava quieta quando voltei naquela noite, o silêncio quebrado apenas pelos passos suaves de Sarah, nossa empregada de longa data, enquanto ela se aproximava de mim com óbvia hesitação.

"Sr. Shaw?" Suas mãos torciam nervosamente o avental. "Encontrei algo enquanto limpava o banheiro da Sra. Shaw. Eu... eu não sabia se deveria trazer para o senhor, mas..."

Ela estendeu um pedaço de papel amassado, obviamente retirado do lixo. "Parecia importante, senhor. Como resultados médicos de algum tipo."

Peguei o papel, notando o cabeçalho do New York-Presbyterian. O nome de Angela saltou aos meus olhos, junto com uma data da semana passada.

"Obrigado, Sarah."

Sozinho no meu escritório, alisei o documento rasgado, o nome de Angela no topo chamando minha atenção imediatamente.

Um check-up de rotina?

Não, tinha que haver mais.

Angela não seria tão secreta sobre uma simples febre. A maneira como ela estava agindo ultimamente, recusando medicação, suas mudanças emocionais...

O que mais estava errado com ela?

Previous ChapterNext Chapter